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Filme sobre o Maníaco do Parque tenta nova perspectiva, mas perde o foco

Estrelado por Giovanna Grigio e Silvero Pereira, o longa tenta trazer uma perspectiva fictícia sobre o caso que chocou o Brasil em 1998

Por Arthur Ferreira Atualizado em 29 out 2024, 15h13 - Publicado em 21 out 2024, 19h00
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filme Maníaco do Parque, lançado recentemente pela Amazon Prime Video, tenta recontar um dos crimes mais chocantes do Brasil: a história do serial killer Francisco de Assis Pereira, que assassinou 11 mulheres no Parque do Estado, em São Paulo, no ano de 1998.

Com a onda crescente de filmes baseados em crimes reais, era uma questão de tempo até que uma adaptação do caso chegasse às telas. No entanto, o longa acaba tropeçando em sua própria narrativa ao trazer elementos ficcionais, resultando na mistura de duas perspectivas que parecem perdidas.

Ao invés de focar diretamente na história real e mostrar como a investigação aconteceu de fato, ou desenvolver a figura do serial killer, o filme adota uma abordagem centrada em Elena, uma personagem fictícia interpretada por Giovanna Grigio. Ela é uma jornalista que luta para emplacar sua primeira grande história enquanto enfrenta o machismo em sua redação.

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O problema é que, ao fazer isso, o filme transforma a investigação em um clichê já batido: a repórter destemida que, sozinha, resolve o caso e monta aquele clássico painel cheio de fotos e anotações. A criação dessa personagem, embora com a intenção de subverter a narrativa e dar protagonismo a uma mulher, não foi bem-sucedida.

A construção dramática da protagonista não engaja o espectador, e os momentos que deveriam ser de grande impacto emocional passam despercebidos. Existem alguns pontos em que o trauma dela com o pai é citado, mas a abordagem do tema não é tão importante para a história e tampouco instigante por si só. As vítimas do crime, figuras centrais na tragédia real, aparecem como números na tela, sem a devida profundidade ou relevância.

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Outro ponto que ajuda a enfraquecer o filme é a adição da irmã de Elena, personagem interpretada por Mel Lisboa. Ela assume um papel didático, uma espécie de Wikipédia ambulante que surge para esclarecer pontos de forma simplista sobre o comportamento psicopático, algo que diminui o peso dramático do enredo. É como se precisassem explicar tudo, o tempo todo, para o público.

A boa performance de Silvero Pereira, que interpreta Francisco, também fica prejudicada por uma abordagem que não se aprofunda no perfil do assassino. O filme não oferece um panorama claro sobre a motivação e o método do criminoso, enfraquecendo a tensão nas cenas que deveriam gerar maior impacto.

Silvero é, com certeza, a parte mais intrigante no filme. O público, que se acostumou a ver ele sempre atuando em papéis com recortes LGBTQ+ e culturais do nordeste – representações importantes, mas que podem limitar sua carreira -, agora tem a oportunidade de o ver interpretando um personagem diferente.

Dirigido por Maurício Eça, o mesmo da trilogia sobre o caso Richthofen com Carla Diaz e do desastroso Turma da Mônica Jovem: Reflexos do Medo, o longa tenta trazer elementos visuais interessantes e uma boa ambientação dos anos 90, mas isso não é suficiente para salvar a produção. Mesmo com nomes de peso no elenco e uma grande produção, o filme falha em envolver o público e em fazer jus à gravidade do caso que retrata e principalmente, à memória das vítimas – sua principal intenção.

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