Você é fã de comédias românticas? Então pode comemorar porque nesta quinta-feira (25/10) chega aos cinemas Podres de Ricos, filme baseado no best-seller do escritor cingapuriano Kevin Kwan. A trama, que arrecadou mais de 170 milhões de dólares nos EUA, conta a história de Rachel Chu (Constance Wu), uma professora universitária chinesa-americana que topa acompanhar o namorado no casamento do melhor amigo dele em Cingapura. Só que, ao chegar lá, ela descobre que seu boy é, na verdade, o herdeiro da família mais rica do país! E o pior, a sogrona não vai facilitar as coisas para ela…
Por sorte, Rachel pode contar com a ajuda de uma de suas melhores amigas, a louquinha Peik Lin, para entender o universo dos milionários no qual caiu de paraquedas. Quem dá vida à best dela é a atriz novaiorquina Awkwafina. Talvez você a reconheça de Oito Mulheres e Um Segredo, filme no qual atuou ao lado de estrelas de peso como Sandra Bullock, Rihanna e Anne Hathaway, ou de Dude: A Vida É Assim, onde trabalhou com Lucy Hale.
Filha de mãe sul-coreana e pai americano com descendência chinesa, a atriz (e rapper) conversou com a CAPRICHO sobre os bastidores do longa, representatividade asiática e empoderamento. Vem ver!
CH: Antes de tudo, queremos entender por que você escolheu Awkwafina para ser seu nome artístico!
AWKWAFINA: Para ser sincera, não pensei muito quando o criei. Meu nome de verdade é Nora Lum, mas quando comecei a lançar minhas primeiras músicas surgiu essa dúvida de qual seria o meu nome artístico, e a verdade é que é muito estranho criar um nome para si mesmo do nada. Então quis fazer uma brincadeira com as palavras awkward (estranho, em inglês) e fine (bem ou ok), algo como ‘estranhamente bem’. É vergonhoso, eu sei. (risos)
CH: Mas pegou! E como foi que você se envolveu com Podres de Ricos?
AWKWAFINA: A primeira vez que entrei em contato com Asiáticos Podres de Ricos, o livro de Kevin Kwan que deu origem ao filme, estava no aeroporto em Nova York. Li a contra-capa e na hora percebi que não era mais um daqueles romances ambientados em algum momento histórico como é a maioria dos livros asiáticos vendidos nos Estados Unidos. Era algo novo. Uma história de amor moderna sobre uma garota asiática-americana. Anos depois, descobri que eles estavam fazendo audições para o filme e sabia que ele seria importante para muitas pessoas, por isso quis me envolver do jeito que fosse. No fim, consegui o papel da Peik Lin.
CH: E por que acha que esse filme é tão importante?
AWKWAFINA: Ele é importante por muitas razões. Esse é o primeiro filme asiático-americano de Hollywood desde O Clube da Felicidade e da Sorte, que foi lançado 25 anos atrás. Isso significa que asiáticos-americanos de até 25 anos provavelmente nunca se viram representados de fato nas telas do cinema. E, sinceramente, Podres de Ricos quebra estereótipos simplesmente por existir. Quando temos mais vozes asiáticas-americanas juntas, cada um desses personagens ganha mais dimensão. Ele deixam de ser uma coisa única, não estão sendo apenas ‘um asiático’ na história. São seus próprios personagens. E já era hora disso acontecer.
CH: A Peik é minha personagem preferida da história. Você tem alguma semelhança com ela?
AWKWAFINA: Quando penso na Peik Lin, a primeira coisa que me vem à cabeça é que ela é a melhor amiga que alguém poderia ter. Quando chega em Cingapura, Rachel precisa muito de alguém que seja sincera com ela, que explique aquele universo, que faça com que ela sinta que está fazendo a coisa certa. E a Peik é honesta o tempo todo. Eu também sou assim com quem gosto.
CH: Como foi gravar um filme em Cingapura?
AWKWAFINA: Nós gravamos em Cingapura e Kuala Lumpur, na Malásia, por dois meses. Eu nunca tinha ido àquela parte da Ásia e aquilo foi muito diferente. A experiência ficou ainda mais incrível porque Henry Golding, o Nick, é da Malásia e também morou em Cingapura, então ele era o nosso guia turístico e nos levava para todos os lugares.
CH: Seus personagens sempre tentam quebrar esses estereótipos da garota asiática certinha, inocente, inteligente e tímida. Sente responsabilidade na hora de escolher seus papéis?
AWKWAFINA: Quando eu era mais nova, não gostava de ver garotas asiáticas-americanas representadas sempre da mesma maneira. Se eu não gostava de me ver representada desse jeito, porque faria uma personagem assim? Mas é importante destacar que, se os atores precisam fazer escolhas quanto aos seus papéis, Hollywood deveria fazer sua parte também. A indústria do cinema precisa dar aos atores a chance de fazer personagens diferentes dentro suas próprias raças.
CH: Além de atriz, você também é rapper e lançou, em junho, seu segundo EP, In Fina We Trust. Como entrou no universo do hip-hop?
AWKWAFINA: Quando mais nova, eu era obcecada por hip-hop. Era a minha paixão, o meu mundo. No Ensino Médio, entrei em uma escola que era muito focada em arte e música e comecei a produzir algumas batidas. Logo percebi que precisava de letras para que as músicas ficassem legais e então passei a escrever também. Criei meu primeiro rap quando tinha 15 anos.
CH: E você encontrou algum preconceito por ser uma mulher tentando entrar nesse universo?
AWKWAFINA: Sim, com certeza. Mas com o tempo percebi que para entrar no mundo do hip-hop é preciso ter certa atitude. O meu primeiro clipe [My Vag, no qual ela fala abertamente sobre vaginas] viralizou em segundos, mas sei que não foi só porque ele é muito bom. Acho que teve muitas visualizações porque as pessoas não conseguiam acreditar que uma garota asiática estava cantando aquilo.
CH: Se pudesse voltar no tempo e dar um conselho para você mesma aos 15 anos, o que diria?
AWKWAFINA: Eu diria: ‘Pare de se preocupar o tempo todo. Tudo vai ficar bem’!