Bridgerton com certeza é a série do momento da Netflix. Não tem como não ficar presa à trama de época com todos os seus figurinos, romances e até aquele mistério com um ~quê~ de Gossip Girl. Mas não foi apenas isso que chamou a atenção do público. A diversidade no elenco, com negros ocupando posições de poder, instigou muita gente. A produção da Shondaland quebra padrões ao não mostrar apenas atores brancos em um cenário de realeza.
A Netflix confirmou que Bridgerton bateu recordes de audiência, tendo ultrapassado 63 milhões de espectadores em apenas 12 dias no ar. Ela se tornou a quinta maior produção original da história da plataforma de streaming. Sucesso, não é mesmo? A história, baseada nos livros de Julia Quinn, segue a trajetória de Daphne, filha mais velha da família Bridgerton, na busca por um marido nas temporadas de primavera na Londres do século 19. A jovem acaba entrando em um acordo de aparências com o Duque de Hastings, o que, no final, se torna algo a mais.
Até aí, poderíamos pensar que seria só mais um drama de época, mas os produtores conseguiram inovar ao trazer um elenco representativo, em que negros se encontram no alto escalão da sociedade londrina, como é o caso de Simon Basset, o Duque de Hastings, protagonista da história interpretado por Regé-Jean Page, e de Lady Danbury, papel de Adjoa Andoh. Outro personagem muito importante que também é vivido por uma atriz negra é ninguém mais ninguém menos do que a rainha Charlotte, interpretada por Golda Rosheuvel.
A diversidade faz parte da série assim como em outras produções de Shonda, e a escalação desses atores não foi feita de forma aleatória, principalmente a escolha de uma mulher negra para interpretar a rainha. O criador da série, Chris Van Dusen, baseou-se nas evidências de que a rainha Charlotte (1744-1818) tinha descendência africana, uma questão que vem sendo muito debatida nos últimos tempos, ainda mais após Meghan Markle ter entrado para a família real.
A própria Julia Quinn apoiou a escolha da Netflix de escalar atores negros para viver vários personagens. “Foi uma decisão muito consciente, não uma escolha cega”, disse em entrevista ao jornal britânico The Times.
Apesar da proposta de trazer representatividade para esses papéis ser muito significativa, os elogios não são universais. Houve muita gente que criticou o fato de negros representarem pessoas com importantes títulos da nobreza na série durante tal época, pois isso não retrata a realidade histórica. Afinal, no século XIX, pessoas não-brancas estariam bem distante da realeza, vivendo em posições completamente subalternas.
No site de resenhas IMDB, o seriado ganhou diversas avaliações negativas e elas sempre mencionavam os atores negros e a falta de fidelidade à realidade do século. A atriz Nicola Coughlan, que dá vida à Penelope Featherington, rebateu tais críticos. “Você sabe como algumas pessoas pensavam: ‘Diversidade no drama de época não funciona’… 63 milhões de famílias pensaram que sim”, tuitou. “Lembra que as pessoas estavam tentando rebaixar a votação do programa no IMDB porque era tão diverso? Você não pode fazer isso. Somos o quinto maior lançamento original da Netflix”, comentou a atriz
You know the way some people were like ‘Diversity in period drama doesn’t work’….63 million households thought it did tho so 💀 https://t.co/mQ2rXysacN
— Nicola Coughlan (@nicolacoughlan) January 5, 2021
Um ponto muito importante que não podemos esquecer é que a série é uma obra de ficção e na arte tudo é possível. Bridgerton nos faz imaginar como seria uma sociedade em que os negros ocupassem posições de poder e não de inferioridade, como sempre são colocados em produções históricas graças à escravidão. E isso, infelizmente, ainda incomoda muita gente.
A série reconhece a presença do negro e o público que está assistindo à Bridgerton pode se ver nessas histórias e nesses papéis que lhes foram negados por tanto tempo. Pessoalmente, eu amei ver a Marina Thompson com o seu cabelo crespo em um penteado de época. Foi a primeira vez que reconheci o meu tipo de cabelo com tal estilo. E é disso também que se trata a representatividade!