Entenda tudo sobre a greve de roteiristas e atores que paralisou Hollywood

Com os dois sindicatos em greve ao mesmo tempo pela primeira vez em 60 anos, protestos e produções em pausa marcam o cenário do audiovisual nos últimos dias

Por Arthur Ferreira Atualizado em 29 out 2024, 18h31 - Publicado em 19 jul 2023, 19h08

Nos últimos dias, as redes sociais foram tomadas por comentários envolvendo a repercussão da “greve dos roteiristas”, que tem afetado a indústria audiovisual nos últimos meses. A paralisação envolve a Associação de Escritores da América (WGA), o sindicato de roteiristas e muitos atores e atrizes que se juntaram ao movimento que busca condições justas de salário aos profissionais da área.

Caso você ainda esteja confuso com a história, vem com a gente entender todos os desdobramentos.

A greve

Para entender melhor a paralização, é preciso saber que a cada 3 anos um novo contrato é negociado entre a Associação de Escritores da América (WGA), que representa cerca de 11,500 pessoas que escrevem roteiros de produções nos Estados Unidos, e a Aliança de produtores de cinema e televisão (AMPTP), que responde pelos estúdios e produtoras como a Warner Bros Discovery, AppleNetflix, Amazon, Disney, Paramount e mais.

O contrato entre as instituições chegou ao fim no dia 1 de maio de 2023 e, como um consenso não foi alcançado, os membros do WGA votaram para autorizar a greve, que teve início no dia 2 de maio de 2023. Desde então, roteiristas e profissionais da indústria levantam debates que envolvem reclamações sobre a falta de reajuste nas remunerações e pelo pagamento abaixo do que seria justo pelo trabalho demandado.

O valor de publicidades arrecadado por serviços de streamings e emissoras também se tornou uma pauta relevante, que intensificou ainda mais os debates sobre a greve ao lado do surgimento de conversas sobre o uso de inteligência artificial em roteiros.

A entrada do Sindicato dos Atores (SAG-AFTRA) na greve

Ainda em maio, diversas produções entraram em pausa e eventos precisaram ser adiados ou alterados, como aconteceu com o MTV Movie & TV Awards, que cancelou programação ao vivo para prestar apoio ao movimento dos roteiristas após Drew Barrymore desistir de apresentar a cerimônia: “Tudo que celebramos e honramos em filmes e na televisão vem da criação deles [roteiristas]. E, até que uma solução seja alcançada, estou escolhendo esperar”, disse a atriz.

Os protestos marcam os assuntos mais comentados do meio até que a história ganhou um novo desdobramento na última quinta-feira (13/7), quando mais de 160 mil atores e atrizes de Hollywood se juntaram à greve dos roteiristas. Após muitas tentativas, o Sindicato dos Atores (SAG-AFTRA) não conseguiu entrar em um acordo com os grandes estúdios e se juntou ao movimento do WAG. Essa é a primeira vez em 60 anos que atores e roteiristas entram em greve juntos. Ou seja, o impacto será ainda maior já atores não poderão filmar qualquer projeto, participar de entrevistas ou promover projetos em eventos e mais.

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Fran Drescher, presidente do SAG, fez um discurso sobre toda a situação e sua fala está repercutido nas redes sociais: “O que acontece aqui é importante porque o que está acontecendo conosco está acontecendo em todos os campos de trabalho, quando os empregadores fazem de Wall Street e da ganância sua prioridade e se esquecem dos colaboradores essenciais que fazem a máquina funcionar”, destacou.

Nós somos as vítimas aqui. Estamos sendo vitimizados por uma entidade muito gananciosa. Estou chocada com a maneira como as pessoas com quem trabalhamos estão nos tratando. Como eles alegam pobreza, que estão perdendo dinheiro a torto e a direito enquanto dão milhões aos CEOs. É nojento e é vergonhoso para eles”, adicionou Drescher em sua declaração.

Os estúdios

Bob Iger, CEO da Disney, afirmou, em uma aparição na CNBC, que as demandas exigidas “não são realistas”. Iger ainda destacou que estão recebendo muitos “desafios” para algo que já seria complicado.

