Bianca Bin está com tudo. Aos 27 anos, a atriz vive a sua primeira protagonista do horário nobre e não esconde que tem se emocionado com o trabalho em O Outro Lado do Paraíso. Num encontro com a CAPRICHO, no Rio de Janeiro, ela falou sobre a importância de se trazer à tona o tema da violência contra a mulher, chorou ao relembrar alguns relatos e afirmou que agora o momento é nosso!
CH: Por causa da personagem Clara, você dá voz a milhares de mulheres que sofrem com a violência doméstica. Como é a reação das pessoas na rua?
BIANCA BIN: Eu tenho ido à padaria, ao médico, e encontro pessoas que assistem à novela. É lindo ver o número de mulheres que me procuram e falam que sofrem com esse tipo de violência. Elas abrem o coração, suas vidas, e me contam seus relatos. Fico muito mexida. Muitas mulheres sofrem esse tipo de violência e demoram a denunciar porque elas têm vergonha ou medo, e o que a gente deve fazer não é julgar, mas acolher.
CH: Teve algum relato que tenha mexido mais com você?
BIANCA: São muitas as histórias… Quando as mulheres me falam que apanhavam, eu pergunto: ‘mas é muito?’ Uma delas chegou a me responder que o marido quebrou o seu maxilar. (Bianca se emociona e fica com os olhos cheios de lágrimas) Então a violência, para mim, ainda é muito chocante. Eu, Bianca, graças a Deus nunca passei por isso e espero nunca passar. A nossa função na novela também é social, é de informar as mulheres sobre essa violência.
CH: Você acredita que o homem que traz esse tipo de perfil violento consegue se regenerar?
BIANCA: Eu acredito no ser humano. Sinto a dor dessas mulheres na pele quando escuto seus relatos, mas acredito na regeneração. No entanto, o homem que faz isso com a mulher deve seguir o caminho dele de luz, de amor e nunca mais fazer isso com mulher nenhuma. É como a história do Gael (Sérgio Guizé) com a Clara. Acho que já está contada.
CH: Talvez esse comportamento machista, como o do personagem Gael, já comece dentro de casa, com a família…
BIANCA: Eu tive uma criação muito machista. A minha família é do interior de São Paulo (Jundiaí) e eles são tradicionais, religiosos. O meu irmão sempre saiu e não precisava dar satisfação da hora que voltava para casa nem dizer onde estava indo. Eu tinha hora para voltar, precisava falar onde estava e, se demorasse a chegar em casa, vinham todos aqueles questionamentos.