Nesta segunda-feira, 21, é celebrado o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa. Talvez você não escute falar com tanta frequência sobre a data, porém, mais do que nunca, ela precisa ser lembrada.
Em 2017, o Brasil registrou, de acordo com o Ministério dos Direitos Humanos, uma denúncia de intolerância religiosa a casa 15 horas. Isso significa que, mais de uma vez por dia, algum templo foi violado e/ou alguma pessoa se transformou em uma vítima da sociedade por conta de sua crença.
Em 2018, não foi diferente. Os números continuaram estagnados e em alguns estados, como no Rio de Janeiro, subiram. Religiões afro-brasileiras, como o Candomblé e a Umbanda, ainda são as que mais sofrem ataques. É pertinente dizer que, nesse caso, a intolerância caminha lado ao lado com o racismo.
A Wicca, por muitos ligados à feitiçaria, também é um constante alvo de ataques. Mas até mesmo as religiões vistas como tradicionais, como o cristianismo e o catolicismo, sofrem ataques: igrejas são invadidas, fiéis são violentados e símbolos religiosos são violados.
A religião e até mesmo Deus foram usados como justificativas para inúmeras guerras ao longo do tempo. “À mando de Deus”, dizem muitos por aí. Muitos assassinos também usam Deus como desculpa. Em 1980, por exemplo, John Lennon foi morto na porta do edifício em que morava em Nova York por um cara obcecado por ele que recebeu um chamado do céu. Hoje, Mark David Chapman, o homem que matou o beatle, diz que sua missão “é falar de Jesus”.
Talvez você não saiba, mas, oficialmente, o Brasil é considerado um país laico há cerca de 120 anos, quando o Decreto nº 119-A, de 07/01/1890, escrito por Ruy Barbosa, foi aprovado. Na prática, contudo, o laicismo do Estado é questionável não só pela forte presença da Igreja nas Assembleias e no Congresso, mas também pelas denúncias diárias de crimes de intolerância religiosa.
Apesar de não estar diretamente ligado a uma violência material e/ou física, o ato de impor uma religião pode ser considerado uma forma de intolerância a tudo aquilo que é diferente e/ou que você não considera ser o correto. Veja bem, não estamos falando de pregações de paz, como as organizadas pelas Testemunhas de Jeová, por exemplo. Tais pregações fazem parte da crença e não são impostas caso você não se abra para a doutrinação. Contudo, quando alguém que é visto como autoridade comanda uma nação toda, marcada pela pluralidade, levando em consideração os ensinamentos de sua religião e anulando qualquer outro tipo de ponto de vista ou viés religioso, isso se torna uma violência: violência contra a liberdade de expressão, contra a cultura e contra a fé das outras pessoas.
Independentemente da sua crença, que o Deus que está acima de todos celebre o amor, a tolerância e a pluralidade de vozes, e nunca seja usado para justificar atos de ódio, intolerância e segregação realizados00 por seres humanos.