o contrário das garotas que costumam iniciar suas idas ao ginecologista logo quando entram na puberdade, a maioria dos garotos nem seus pais veem a necessidade de um acompanhamento médico específico, além do pediatra ou clínico geral, na adolescência. Um levantamento realizado pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) revelou que meninas vão 18 vezes mais ao ginecologista que meninos ao urologista. Sim, ainda existe a ideia que os homens só precisam ir ao urologista quando ficam mais velhos — mas não é bem assim, viu?
Daniel Suslik Zybersztej, coordenador do Departamento de Urologia do Adolescente da Sociedade Brasileira de Urologia, vê essas ideias como um aspecto cultural da sociedade e alerta para seus riscos. “Desde jovens, as meninas acabam criando um relacionamento de longo prazo com seus médicos. Em muitos casos, a ginecologista da adolescência é a mesma que vai fazer o parto dela na vida adulta. Já os garotos ficam sem um olhar médico durante essa fase tão importante da vida”, diz o especialista em entrevista à CAPRICHO.
Diante desse cenário que Daniel idealizou a campanha #VemProUro, da a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), para incentivar cuidados com a saúde entre meninos e adolescentes de 12 a 17 anos. Desde 2018, todos os anos a entidade escolhe uma das grandes questões que afetam a faixa etária para dar luz e trazer para o debate, sempre incentivando a promoção de saúde e orientação aos jovens.
O que é a Urologia?
Urologia é uma especialidade médica voltada para o estudo de doenças do trato reprodutivo e do trato urinário. Apesar de ser considerado o “médico do homem”, por ter a vocação para cuidar da saúde masculina, o urologista também atende e faz cirurgias em mulheres. “O urologista que vai cuidar da mulher que tem pedra nos rins, por exemplo”, explica o médico.
O que faz o urologista?
Além da parte técnica e biológica da especialidade, Daniel ressalta a importância da urologia como um espaço de informação e aconselhamento para jovens. “É importante que os meninos criem um vínculo com o médico para que eles se sintam à vontade para fazer questionamentos que muitas vezes não perguntariam para os pais”, diz. É também um forma de proteger da desinformação na internet sobre assuntos relacionados à puberdade, ao sexo e às doenças sexualmente transmissíveis.
Uma pesquisa da Escola de Enfermagem da UFMG apontou que estudantes de 13 a 17 anos não se vacinam contra o HPV por desinformação. Outra pesquisa da Agência Einsten, com base nos dados do Ministério da Saúde, mostrou que meninos de até 14 anos são os que menos se vacinam contra o HPV. Isso é muito preocupante.
A imunização previne, além do câncer de colo de útero, o câncer de pênis e ainda os cânceres de ânus, garganta e boca, que podem acometer pessoas de ambos os sexos. Jovens entre 9 e 14 anos podem tomar a vacina de HPV de graça no SUS. E como noticiamos na CAPRICHO nesta semana, agora só necessita de uma dose única para ficar protegido(a)!
Daniel dá mais um exemplo da importância de como ter o acompanhamento do urologista pode ajudar na prevenção de problemas mais para frente. “A varicocele (dilatação das veias nos testículos), uma doença indolor e que raramente apresenta sintomas, é responsável por muitos casos de infertilidade masculina na vida adulta. Mas ela pode ser identificada, muitas vezes, na adolescência”, diz o médico, ressaltando a importância de uma avaliação do urologia nesses casos.
O urologista ressalta que a adolescência é uma fase em que moldamos muitos comportamentos que depois vão persistir e se manter na vida adulta. “Por isso é tão importante que tanto meninas como meninos entrem em contato com a promoção da saúde e prevenção de doenças desde cedo. Isso vai ter uma repercussão muito positiva no futuro”, garante o profissional.
Combinado, galera? Cuidem-se!