Estas são as minhas ‘divas pop’ do rap

Duquesa, Ebony, Tasha e Tracie e AJuliaCosta estão invadindo o mainstream

Por Romulo Santana Atualizado em 25 mar 2025, 10h43 - Publicado em 25 mar 2025, 09h01
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o meio do ano passado, o mainstream teve que parar para ouvir o nome da rapper Duquesa, capa da edição de março da CAPRICHO, ecoar. O motivo? O lançamento de seu novo álbum, Taurus Vol.2.

Até ali, eu nunca tive contato com seu trabalho – sejamos sinceros, todos temos medo de furar nossa bolha e experimentar aquilo que é desconhecido. Por isso, escolhi levar um tempo e ficar de canto analisando o movimento. Depois de alguns dias, precisei fazer aquele exercício sofrido de sair da minha zona de conforto e dar o play para entender se aquela garota realmente era tudo aquilo mesmo.

Tudo pareceu meio mágico, como se pela primeira vez alguém me dissesse coisas familiares, mas que ainda assim eu precisava ouvir. Nos primeiros segundos do álbum, durante a faixa intro, Duquesa diz:

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“Ela vem com uma mulher branca
Me olhando feio na loja
Ela vem como a velha Branca
Sempre segurando a bolsa
Ela vem como segurança
Me seguindo em toda a loja
Ela vem como um enquadro
Se vier não tenho escolha”

Vários amigos meus já relataram o enquadro policial como uma realidade na adolescência. Eu nunca passei por isso, mas assim como a Duq, por vezes, já fui seguido por mulheres brancas em lojas.

Lembrei também da primeira vez que minha mãe me mandou ir sozinho ao mercado – e será que tinha como esquecer? – porque essa também foi a primeira vez que fui acusado de roubo por um segurança. Os sentimentos que esse episódio me gerou estão representados no trecho: “E que Deus me perdoe se eu sentir tanto ódio, sei que sempre tento e como eu tento.

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Suas questões colocadas logo na primeira canção do álbum soam como um grito que precisa ser escutado pela sociedade. Logo de cara, a sensação que tive é que essa teria sido a primeira vez que o rap me disse: “Ei, Rômulo, eu sei como você se sente.” 

Será que essa é a sensação que pessoas como Tasha e Tracie, Jeyza Ribeiro (antes de ser a Duquesa), ou quem sabe o meu irmão, sentiam quando ouviam os Racionais MC’s?

Sou suspeito para falar, porque sou da mesma quebrada que Mano Brown, o Capão Redondo. Mas foi somente na casa dos vinte, depois de ouvir o trabalho de Duq, que entendi qual era o meu lugar no rap. Nos versos dela, eu pude enxergar minha individualidade, minha racialidade, meus afetos, minha consciência de classe. E por que não o lugar de prazer pessoal? Fale em alto e bom som o nome dela.

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