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O quão confortável você é com sua própria imagem, sem filtros ou edições?

Na Geração Z, a exposição é constante, com filtros diários e cirurgias plásticas mais acessíveis. Mas como você se sente sobre a sua imagem?

Por Mavi Faria Atualizado em 29 out 2024, 18h04 - Publicado em 6 dez 2023, 18h23

Você está confortável com a sua própria imagem? Fica feliz ao se olhar no espelho? Se sente bem ao sair de casa ou ao postar uma foto sem maquiagem? Se você respondeu ‘não’ para essas perguntas ou teve dificuldade para responder, você não está sozinho nessa. Todos sentimos na pele a dificuldade de alcançar o amor próprio e a autoaceitação. Mas esses sentimentos surgem de nós mesmos ou vêm de fora? 

Na estreia da série do Globoplay “Angélica: 50 & Tanto”, Sandy confessou para Angélica, Fernanda Lima e Maísa que não consegue se achar bonita sem maquiagem. Postar uma foto sem filtro, sair de casa sem maquiagem ou até mesmo ficar em casa com a pele natural, para a cantora, é uma realidade completamente inviável. “Para mim, é muito normal, a minha cara é aquela [na mídia], a minha cara é essa que as pessoas veem pronta. Eu estou desacostumada com a minha cara normal, lavada”, conta. 

O relato da cantora, embora possa soar triste e até chocante para alguns, é compreensível. Sandy cresceu com a mídia, sendo capa de revistas – como aqui da CH! – e estrelando campanhas publicitárias desde muito jovem. Isso significa que, ainda criança, ela foi acostumada a se arrumar, a estar bonita e a se preparar para ser vista pelos outros. A maquiagem, ao longo dos anos, se tornou um item essencial, e o rosto natural, quase um desconhecido, na maior parte do tempo. 

O caso de Sandy não é de forma alguma uma exceção, e se consagrou em um momento em que internet e redes sociais ainda eram debates do futuro – ou nem debates eram. O que nos deixa pensando: se a Sandy teve consequências tão profundas em um período ainda sem redes, como a nossa geração, tão exposta, está lidando com sua própria imagem?

A era dos filtros e das cirurgias plásticas

Com o celular na palma das mãos, a exposição hoje é constante. Temos a facilidade de tirar fotos e postar nas redes sociais o tempo todo. Com isso, a câmera até se torna “nosso terceiro olho”, e as selfies, uma forma de averiguar com frequência a nossa aparência. A maquiagem, que hoje se assemelha à Sandy como o rosto verdadeiro dela, é substituída no nosso cotidiano pelos filtros presentes em aplicativos de edição e nas redes sociais. Com eles, é possível mudar completamente seu rosto, desde a cor dos olhos até quão reto e fino é o seu nariz. 

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Quer um exemplo? Recentemente, discutimos aqui na CAPRICHO sobre o filtro ‘Bold Glamour, que viralizou no TikTok. Feito com inteligência artificial, ele simula uma maquiagem de festa de forma muito realista e com uma alta tecnologia que não o deixa sair do lugar durante o movimento.

Padrões como esse, que fogem muito do natural, impulsionam pessoas, cada vez mais jovens, a buscarem maneiras de terem essa aparência de forma definitiva. Segundo o cirurgião plástico Érico Brasil, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, em entrevista ao VivaBem, a maioria dos pacientes que o procuram para realizar rinoplastia, por exemplo, usam os filtros diariamente nas redes para disfarçarem o que é considerado “imperfeição”. 

Como criamos um ciclo de comparação sem fim…

Além de usarmos como referência versões nossas editadas e manipuladas pela tecnologia, o nosso feed ainda está cheio de imagens de modelos, influenciadores e famosos com peles, corpos e vidas “perfeitas” (ou pelo menos, parecem ser). É muito fácil cair na armadilha da comparação, né?

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Uma pesquisa da Dove Pela Autoestima, por exemplo, de 2023, revelou que 69% dos especialistas acreditam que conteúdos sobre corpos perfeitos e irreais podem trazer consequências físicas graves, como distúrbios alimentares e autoflagelação. Então por que continuamos? Somos muito cruéis com nós mesmos ao cultivarmos um ciclo vicioso que só degrada mais nossa autopercepção.

Sem perceber, ou talvez até percebendo, estamos criando e reforçando um ambiente que faça com que todas as pessoas se sintam pressionadas a serem de uma forma ou de parecerem de um jeito. E, na verdade, o que todos nós mais queremos é sermos livres e nos desprender dessa ilusão digital.

Sim, sabemos que é muito, muito mais fácil falar do que agir. Mas dar pequenos passos para reconhecer qual é o seu rosto e começar a aceitá-lo faz toda a diferença, viu?

 

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