Não há uma pessoa no Brasil que não saiba minimamente o que está rolando no BBB22. Está aí um case de sucesso de um programa que estourou a bolha de forma brilhante: está na casa de qualquer brasileiro sem distinção.
O sucesso do programa em nada surpreende: tem romance, competição, briga, traição… Tudo que as pessoas amam acompanhar. O sucesso era lógico. O que me deixa chocada é como lidamos uns com os outros por causa do reality.
Encaramos vidas como uma novela e vilanizamos sem dó. O anti-herói deve ir para o Paredão, sair rechaçado, e ainda assim não estamos contentes. Queremos que ele não feche trabalho, que ele perca seguidores e que pague pelo que fez de forma cruel. Mas o que ele fez? Ele estava dentro de um jogo e cumpriu um papel. Fez coisas erradas, mas quem não faz? Queremos mostrar ao mundo que maldade não compensa e fazemos isso…. Sendo maus.
E a ruindade não para por aí! Tratamo-nos como lixo aqui fora. Não há lugar para discordâncias. Ou somos aliados e torcemos pelos mesmos ou somos inimigos mortais e a única via possível é a briga, regada a xingamentos e ameaças.
Das mulheres é exigido passividade e recato. Dos LGBTs, graça, carisma, educação e polimento. Mas também estratégia! Tem que saber jogar, mas não muito, pra não virar aproveitamento.
As pessoas resumem o BBB a uma experiência social que mostra um pouco, de forma controlada, como é o mundo. Mas, na minha humilde opinião, é a torcida que deixa claro como o mundo está: valores invertidos, falta de respeito reinando, uma divisão sem fim e uma falta de escuta ainda maior.
Tenho a tendência positiva de sempre achar que o mundo está melhorando, indo adiante, evoluindo. A cada edição do reality minha esperança se esvai mais um pouco e penso que regredimos a cada dia.
Quem são os heróis hoje e por que eles nos representam? Se você não consegue sentir orgulho da resposta, talvez esteja indo para o caminho errado…