São mais de 2.600.000 de casos confirmados de COVID-19 no mundo, sendo que mais de 170.000 pessoas já vieram a óbito por causa da doença provocada pelo novo coronavírus. Países como Alemanha e Reino Unido estão na luta contra o relógio, na fase 2 de testes no processo de descoberta de uma vacina contra o vírus, que é quando a droga passa a ser aplicada em humanos não infectados. Uma organização independente dos Estados Unidos, contudo, quer acelerar esse processo recrutando voluntários que topem ser contaminados com o vírus para então receberem uma droga combatente. Com o projeto 1 Day Sooner (algo como “1 Dia Mais Cedo”), o grupo pretende acelerar a fase 3 de testes, uma das mais demoradas, e descobrir uma “cura” em três meses – normalmente, os testes para descobrir uma vacina duram, no mínimo, seis. Com isso, eles acreditam que 1,5 milhão de vidas possam ser salvas.
Se você acha que é loucura pegar propositalmente coronavírus por um bem maior, saiba que, até o momento, mais de duas mil pessoas, de mais de 50 países, já se candidataram para participar da iniciativa, caso ela realmente aconteça. E o número não para de crescer! Apesar de rara, a decisão do projeto se deu após um artigo publicado pelo epidemiologista Marc Lipsitch, da Universidade Harvard, em que ele defende esse tipo de teste dada a atual circunstância do mundo.
A fase 3 é responsável por provar a eficácia da vacina, ou seja, sua imunidade. “Pode passar muito tempo e ser preciso um grande número de voluntários até que um teste de fase 3 produza resultados significativos”, disse Josh Morrison, diretor da ONG Waitlist Zero, que divulgou o manifesto do 1 Day Sooner. Segundo o americano, testar uma possível droga em pessoas já infectadas produz resultados mais significativos em menor tempo do que testá-la em pessoas saudáveis.
Para se candidatar ao projeto, basta acessar o site e preencher um formulário, que pode ser usado em um futuro próximo. Para o epidemiologista Marc Lipsitch, a pandemia justifica por si só esse molde raro de testagem científica. “Suponha que uma a cada 2.000 pessoas no mundo sejam infectadas com COVID-19 todo dia. Caso uma vacina evite que apenas 0,5% dessas pessoas morram, antecipar a produção de uma vacina em um único dia salvaria 19.500 vidas”, escreveu Josh Morrison, um dos 11 cientistas por trás do projeto, no manifesto que defende a iniciativa.
Você teria coragem?