A legalização do aborto ainda é um assunto polêmico e delicado demais para ser discutido em poucos caracteres. Opiniões e crenças constantemente entram em conflito quando o debate começa, e o tema acaba ficando dividido entre quem concorda que a prática deve ser descriminalizada e quem não concorda. No Brasil, abortos só são autorizados quando a vida da mãe está em risco, quando o feto é anencéfalo ou quando a gravidez resulta de estupro.
Em alguns outros países, no entanto, as coisas são diferentes. O Instituto Guttmacher divulgou um estudo sobre saúde e direitos reprodutivos com dados de todo o mundo, apontando que, em países em que a interrupção da gravidez foi legalizada, os números de aborto diminuíram e os procedimentos realizados se tornaram mais seguros.
A pesquisa reúne informações de mulheres em idade reprodutiva, levando em conta que o auge da fertilidade feminina é dos 17 aos 35 anos – mas vale lembrar que a menina tem chances de engravidar desde a primeira menstruação. De acordo com o relatório, a América do Norte e a Europa têm os menores índices. Nos últimos 25 anos, os países mais ricos passaram de 46 para 27 abortos a cada mil mulheres em idade reprodutiva. Só na América do Norte foram, em média, 17 casos. Já nos países em desenvolvimento, como o Brasil, a taxa caiu de 39 para 36 a cada mil mulheres. Os piores índices ficaram para a América Latina e a região do Caribe, com 44 abortos a cada mil mulheres.
Os países com os maiores números de abortos são os que têm a prática proibida por lei. Isso mostra que criminalizar a prática não faz com que ela deixe de acontecer. Segundo a Organização das Nações Unidas, mais de 25 milhões de abortos foram realizados de maneira insegura no mundo entre 2010 e 2014. O procedimento recomendado envolve um profissional treinado e um método recomendado pela Organização Mundial da Saúde. Mas, em regiões que possuem leis mais severas em relação ao aborto, muitas mulheres morrem em tentativas desesperadas de interromper a gravidez.
Em entrevista ao jornal O GLOBO, a vice-presidente de pesquisas internacionais do Instituto, Susheela Singh, afirma que proibir o aborto é um risco a saúde pública. “Esses países fazem subir a possibilidade de que os abortos sejam feitos de forma arriscada, porque eles forçam as mulheres a procurarem clínicas clandestinas”, diz.
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