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Vítimas de abuso não têm clareza sobre o que configura ou não violência

Pesquisa realizada pelo IBGE mostra os impactos de tal cenário na vida dos estudantes brasileiros

Por Bruna Nunes Atualizado em 14 jul 2022, 15h27 - Publicado em 14 jul 2022, 14h32
retrato de uma adolescente aparentemente triste
AHMET YARALI/Getty Images

No Brasil, 14,6% dos adolescentes já foram vítimas de violência sexual, segundo Pesquisa Nacional de Saúde Escolar (PeNSE), organizada pelo IBGE, que, na última terça-feira (12), divulgou atualizações da última década de estudos.

O levantamento identificou que, nos últimos dez anos, muitas vítimas de abusos não tinham clareza sobre o que poderia ser considerado violência sexual.

Na pesquisa mais recente, foram ouvidos estudantes do 9º ano entre 13 a 15 anos e moradores das capitais brasileirasos, e os pesquisadores acrescentaram outros exemplos do que poderiam vir a ser formas de violência, como toques e beijos forçados, e manipulação psicológica – não apenas a consumação do ato sexual em si. O resultado foi o aumento de 15% do percentual total de adolescentes que concluíram já terem sido violentados. Deste número, 6% concluíram terem sido vítimas de estupro. 

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Fora os dados alarmantes sobre violência sexual, foi notado um aumento significativo no percentual de estudantes que já sofreram com violência física praticada por algum membro da família. Se em 2015 esse número era de 16%, em 2019 ele subiu para 27,5%.  

Os jovens também relataram falta de segurança no trajeto de suas residências até suas escolas. Houve um aumento de 8,7% no número de estudantes que faltaram à aula pelo menos um dia, justamente por não se sentirem seguros no caminho

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Com relação à pandemia de coronavírus, a pesquisa também escancara as desigualdade socioeconômicas brasileiras. Se lavar as mãos é uma das medidas mais simples e eficazes de combate ao vírus, ela não é assim tão acessível a todos.

Na rede privada de ensino, 98,2% dos estudantes disseram ter acesso a pias em condições de uso, ou seja, com água encanada e sabão. Na rede pública, esse número caía para 63,7%.

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A publicação mostra que esses cenários nos quais alunos brasileiros estão inseridos impactam diretamente a vida escolar deles. A falta de segurança e as violências sofridas pelos adolescentes atrapalham seu desempenho estudantil e podem se tornar uma das principais causas de abandono escolar. Contudo, é importante lembrar que a pesquisa é um recorte e não apresenta a realidade como um todo – que pode ser ainda mais alarmante -, uma vez que ouviu apenas alunos ativos que residem nas capitais do Brasil. 

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