A partir desta quinta-feira (24/5), os fãs brasileiros de Star Wars vão ter mais um motivo para correr aos cinemas, estreia por aqui mais um filme paralelo da saga, Han Solo: Uma História Star Wars, que irá contar a origem do personagem eternizado por Harrison Ford na franquia original, com Alden Ehrenreich na pele da versão jovem do piloto mercenário. O longa dirigido por Ron Howard, que substituiu Phil Lord e Chris Miller no meio da produção, se passa antes de Star Wars Episódio IV: Uma Nova Esperança (1977).
Nele, vamos poder ver como Han Solo conheceu seu co-piloto Chewbacca (Joonas Suotamoa) e o contrabandista e apostador Lando Calrissian, interpretado em sua versão jovem por Donald Glover, um dos nomes mais incríveis da cultura pop atual, graças a seu projeto musical Childish Gambino (já viram o clipe de This Is America?) e a série Atlanta (FX), de qual é protagonista e showrunner. Também seremos apresentados a personagens como Qi’ra, vivida pela “mãe dos dragões” Emilia Clarke, e L3-37, a droid mais maravilhosa da galáxia, com a voz de Phoebe Waller-Bridge.
“Você encontra esse personagem [Han Solo] em um momento diferente de sua vida, ele tem algumas qualidades, é meio que um sonhador, idealista, algo que não associamos com o Han Solo da forma que o conhecemos”, contou Alden Ehrenreich sobre sua interpretação de Solo, em uma entrevista por videoconferência para a CAPRICHO e outros três veículos brasileiros, realizada na última segunda (21/5), que também contou com a presença de Donald Glover e Emilia Clarke. “É meio que uma combinação, você incorpora e absorve o máximo que pode dos filmes originais, do Harrison [Ford], do personagem e como ele funciona naqueles filmes. E tenta ser, também, o mais verdadeiro que você conseguir com essa parte da história que você está contando neste momento, com o personagem pelo qual você ficou responsável para essa história. É um equilíbrio de todas essas coisas.”
Tanto Alden Ehrenreich quanto Donald Glover conversaram com Harrison Ford e Billy Dee Williams (ator que fez o Lando “original”) quando ganharam os papéis de Han e Lando. “Almocei com ele [Ford] um pouco antes de começarmos a filmar. Não achei que seria certo começar o filme sem ter um contato de alguma forma. Harrison Ford muito legal, encorajador, comigo e com todo o longa”, lembrou Ehrenreich. “Billy Dee foi muito bondoso e legal, nos conhecemos e almoçamos juntos, ele me deu o melhor conselho, literalmente me disse, ‘apenas seja encantador’. Ele disse que Lando é muito eclético, então tudo o que você precisa fazer é ser charmoso e interessado nas coisas. Foi muito bom ter isso no set, porque se fosse de outra forma, com certeza eu iria pensar demais”, completou Glover.
Aliás, durante uma entrevista para o Entertainment Tonight, Harrison Ford surpreendeu Alden Ehrenreich: “Ele viu o filme, o que significa o mundo pra mim, para todos nós. Ele amou o filme e tirou um tempo do dia dele para ir até onde estávamos atendendo a imprensa, que era em Pasadena [próximo a Los Angeles], para poder me fazer a surpresa. Tem sido um cara muito legal. Ele é o cara!”.
Chega de “mulheres fortes”
Sempre que uma mulher se destaca em um filme, seja de ação ou drama, insistem em classificá-las como “mulheres fortes”. Nomenclatura que desagrada Emilia Clarke, que chegou a pedir para que jornalistas parassem de usá-la, durante o Festival de Cinema de Cannes, na França. “Se eu falar homem forte, você pensaria em alguém forte”, explicou a atriz. “Mulheres tem muito mais motivos para serem importantes para uma história do que apenas estar presentes, do que estar tão presente que ela precisa ter atitudes fortes para descrever o personagem.”
“Então, acho que isso é uma coisa positiva que podemos adotar daqui pra frente ao contar histórias em grandes franquias, ter mais mulheres que tragam diferentes qualidades para a história. Poder ser capaz de ter mulheres apenas sendo personagens, do que serem definidas por serem, de fato, mulheres.”
