Tereza de Benguela, a quilombola símbolo de luta para as mulheres negras

Líder de quilombo, lutava por direitos já no século XVIII - e é homenageada no Brasil sempre em 25 de julho ✊

Por Bruna Nunes 25 jul 2022, 17h11
Montagem de três fotos do retrato desenhado de Teresa de Benguela
Tereza é um símbolo de resistência e força histórica para as mulheres negras. CAPRICHO/Reprodução


Você sabia que o mês de julho é considerado “o mês das Pretas” e que, hoje, dia 25 de julho,
é celebrado um dos dias mais importantes para as mulheres negras não só no Brasil, mas em todo o mundo?

O Dia Internacional da Mulher Negra Latina e Caribenha é um marco de celebração do primeiro encontro das mulheres afro-latino americanas e caribenhas, que aconteceu em 1992 e foi um marco para a luta feminista. Lembrá-lo serve para dar visibilidade à luta contra a opressão de gênero e raça – e garantir um futuro melhor para meninas e mulheres.

Segundo dados do Atlas da Violência 2021, realizado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), só em 2019, as mulheres negras representaram 66% do total de mulheres mortas no país, com uma taxa de mortalidade por 100 mil habitantes de 4,1, enquanto a taxa entre mulheres não negras foi de 2,5. Ou seja, ainda hoje, as meninas e mulheres negras sofrem muito mais violência do que as mulheres brancas no país. E isso é muito grave.

Uma informação interessante é que, aqui no Brasil, nós também comemoramos neste mesmo dia o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra. Essa data é mega importante, pois é um símbolo da luta contra o racismo e a desigualdade que atinge principalmente as mulheres que fazem parte dessa população.

Continua após a publicidade

Mas, para celebrar, hoje vamos te contar quem foi Tereza de Benguela, uma líder de quilombo, que já no século XVIII, lutava pelos seus, e não à toa, recebeu esta homenagem para que jamais fosse esquecida. 

Tereza tem sua origem de nascimento desconhecida, mas sabe-se que sua vida foi aqui no Brasil. Ela era casada com José Piolho, o chefe do Quilombo do Quariterê, o maior da região do Mato Grosso (atualmente, esse é o lugar da fronteira com a Bolívia). Lá, viviam aproximadamente 100 pessoas, negras e indígenas.

Piolho acabou assassinado ao lutar pela sobrevivência das pessoas da região e deixou a liderança nas mãos de sua mulher, Tereza, para que a luta pela liberdade continuasse acontecendo. Nessa fase de sua vida, ela tornou-se a “Rainha Negra do Pantanal” e fez história, pois o Quariterê se tornou uma grande comunidade e resistiu por 20 anos.

Continua após a publicidade

Tereza deixou seu legado e fez jus ao título de “rainha”. Com seu espírito de liderança, conseguiu fazer com que os residentes do local sobrevivessem do cuidado com a terra. Na época, cultivavam alimentos como milho, feijão, mandioca e banana. Ela, líder do grupo, também saía em missões para vender ou trocar os alimentos por objetos de valor que pudessem ajudá-los. 

Em 1770, os livros de história contam que o Quilombo desapareceu no governo de Luís Pinto de Souza Coutinho. Não sabemos ao certo a data e o motivo do falecimento dessa guerreira. Mas há quem acredite que, para fugir da escravidão, ela cometeu suicídio; mas também há a versão de que ela foi realmente assassinada. 

+ Nós sabemos que o mundo é complexo de entender, ainda mais em ano eleitoral. Vem com a gentno CH na Eleição.

Continua após a publicidade

Durante muitos anos, a história dessa heroína negra não foi descoberta e estudada, mas com a força que o movimento negro vem ganhando nos últimos anos – ainda bem -, sua trajetória foi reconhecida e merece ser contada, mostrando a devida importância que tem.

Em 2014, a Lei 12.987 registrou o dia 25 de Julho como o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra, como uma maneira de homenagear essa mulher forte, que faz parte da história nacional e merece o devido reconhecimento.

Uma história que precisa ser lembrada e contada <3

Publicidade