A flexibilização da quarentena em São Paulo, epicentro do coronavírus no Brasil, começou no dia 6 de julho. Contudo, a notícia já fez com que muitos comerciantes se sentissem prontos para abrir seus estabelecimentos antes. E foi o que eles fizeram. Além disso, há aqueles que defendem, com certa razão, infelizmente, que o isolamento por causa da pandemia de COVID-19 no país nem aconteceu de verdade. Fato é que o Brasil já passou a marca de 2.400.000 de casos confirmados e 87.000 mortes. A flexibilização da quarentena é uma tentativa de salvar a economia e o bolso dos cidadãos, que sofrem com a “folga” temporária e, em casos mais extremos, com o desemprego.
A Organização Mundial da Saúde está preocupada que esse cenário possa fazer com que as pessoas entendam que o coronavírus não é mais uma ameaça iminente – o que é uma ilusão. Em alguns países onde a quarentena já havia chegado ao fim ou estava às vias de, como Alemanha e Inglaterra, cidades precisaram ser novamente isoladas, pois o fim do distanciamento levou à explosão de novos casos. A flexibilização também pode levar ao descaso com relação às medidas de proteção, como o uso de máscara, item que muitos egoístas ainda se recusam a utilizar. “Com 10 milhões de casos agora e meio milhão de mortes, a não ser que nós enfrentemos o problema que já identificamos na OMS, a falta de união nacional e a falta de solidariedade global e o mundo dividido que estão ajudando o vírus a se espalhar… O pior ainda está por vir”, declarou Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor da OMS, no dia 30 de junho, em comunicado oficial.
Tedros diz entender o desejo de que a pandemia termine o mais rápido possível, e que ela está sendo prejudicial para a economia, com pessoas ficando sem dinheiro por causa da quarentena, que provocou a suspensão temporária de comércios que não são de primeira necessidade e empregos. Todavia, ele lamenta informar que estamos longe do fim. “Com esse ambiente e com essas condições, nós tememos pelo pior. (…) Apesar de muitos países já terem feito progresso, globalmente a pandemia está, na verdade, acelerando”, comentou.
O diretor da OMS destacou o bom trabalho feito pelos governos da Alemanha, do Japão e da Coreia do Sul, e criticou como as coisas estão sendo conduzidas nos Estados Unidos e no Brasil, os dois países com maior número de infectados e mortes. O estado da Flórida, por exemplo, havia autorizado a flexibilização e muitos comércios já haviam retomado seus serviços quando um novo surto do vírus obrigou que o governo decretasse de novo o isolamento, agora já aliviado novamente. O mesmo aconteceu no Texas. No Brasil, recentemente, o Distrito Federal decretou estado de emergência após a flexibilização.
Vale lembrar que são cinco os passos do processo de reabertura: a fase 1, vermelha, que representa alerta máximo; a fase 2, laranja, que representa uma situação controlada; a fase 3, amarela, que autoriza a flexibilização; a fase 4, verde, que sinaliza a abertura parcial; e a fase 5, azul, que significa que as coisas estão de volta à normalidade. Nesta segunda-feira (27/7), Tedros Adhanom Ghebreyesus fez um novo comunicado dizendo que “é a sexta vez que uma emergência de saúde global é declarada pelo Regulamento Sanitário Internacional, mas essa é facilmente a mais grave”. Novos levantamentos sinalizam que a pandemia avançou em 37 países após a reabertura dos comércios e restaurantes, e a flexibilização da quarentena.