Nesta terça-feira, 8, o jornal O Globo obteve com exclusividade o depoimento de uma nova testemunha do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, que aconteceu no dia 14 de março. Segundo a reportagem, o homem afirmou à polícia que o vereador Marcello Siciliano, do PHS, e o ex-policial militar Orlando Oliveira de Araújo queriam a morte de Marielle.
De acordo com o depoimento, a testemunha disse que foi obrigada a trabalhar como segurança de Orlando Oliveira de Araújo, que está preso acusado de chefiar uma milícia em Curicica, e, por isso, presenciou encontros do ex-PM com o vereador. O homem revelou datas, horários e locais de reuniões dos suspeitos e, ainda, detalhes de como, segundo ele, a execução de Marielle foi planejada.
A testemunha também disse que o motivo do crime teria sido o avanço do trabalho de políticas sociais da vereadora em comunidades da Zona Oeste do Rio, que seriam áreas de interesse da milícia. Segundo ele, o planejamento do assassinato de Marielle começou em junho de 2017: “Eu estava numa mesa, a uma distância de pouco mais de um metro dos dois. Eles estavam sentados numa mesa ao lado. O vereador falou alto ‘Tem que ver a situação da Marielle. A mulher está me atrapalhando’. Depois, olhando para o ex-PM, disse ‘Precisamos resolver isso logo’”.
Ainda de acordo com a testemunha, o ex-PM era uma espécie de ‘capataz’ do vereador e ele e a parlamentar já haviam tido desavenças quando Marielle passou a apoiar os moradores da Cidade de Deus, um dos redutos eleitorais de Marcello Siciliano. Um mês antes do assassinado, a testemunha disse que o miliciano mandou, já de dentro da cadeia onde está preso, que homens clonassem um carro que seria usado no dia do crime. Uma outra pessoa teria sido encarregada de mapear os hábitos da vereadora e os trajetos feitos por ela.
Logo após a execução de Marielle e Anderson, os policiais passaram a trabalhar com a hipótese do envolvimento de grupos paramilitares nos assassinatos. Procurado pelo O Globo, o vereador disse que a acusação é mentirosa e que não conhece o ex-policial.
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Ainda segundo a reportagem do Globo, a testemunha disse também que outro assassinato recente, o do líder comunitário Carlos Alexandre Pereira Lima, que era colaborador do vereador Marcello Siciliano, também está relacionado à morte de Marielle e teria ocorrido para encobrir o primeiro crime.