Diretor traz autenticidade LGBTQ+ no 3º episódio de ‘The Last of Us’
CAPRICHO entrevistou com exclusividade no Brasil o diretor Peter Hoar
Para o diretor Peter Hoar, responsável pelo 3º episódio de The Last Of Us, da HBO, a série “gira muito em torno do amor e sobre como a vida humana pode sobreviver e evoluir”, e certamente é um ponto forte que já emocionou o público e impulsionou o sucesso global da série. E, para ele, as narrativas do episódio que foi ao ar ontem não poderia ser diferente. “Então por isso eu acho que a história de Frank e Bill é um ótimo jeito de contar esse aspecto”.
Hoar conversou com a CAPRICHO com exclusividade – isso porque fomos o único veículo brasileiro a participar de uma conversa dele com a imprensa, viu? – e disse que ficou muito feliz em ter sido escolhido como diretor do terceiro episódio, que, assim como o restante da série, tem o amor como tema central.
Ele já dirigiu produções como The Umbrella Academy e Demolidor e destacou que vê importância em retratar histórias diversas e autênticas nas produções. ‘”Eu cresci com histórias de relacionamentos LGBTQ+ que eram retratadas de forma trágica, por causa da epidemia de HIV/AIDS. Por isso, eu senti muito medo durante boa parte da minha vida adulta.”
A série parece que ganhou de vez o coração da América Latina com a chegada deste terceiro episódio. Com Pedro Pascal no papel de Joel e Bella Ramsey como Ellie, a série tem sido aclamada pela crítica e pelo público – um combo que muitas outras produções não conseguiram superar até hoje.
QUE OBRA-PRIMA DE EPISÓDIO
ENTREGUEM TODOS OS EMMYS PARA ESSES DOIS 💔😭 #TheLastOfUs pic.twitter.com/9jUZ9HLURD
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Mas mais do que isso: a produção tem se mostrado madura ao retratar na tela histórias que importam, sobre pessoas complexas e que são falhas. No terceiro episódio, esse olhar continua ao retratar a história do casal Frank (Murray Bartlett) e Bill (Nick Offerman).
”Autenticidade e representatividade são importantes e eu sinto que, como um homem gay, eu posso ser autêntico e posso defender meu ponto nesse sentido”, acrescentou. E pode mesmo.
O universo LGBTQ+ do terceiro episódio – e da série
No terceiro episódio, somos apresentados inicialmente ao Bill, um homem de meia idade que se esconde no bunker de sua casa enquanto toda uma cidade no interior dos Estados Unidos é evacuada. Ele aguarda pacientemente todos deixarem a cidade para conseguir estocar alimentos e armas (o que, num apocalipse zumbi, me parece bem necessário, né?).
Os anos passam e Bill segue morando sozinho até que, num completo acaso do destino, ele encontra com Frank – um homem também de meia idade que se vê preso numa vala no quintal de Frank.
A interação entre os personagens se desenrola de maneira bastante natural. Primeiro, Bill acolhe Frank para uma refeição. Depois, Bill toca no piano uma música romântica para Frank, que pergunta sobre qual foi a mulher que machucou o coração de Bill. É então que ele responde que não existiu nenhuma mulher. Só aí que o interesse romântico entre os dois passa a se desenvolver. Tudo isso de uma maneira muito sensível e bonita, ok? (essa repórter que vos escreve ficou com lágrimas nos olhos até o final do episódio).
Autenticidade e representatividade são importantes e eu sinto que, como um homem gay, eu posso ser autêntico e posso defender meu ponto nesse sentido
Peter Hoar, diretor do terceiro episódio de The Last of Us
No game, The Last of Us aborda a temática LGBTQ+ de diversas formas. A Ellie, conforme desbrava o mundo pós-apocalíptico ao lado de Joel, se depara com situações e pessoas do universo LGBTQ+ (na segunda parte do game, o enredo da personagem é desenvolvido nesse sentido). A história de Frank e Bill aparece no game, mas de maneira muito rápida. É quase como que o destino dos personagens não tenha sofrido alteração, mas suas jornadas, sim.
A expectativa é que na série o desenvolvimento de personagens secundários ganhem espaço e forma. Nas redes, há inclusive críticos que apontam a possibilidade da história da mãe da Ellie ser explorada – o que acabou ficando de fora do game.
De olho no sucesso da produção, a HBO confirmou na semana passada a segunda temporada da série The Last of Us inspirada no game desenvolvido pela Naughty Dog.
“Estou humildemente honrado e muito empolgado por tantas pessoas terem acompanhado e se conectado com nossa narrativa da jornada de Joel e Ellie”, afirmou, na ocasião, o produtor Neil Druckmann. Você consegue ler tudo sobre isso aqui.
É importante lembrar que assim como no jogo, a série The Last of Us é ambientada nos Estados Unidos, onde Pedro Pascal (Narcos) interpreta Joel e Bella Ramsey (Game of Thrones) interpreta Ellie; ambos atravessam o país devastado por uma infecção por Cordyceps, ou Ophiocordyceps unilateralis. Esse tipo de fungo existe na vida real e é conhecido por afetar as funções motoras de insetos como formigas. Contamos tudo sobre isso aqui também.
Para entender exatamente de onde vem todo esse hype, também conversamos, assim que a série estreou, com a jornalista e crítica Míriam Castro, do canal @mikannn, que explicou que há um histórico de obras inspiradas e feitas em videogames, que foram duramente criticadas por especialistas e pelo público, porque não conseguem traduzir a sensação que os fãs de jogos têm por vários motivos. Mas agora parece que isso mudou, viu?
Você pode ler mais sobre essa entrevista aqui.
Os episódios de The Last of Us são exibidos aos domingos, 23h, no canal HBO e na plataforma de streaming HBO Max.