hega aos cinemas um dos filmes mais aguardados de 2024, Coringa: Delírio a Dois. Desde seu anúncio, a sequência musical do aclamado longa de 2019 trouxe um misto de expectativas positivas e negativas. A CAPRICHO foi convidada para assistir ao filme e te contamos porque é uma das maiores decepções do ano.
Nos últimos anos os grandes estúdios de Hollywood tem investido cada vez mais em sequências de longas que fizeram muito sucesso, mas, apesar de trazerem de volta personagens e universos que amamos, muitas das vezes o resultado são continuações que nos deixam uma sensação de “pra que?”. E esse é o caso por aqui.
O grande sucesso do primeiro filme se deve, principalmente, à atuação marcante de Joaquin Phoenix, que lhe rendeu seu primeiro Oscar da carreira, e uma abordagem ainda mais sombria, menos caricata e traumatizada do vilão do Batman.
Após um final muito bem amarrado para a história de Arthur Fleck, o gancho para Coringa: Delírio a Dois é a inserção de sua parceira de crime, Arlequina. A divulgação de Lady Gaga no papel já foi uma surpresa por si só, mas a notícia de que o filme seria um musical chocou a todos. Após muitas especulações se todos esse elementos funcionariam juntos ou não, chegamos a conclusão que esse é um filme que não precisava existir.
Muitos momentos musicais, mas pouco impacto
Com duas horas e dezenove minutos de duração, o espectador chega ao final com uma sensação de cansaço. Um dos grandes motivos que deixam o filme maçante são os números musicais, que deveriam ter sido o seu grande triunfo. Apesar de algumas pessoas torcerem o nariz para musicais, a ideia de usar os elementos desse gênero em um filme tenso e obscuro poderia ter resultado em um contraponto dinâmico.
Esses números são utilizados para quebrar a realidade, representando os sonhos, as ambições e os momentos mais leves e introspectivos dos personagens. Porém, algo que deveria ajudar a construir e dar nuances à história, é utilizado repetidas vezes. Parece que Todd Phillips não conseguiu dosar esses momentos como fez no primeiro filme – que não teve números musicais, mas um ótimo timing cômico.
Apesar do vocal impecável de Gaga em covers de músicas emblemáticas e a surpresa da performance de Phoenix nesses momentos, nenhum dos números musicais é marcante o suficiente e os espectadores não conseguem se conectar com a trilha sonora o tempo todo.
Inclusive, em uma das cenas finais, Arlequina vai começar a cantar e o Coringa tenta a interromper dizendo que não aguentava mais cantar. Foi a tradução perfeita do que o público estava sentido também.
Joaquin Phoenix consegue entregar os mesmos nuances do primeiro filme, mas sem o mesmo impacto. Parece que todos os grande momentos do ator no filme não conseguem chegar perto das cenas memoráveis do longa de 2019. Já a personagem de Lady Gaga, que se arrisca no cinema pela terceira vez, entrega uma boa atuação, mas não se destaca muito para além dos número musicais.
Talvez se a produção tivesse escolhido adaptar a história mais popular dos personagens nos quadrinhos, onde Harley é uma médica psiquiatra que se apaixona por Coringa no Asilo Arkham, a química entre os dois personagens parecesse mais natural do que nos é mostrado em tela. Tudo é muito rápido e a Arlequina de Gaga tem um breve contexto contado, mas o roteiro se limita apenas à superfície dessa história.