Talvez você não perceba, mas sua infância impactou sua saúde mental hoje

Estudo recente mostrou que traumas na infância estão fortemente ligado a problemas de saúde mental em adolescentes brasileiros

Por Juliana Morales Atualizado em 12 mar 2025, 20h07 - Publicado em 12 mar 2025, 18h00
M

esmo que você já esteja na adolescência, e pareça que sua infância está ficando cada vez mais distante, saiba que algumas experiências difíceis e traumáticas vividas naquela época podem estar impactando sua saúde mental hoje – e talvez você nem tenha consciência disso.

Um estudo inédito recente, desenvolvido por pesquisadores do Reino Unido e do Brasil, apontou que a exposição a traumas na infância tem uma relação muito forte com o desenvolvimento de transtornos psiquiátricos em adolescentes que vivem em países de baixa e média renda, como o nosso.

Os dados são de uma pesquisa com a Coorte de Nascimentos de Pelotas de 2004, que acompanhou mais de 4.000 crianças em Pelotas, no Rio Grande do Sul, desde o nascimento até os 18 anos. Os resultados mostraram que, até os 18 anos, 81% dos adolescentes haviam sido expostos a alguma forma de trauma, como presenciar um crime violento, abuso ou negligência.

Continua após a publicidade

Segundo o estudo, “quanto maior o número de diferentes tipos de traumas vivenciados, maiores eram as chances de os adolescentes desenvolverem problemas de saúde mental, especialmente transtornos de ansiedade, humor e conduta”.

E por que isso acontece bastante em países de baixa e média renda?

Já falamos aqui na CAPRICHO que, apesar da nossa galera compartilhar muitas experiências e sentimentos em comum, definitivamente, a adolescência não é a mesma para todo mundo – e isso tem muita relação com a realidade socioeconômica na qual o jovem está inserido e a realidade que ele vive.  nós precisamos levar isso em consideração. O contexto impacta todas as experiências.

Mesmo que nessa fase seja tão importante que estejamos abertos e tenhamos oportunidades de descobertas, novidades e crescimento, nem todo mundo tem essa liberdade. Tem uma galera, que mesmo na adolescência, tem que assumir responsabilidades gigantescas, não tem acesso à educação e segurança, além de passarem por coisas, que adolescentes, tecnicamente, não deveriam passar. 

Continua após a publicidade

Mas como lidar com os traumas?

Michelle Sampaio, psicóloga especialista em sexualidade humana, falou sobre como lidar com o trauma em um texto anterior da CAPRICHO. Ela ressaltou que cada pessoa tem o seu processo para lidar com uma situação no passado que deixou feridas abertas. “Superar um trauma não significa esquecê-lo”, esclarece. “Lembrar faz parte, afinal temos memórias, quando você supera quer dizer que aquilo não te paralisa mais ou não traz uma forte angústia como antes”, completa.

Para isso, não existe uma regra ou um passo a passo, mas há algumas ferramentas e estratégias, inclusive a arte. Aimee, personagem de Sex Education que foi vítima de abuso sexual, criou o “diário de cura”, para registrar o seu processo. “O autoconhecimento pode ser uma forma de lembrar outros momentos da vida em que superou momentos difíceis e ver o que você fez e pode usar novamente para passar por outro trauma”, diz a psicóloga. 

Leia o texto completo aqui de como a personagem ensina a ressignificar um trauma à sua maneira e como você pode usar de inspiração nas redes sociais.

Publicidade