Representatividade e normalidade
Em diversas entrevistas, Donald Glover já contou que seu primeiro brinquedo da vida foi um boneco do Lando, que ele ganhou do pai. Certamente um dos poucos grandes personagens negros da época. Assim como Emilia Clarke quer que a presença de mulheres seja “normalizada” nas grandes produções, Glover espera que o mesmo acontece com artistas negros.
“Quando ganhei o meu boneco do Lando, realmente não pensei nisso [no fato dele ser um personagem negro numa grande produção], era algo bem normal pra mim. Claro, ele é legal, tem sua própria cidade, em momento algum pensei, ‘finalmente! Um personagem negro’. Eu tinha apenas 5 anos, não pensei nisso”, afirmou o intérprete de Lando. “Então, nesses termos, acho que isso é muito bom, acho que é o que você quer. A personagem da Emilia, L3, se eu tivesse uma filha, ela nem pensaria nisso, ficaria tipo, ‘ok, é uma mulher num filme’. Acho que essa é a melhor coisa. Então, acho que é importante nesses termos. E sim, é muito bom poder ver meu filho brincar com o Pantera Negra e simplesmente não pensar nisso, porque acho que normalizar as coisas e ter a diversidade de pensamento é a coisa mais importante que você pode fazer para todo mundo.”
Chewbacca e Millennium Falcon
Dos três atores que conversaram com a CAPRICHO, Donald Glover com certeza é o maior fã declarado da saga, só lembrar daquela foto do year book dele com camiseta de Star Wars, apesar de Alden Ehrenreich (“tinha todos os brinquedos, um sabre de luz com o qual fingia ser todos os personagens’) e Emilia Clarke (“meu irmão mais velho ficou muito orgulhoso de mim”) também terem declarado amar a franquia criada por George Lucas.
Ao perguntar sobre a primeira vez em que pisaram dentro da espaçonave de Han Solo, a Millennium Falcon, foi Glover que melhor definiu o sentimento. “Acho que todo mundo teve um tempinho para surtar. Todos tivemos a chance de entrar algumas vezes nela antes. Achei legal, ela era limpa, porque você nunca a viu limpa. Lembro de entrar na cabine de piloto, de deitar na cama, aí fui mexer em todas as capas [do Lando]. Você podia dar uma surtada por uma meia hora até alguém chegar e falar, ‘ok, agora vamos começar a ensaiar’”, divertiu-se Donald Glover ao lembrar do momento. “E foi estranho, porque meio que já a conhecia, já estava tão acostumado com toda sua arquitetura e estética. Só leva um pouco de tempo para se acostumar em como ela é projetada, onde fica a cabine de piloto, o quarto, a sala dos motores. Me senti como um garoto lá dentro, sabia exatamente onde ir. Também tinha uma pessoa no set mostrando as coisas, e o Chewie, que também era bem familiarizado.”
Por falar em Chewbacca, as respostas de Emilia Clarke e Alden Ehrenreich foram praticamente as mesmas ao falar do encontro com o Wookiee mais querido da galáxia:
Alden: “O cheiro dele é ótimo”.
Emilia: “O cheiro é ótimo”.
Alden: “Eles lavam aquelas roupas peludas com shampoo e condicionador, então realmente o cheiro é ótimo”.
Emilia: “Ele ganha muitos abraços, é muito difícil não querer abraçá-lo”.
Alden: “Joonas [Suotamo] que o interpreta fez um trabalho incrível, colocou muito coração nisso”.
Emilia: “Um cara muito doce”.
Alden: “Até passar muito tempo com ele, não sabia como iria ser. É muito difícil de se fazer, porque você tem muitas limitações para se expressar com aquela máscara, tendo uma série de coisas técnicas, as caras que ele faz quando alguém o chama, como ele vira a cabeça. Joonas fez um trabalho maravilhoso, adorei trabalhar com ele”.
Ao serem questionados sobre uma possível continuação de Han Solo: Uma História Star Wars, os três não pensaram duas vezes em dizer que sim, topariam seguir com a franquia. “Não diríamos não, mas por enquanto ninguém especificamente nos convidou ainda, vamos ver o que as outras pessoas pensam, sabe? Então, Kathleen [Kennedy, presidente da Lucasfilm ] se você estiver ouvindo, nós topamos”, brincou Emilia Clarke, olhando para o teto, como se estivessem sendo filmados. “Amo que todos olhamos pra cima [risos]”, completou Donald Glover.