“Conseguimos, como indústria, negociar um acordo muito bom com o sindicato de diretores que reflete o valor que os eles contribuem para este grande negócio. Queríamos fazer o mesmo com os roteiristas e gostaríamos de fazer o mesmo com os atores. Há um nível de expectativa que eles têm que apenas não é realista. E eles estão aumentando o conjunto de desafios que esse negócio já enfrenta”, disse ele.

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Já alguns rumores sobre comentários de executivos chamam a atenção do público. Em uma matéria sobre o caso, o Deadline publicou relatos envolvendo a postura dos estúdios em relação à greve. Neles, fontes anônimas afirmaram ao veículo que o plano inicial dos executivos era acabar com a WGA e manter a greve até que “membros começassem a perder seus apartamentos e casas” e que isso seria “um mal cruel, mas necessário”.

“Acho que estamos em uma grande greve e eles vão deixá-la sangrar”, disse um dos informantes que seria próximo do ponto de vista de CEOs dos estúdios. O site ainda afirma que a AMPTP não teria qualquer interesse em novos debates com o WGA antes de outubro.

Quais produções estão em pausa?

A escrita não para quando as filmagens começam“, escreveram os irmãos Duffer, responsáveis pelo roteiro de Stranger Things. Apesar de se mostrarem animados para continuação da série chegar ao público, eles anunciaram que a produção estava pausada enquanto uma decisão não fosse alcançada. “Esperamos que um acordo justo seja feito em breve”, destacaram.

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E esse não foi o único projeto afetado. Na verdade, se as demandas não forem atendidas pelos estúdios, absolutamente tudo vai parar. Pois é. Todos as produções de filmes e séries seguirão paralisadas por tempo indefinido. Isso incluí também as agendas de divulgação de futuros lançamentos que já estão concluídos e com data de estreia marcada.

Por exemplo, Besouro Azul e The Marvels chegarão normalmente aos cinemas, mas não terão eventos como agenda de imprensa ou première com o elenco. O mesmo acontece com Mansão Mal-Assombrada, novo filme da Disney, que precisou levar personagens fictícios para seu tapete vermelho, porque todos os atores estavam em greve.

Segundo a Variety, Cobra Kai, Big Mouth, Deadpool 3, Sandman, Mortal Kombat 2, Gladiador 2, Abbott Elementary, Yellowjackets, Stranger Things são mais alguns títulos que seguem com produção paralisada.

Elenco de Oppenheimer se junta à greve

Após participar do tapete vermelho na première de Oppenheimer, filme de Christopher Nolan, o elenco deixou o evento em apoio à greve dos atores. Durante a sessão, o diretor anunciou a saída de Cillian Murphy, Emily Blunt, Florence Pugh e Matt Damon, afirmando que os astros estavam “se juntando a um dos meus sindicatos, o dos roteiristas, na luta por compensações justas para os trabalhadores. E nós apoiamos isso.” Confira o momento:

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Próximas estreias

Talvez um dos maiores impactos para os brasileiros seja o caso de Bruna Marquezine, que estrela o novo longa da DC, Besouro Azul. A comoção para ver a atriz nas telas do cinema está gigante, afinal, ela representa o país no filme do super-herói. Essa também será a primeira produção do estúdio com protagonistas latinos. Porém, com a paralização, o longa não deve contar com eventos de divulgação.

Xolo Maridueña e Bruna usaram as redes sociais para demonstrar solidariedade à greve e pediram o apoio dos fãs até o lançamento do longa. “Como os atores não podem mais participar de qualquer divulgação de seus projetos até o fim da greve, o apoio dos fãs será fundamental para trazer a visibilidade e reconhecimento que Besouro Azul merece”, escreveu a atriz no Instagram ao agradecer o carinho dos fãs.

Marquezine ainda completou que é muito grata aos colegas de elenco e que apoia o movimento para melhorias na indústria: “Estarei sempre ao lado de iniciativas que lutem pelo progresso da comunidade artística, seja no meu país ou no exterior”, afirmou.

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