Conheça ROLY POLY, um quadrinho superinspirado em k-pop

Para celebrar o Dia do Quadrinho Nacional, entrevistamos o jovem autor Daniel Semanas

Por Gustavo Balducci Atualizado em 30 jan 2019, 20h14 - Publicado em 30 jan 2019, 18h55

Você sabia que hoje (30/1) é o Dia do Quadrinho Nacional? A data foi idealizada pela Associação dos Quadrinistas e Cartunistas do Estado de São Paulo (AQC-ESP) e refere-se ao dia em que foi publicada a primeira história em quadrinhos no Brasil, intitulada As Aventuras de Nhô-Quim, de Ângelo Agostini, em 1869.

De lá para cá, o cenário brasileiro dos quadrinhos sofreu um megaestouro, atingindo maior popularidade, além de novos meios de produção e divulgação. É nesse ambiente promissor que o jovem Daniel Semanas se aventurou para criar o universo de ROLY POLY.

Situado em uma Coreia do Sul superfuturista, ROLY POLY narra a jornada da personagem Phanta, uma garota ambiciosa e cheia de motivações pessoais. Em busca de popularidade nas redes sociais, o seu maior desejo é fazer parte do grupo de K-pop mais famosos do momento.

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Roly Poly/Reprodução

Daniel já curtia K-pop desde a adolescência e passava as tardes de domingo jogando pump it up em shopping centers. Depois disso, o K-pop chamou sua atenção de vez quando o cantor PSY surgiu com o viral Gangnam Style, trazendo com ele toda uma leva de novos idols em evidência.

“Ficava superencantado com o apelo visual que os clipes apresentavam, sempre gostei muito de fazer desenhos com uma pegada fashion, pop e cool, então decidi criar uma história que se passasse nesse universo. Estava meio cansado de trabalhar com animação e optei por experimentar a linguagem das histórias em quadrinhos”, explicou à CAPRICHO. “Durante a criação do episódio piloto, pensei bastante sobre o que acontece nos bastidores de um processo de se realizar um sonho, as quantidade de coisas inesperadas que acontecem para que um desejo se torne realidade. Achei um tema interessante para ser explorado e decidi falar sobre isso através do K-pop, fazendo uma conexão do sonho de ter uma série autoral lançada com o sonho de uma personagem ser um ícone do K-pop”.

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Roly Poly/Divulgação

As inspirações visuais estão por todas as páginas para dar vida à cidade fictícia de Neo Seul, gerando um frenesi gráfico que muitas vezes se torna o personagem principal do conto. “Queria uma história bem visual, por isso juntei uma série de referências que remetem ao clima: luzes néon, arcades, dinossauros, cultura fashion, misturei tudo e criei algo bem psicodélico pop”, brinca. “Também bebi muito de fontes que vieram de fora do universo dos quadrinhos e do K-pop. Uma das grandes inspirações quanto a ambientação veio dos filmes do diretor chinês Wong Kar Wai, além de outros clássicos, como Warriors, Blade Runner e Akira.

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Roly Poly/Divulgação

Outra referência incrível está no próprio título da HQ. Roly Poly é um single de grande sucesso do girl group T-ARA. Lançado em 2011, o hit estreou nos charts coreanos e se tornou a música com mais downloads realizados naquele mesmo ano.

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A faixa por muito tempo foi a preferida da equipe de trabalho do quadrinista durante o projeto piloto. “Assistimos ao clipe inúmeras vezes e foi o que mais me empolgou a fazer o projeto. Conceitualmente, Roly Poly é o nome em inglês para o brinquedo clássico ‘joão bobo’, que utiliza a lei da ação e reação para funcionar. Basta um empurrão e o brinquedo retorna com uma força equivalente”, disse Daniel. O mesmo acontece com Phanta, que é sempre estimulada pelo irmão, o ~empurrãozinho~ necessário para fazer com que ela atinja seus objetivos durante a narrativa.

O T-ARA também se envolveu com polêmicas durante o auge de sua carreira, quando as integrantes foram acusadas por praticarem bullying entre si. Durante anos, a controvérsia interferiu diretamente nas promoções do grupo. Para Daniel “as músicas do T-ARA se apresentam de um jeito fofo e otimista, enquanto nos bastidores tudo girava em torno do suposto bullying cometido pelos membros. Achei interessante trazer esse contraste entre ilusão e realidade para a história de Phanta, se encaixando perfeitamente com a proposta de mostrar o lado obscuro por trás de uma saga romantizada de partir em busca de um sonho quase impossível”, comenta.

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Roly Poly/Divulgação
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Para quem deseja adentrar ainda mais por esse rolê, o quadrinista contou sobre o seu processo de criação, desde o primeiro passo para escrever o roteiro até a publicação de uma HQ. “Foi um processo bem mais difícil e longo do que esperava. Tive ajuda de pessoas queridas durante todo o percurso, principalmente da artista Fernanda Kissy, que me ajudou a completar toda a pesquisa gráfica para chegar na fórmula autoral desejada”.

Sendo um quadrinho totalmente independente, o autor teve que conciliar sua rotina de trabalho paralelo a produção de ROLY POLY. “O que era para ser um projeto de apenas um ano acabou se transformando em três. Já com o livro pronto, precisava encontrar uma editora para publicar. Então decidi fazer um teaser animado para promover o projeto. Juntei uma equipe pequena de amigos e passamos 20 dias totalmente focados nisso.”

ROLY POLY foi lançado no Brasil e também nos Estados Unidos, com direito a estreia simultânea pela Fantagraphics e pela Editora Mino. Animado com a cena atual, Daniel Semanas se diz empolgado com o movimento. “Fico feliz em ver conteúdos nacionais fazendo o maior sucesso dentro e fora do país. Espero que essa tendência só aumente! O contato com criadores de HQ me faz querer produzir mais”.

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E se você é um entusiasta dos quadrinhos, saiba que ROLY POLY foi pensada para ser uma série de contos independentes que se conectam. “Quando a história de Phanta foi publicada, decidi tirar um tempo para ter esse retorno e entender se devo continuar tocando a saga. Por enquanto estou focado em outros projetos, mas tenho muita vontade de continuar!”

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Roly Poly/Divulgação
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