Sex Education: o que deu para aprender com a 2ª temporada da série?

A produção original Netflix continua quebrando tabus com personagens e situações significativas

Por Anny Caroline Guerrera Atualizado em 6 fev 2020, 15h00 - Publicado em 6 fev 2020, 14h00

Mais uma vez, Sex Education surpreendeu e trouxe episódios repletos de assuntos extremamente necessários. A 2ª temporada da série ensinou, de forma muito criativa e delicada, como lidar com algumas situações que ainda são tratadas como tabus na sociedade e quais são as consequências da falta de informação sobre esses temas. Por isso, a CAPRICHO separou 4 lições que aprendemos com a temporada. (Fica aqui o nosso aviso de spoilers, hein?)

Netflix/Divulgação

1. É importante falar sobre sexo com adolescentes
O primeiro episódio já traz uma grande questão à tona: como a falta de informação sobre doenças sexualmente transmissíveis pode causar histeria coletiva em um determinado ambiente. Ao chegar no primeiro dia de aula, Otis (Asa Butterfield) se vê no cenário em que não só jovens, como também adultos, estão desesperados com um suposto surto de clamídia na escola. Acontece que as pessoas estão usando máscaras, como se fosse uma doença transmitida pelo ar quando, na verdade, é transmitida por relações sexuais.

É aí que entra nossa querida Jean (Gillian Anderson). A mãe de Otis participa de uma reunião escolar para discutir os recentes acontecimentos relacionados à clamídia e reafirma como é extremamente essencial que os adolescentes tenham entendimento sobre doenças sexualmente transmissíveis e como tratá-las corretamente. “A falta de informação acerca da doença que é extremamente problemática. Ela se mistura com vergonha e incompreensão”, diz Jean antes de sugerir uma nova grade de educação sexual para escola em que as conversas com jovens sejam baseadas em três pilares: confiança, diálogo e transparência.

No decorrer da temporada, Jean se torna uma espécie de conselheira para os alunos e até para alguns adultos. A terapeuta sexual tem conversas sobre os mais variados temas, indo de fetiches até sexualidade. Um dos diálogos mais importantes é com uma estudante que afirma estar sofrendo pressão pois não tem vontade alguma de transar, ela quer se apaixonar, mas pensa que está quebrada por não ter qualquer conexão com sexo. A jovem pensa nisso como se fosse um defeito.

“Sexo apenas não é interessante para algumas pessoas. Algumas pessoas assexuais também querem relacionamentos românticos, mas sem o sexo. E outros não querem nenhum dos dois. A sexualidade é fluida. Sexo não nos completa. Sendo assim, como você poderia ter algum defeito?”, afirma Jean para a adolescente.

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2. A importância de denunciar assédio sexual
A história de Aimee (Aimee Lou Wood) na segunda temporada é marcada por momentos confusos, tristes e apavorantes de uma adolescente que sofreu assédio sexual. A personagem está indo para a escola, de ônibus, quando um dos passageiros se masturba e ejacula na perna dela. É uma cena desesperadora. Aimee pede por ajuda e é ignorada pelas outras pessoas no transporte.

Ao contar o que aconteceu para Maeve (Emma Mackey), Aimes parece estar em um estado de negação, afirmando que está bem, mas a amiga insiste em ir para a delegacia reportar o caso. Quando as duas conversam com os policiais, a personagem segue afirmando que não quer desperdiçar o tempo deles e se recusa a ligar para sua mãe e contar o ocorrido. É aí que Maeve incentiva Aimee a dar mais detalhes sobre a situação para que o homem não faça isso com outras mulheres.

Maeve e Aimee conversando com a polícia na segunda temporada de Sex Education Reprodução/Reprodução

Apesar de conseguir prestar o depoimento, as consequências do assédio seguem por toda a temporada. Aimee não consegue mais ser tocada por seu namorado, não consegue pegar o ônibus novamente, passa a usar roupas diferentes e andar para todos os seus destinos. Não importa o quão longe seja, a personagem prefere andar do que pegar o ônibus. Tudo para se sentir um pouco mais segura.

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Uma das cenas mais importantes da segunda temporada é quando Aimee divide todo o medo e insegurança que vem sentindo com outras meninas de sua classe e cada uma delas revela um situação em que se sentiram da mesma forma. As adolescentes tem uma conversa muito relevante sobre como é injusto que mulheres mudem seus hábitos, caminhos e ambientes por medo de que um homem vá fazer algo contra elas.A cena final do episódio define bem o termo de união feminina, já que o grupo se reúne para pegar o ônibus com Aimee, mostrando que ela não está sozinha.

A cena do ônibus foi um dos momentos mais marcantes da segunda temporada. Reprodução/Netflix

3. Cuidar de sua saúde mental é uma prioridade
Desde a primeira parte da série, Jackson (Kedar Williams-Stirling) vem lidando com a pressão de sua mãe em relação ao esporte. O estudante é um ótimo nadador, mas sempre precisa se esforçar mais e mais, com incansáveis rotinas de treinos. Até que ele resolve colocar sua mão em baixo de um grande peso do equipamento de academia para que se machuque e possa dar uma pausa no esporte. O personagem machuca a si mesmo para encontrar uma escapatória. Por um tempo, ele consegue evitar conversar com suas mães sobre não querer mais nadar e se encontra em uma nova área: o teatro.

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via GIPHY

Jackson é escolhido para interpretar Romeu, de Romeu e Julieta, na peça da escola e guarda esse segredo de sua família, mas não por muito tempo. Quando sua lesão melhora, o jovem precisa encarar seus treinos novamente e quando está prestes a se machucar novamente para evitar a pressão, Viv (Chinenye Ezeudu) o encontra e faz com que a verdade venha à tona. Preocupada com o amigo, ela resolve contar para família de Jackson que ele está machucando a si mesmo e que precisa de ajuda profissional.

No sétimo episódio, Jackson tem uma conversa muito sincera com uma de suas mães e, finalmente, confessa que não quer mais nadar, porque não é algo que o faça feliz e isso estava afetando sua saúde mental em um ponto extremo e perigoso. “Você precisa me deixar descobrir sozinho quem sou e o que eu gosto de fazer“, diz o personagem para sua mãe.

4. Masturbação não é um tabu!
Uma das conversas mais importantes que Jean tem em seu tempo como conselheira da escola é com Maureen (Samantha Spiro), esposa do diretor e mãe de Adam (Connor Swindells). A mulher procura a terapeuta para desabafar sobre seu relacionamento e revela que está sem transar há 6 anos. Jean tenta dar dicas para que o casal volte a ter relações sexuais, mas as investidas de Maureen são descartadas pelo diretor sem hesitação: “Não temos mais 23 anos”, diz o pai de Adam.

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Então, Jean presenteia a mulher com um vibrador. Isso faz com que ela comece a recuperar sua autoestima e tome decisão de pedir o divórcio. Afinal, Maureen não estava mais feliz em seu casamento. É muito interessante ver as novas descobertas e a mulher que ela vai se tornando no decorrer dos episódios. Ela vai se libertando e se conhecendo cada vez e a amizade com Jean é um toque a mais que faz tudo ficar ainda mais divertido!

Esperamos continuar vendo cada vez mais lições em uma próxima temporada da série! <3

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