Natal longe da família não precisa ser um problema ou situação triste
Por mais que a ideia central seja a de passar com a família, nem sempre isso é possível e, nesses casos, os amigos e sua rede de apoio entram em cena

ão é difícil relacionar o Natal a uma época de passar com a família. Há uma consciência comum que faça a data ser aconchegante e, em especial na ceia de Natal, um dia de celebrar com a família reunida. Contudo, essa situação “esperada” não é a via de regra e uma galera por aí celebra o dia 24 sem a família – se este for o seu primeiro ano assim, então esse texto foi feito principalmente para você.
Outro senso comum equivocado é o de que celebrar o Natal sem a família é, necessariamente, uma situação triste, depressiva e angustiante, o que não é verdade. Muitos fatores podem fazer uma pessoa deixar de passar a noite de Natal como os pais, desde uma viagem que não queira fazer com os parentes, falta de aceitação da família com as escolhas religiosas, amorosas ou de trabalho da pessoa, brigas que não foram resolvidas, impossibilidade de ir viajar até a casa da família até a falta de sentir confortável e aceito neste meio.
Em nenhuma dessas opções, a decisão de ficar distante é fácil e outras são mais difíceis de serem lidadas do que outras – e sentimos muito caso esse seja o seu caso. Entretanto, não se sentir bem-vindo ou acolhido entre os familiares de sangue não é necessariamente o mesmo que passar o Natal sozinho, ou sem pessoas que te amam. Por outro lado, ainda é difícil conseguir se sentir plenamente em paz e confortável em circunstâncias que não seriam as originais – a força da relação entre “família” e “Natal” consegue ser muito forte.
No caso do estudante de jornalismo Guilherme Castro, mesmo o Natal não sendo comemorado em sua família e de não ter uma tradição forte, o primeiro ano sem conseguir voltar para casa no Maranhão, em São Paulo, o sentimento principal foi o de estranheza por não se sentir pertencente. De lá para cá, ele conta que já passou o Natal na casa de alguns amigos que o convidaram, com as famílias deles, e com a família de onde aluga um quarto em São Paulo, e o sentimento ruim acabou se tornando menos pior e, hoje, sente que é “menos solitário”.
“O primeiro Natal foi estranho, porque eu não conseguia achar normal estar com pessoas que eu mal conhecia comemorando algo que eu considerava muito pouco e sentindo falta de casa. Não participei de nenhum dos processos da ceia ou de organização para o natal, não palpitei em nada, então acabou sendo um grande simulacro”, explica.
Entre quem passa longe da família, é comum que os amigos sejam os primeiros a serem recorridos – cumprindo o papel de segunda família – e são extremamente importantes para garantir que nos sentimos amados e unidos nesta data. Essa relação foi uma das coisas que permitiu que Guilherme se sentisse mais “conformado”, celebrando a data “com quem me convida ainda, isso significa que essas pessoas pensam em mim, gosto de conhecer as famílias, de comungar, ligo para minha família”.
No meu próprio caso, foram os amigos os personagens principais de um Natal onde não celebrei com nenhum familiar de sangue. A família de um amigo próximo, que já era considerado família, me acolheu com festa e, depois da ceia, nos reunimos com outros amigos. A noite toda girou em torno da amizade e me lembro deste Natal em particular com muito carinho, porque foi muito feliz – apesar da imagem de família no Natal ser tão forte.
Nossa rede de apoio, formada pelas pessoas que mais nos amam e apoiam, para além de qualquer familiar, é o que nos reergue, nos dá força e nos acolhe em momentos como esse – acredite, você está sozinho e há pessoas que também te amam e podem tornar o seu Natal mais feliz, mesmo sem a família.
Ah, e esses apoios podem surgir onde menos esperamos, tá? No filme “Uma Mensagem Antes do Natal”, da Netflix, a protagonista Addie (Merrit Patterson) inicia uma amizade improvável com uma senhora que a convida a passar o Natal com ela em Vermont – bem quando não seria possível estar com a família. As surpresas a partir desse acolhimento são diversas e Addie se sente tão acolhida quanto se estivesse com a própria família.
É claro que, na vida real, nem sempre a sensação de pertencimento, uma questão tão latente para Guilherme ao se ver sem a família no Natal, será alcançada com amigos, conhecidos e os familiares deles, mas é muito capaz de atenuar essa sensação. Construir relações tão fortes quanto às familiares com amigos que confiamos é uma questão de sobrevivência e que nos traz muito amor.
Se você for passar o Natal longe da sua família este ano, pelo motivo que for, esperamos que seja um Natal acolhedor, amoroso e muito divertido. <3