pós lançar os desastrosos filmes Morbius, Venom e Venom: Tempo de Carnificina nos cinemas, a Sony Pictures provou que continua apostando em longas medíocres sobre o universo do Homem Aranha em seu mais recente lançamento, Madame Teia. Estrelado por Dakota Johson, o filme chega aos cinemas nesta quinta-feira (15), mas a CH já assistiu e pode garantir: é um dos filmes de super-herói mais genéricos dos últimos anos (e olha que a competição é boa).
Para contextualizar: no universo das HQ’s da Marvel, a Madame Teia é uma das principais aliadas do Peter Parker. Ela chama a atenção por ser extremamente enigmática e por ter uma história intrigante: Cassandra Webb nasceu com uma doença neurológica que a deixou cega e paraplégica, mas que também lhe concedeu poderes que a permite prever o futuro e ter habilidades psíquicas.
Inicialmente, a ideia de trazer uma personagem tão diferente para um filme de origem solo é ótima, principalmente em um momento em que os filmes de super-heróis não estão obtendo o mesmo sucesso que na década passada. Porém, no fim das contas, esse é só mais um longa que tenta se diferenciar das demais produções do gênero, mas que não tem a coragem de sair do convencional.
Em alguns casos, é possível analisar se um filme vai ser frustrante apenas assistindo aos primeiros cinco minutos. Esse é o caso aqui. Logo na primeira cena, Madame Teia bombardeia o espectador com uma narrativa completamente clichê, mas sobretudo indiferente e apática ao mostrar o passado da mãe da protagonista e a origem dos poderes de Cassandra.
Além disso, é neste momento em que conhecemos o vilão, que também é um dos grandes problemas do filme. Sem carisma e sem uma motivação compreensível, o personagem interpretado por Tahar Rahim é a grande ameaça, mas ele parece ter sido retirado de absolutamente qualquer outra história.
A única coisa diferente por aqui, além dos poderes de Cassandra, é a tentativa de equilibrar elementos de thriller em um filme de super-herói. Há sim, momentos de suspense que são muito bem executados e deixam o espectador ansioso pelo o que pode vir aí, como a cena do metrô, mas é somente isso. Um eterno “vem aí”. A narrativa, que sempre joga a história para um lugar comum, faz com que esses elementos de thriller não funcionem tão bem quanto em outras produções como Batman (2022), por exemplo.
Uma das poucas coisas que funcionam em Madame Teia é a pequena dose de humor seco, principalmente por parte da personagem de Dakota Johnson. Algumas piadas funcionam muito bem, mas mais uma vez: não é o suficiente. Talvez essa seja uma das principais críticas: o longa quer ser diferente, mas não se arrisca a ponto de conseguir rir de si mesmo. O filme se leva a sério demais e é apenas mais um filme de super-herói.
Um exemplo disso é que assim que o trailer foi divulgado, a frase “ele estava na Amazônia com minha mãe quando ela pesquisava aranhas pouco antes de morrer” foi tirada de contexto e virou um grande meme nas redes sociais. Não sabendo aproveitar o hype, a frase foi retirada da versão que foi aos cinemas.
acabei de descobrir que a fala "he was in the amazon with my mom when she was researching spiders just before she died” foi cortada de madame webpic.twitter.com/Z6ai4bSuXM
— joneto (@netodojo) February 13, 2024
he wears shorts skirts, i wear t-shirts, he was in the Amazon with my mom when she was researching spiders just before she died https://t.co/1LqCfm8OdZ
— MH (@DapperSteve) February 13, 2024
O filme reúne um elenco ótimo, mas as performances dos atores são extremamente prejudicadas e desperdiçadas por um roteiro medíocre. Talvez um ponto positivo nesse quesito tenha sido a química entre a personagem de Dakota Johnson e as adolescentes que ela precisava salvar, interpretadas por Isabela Merced, Sydney Sweeney e Celeste O. A relação entre essas personagens completamente desconhecidas começa sem ligação alguma e completamente artificial na primeira hora de filme, mas consegue conquistar o público em seus momentos finais – outro problema, o filme acaba justo quando começamos a comprar que um laço começa a ser criado entre elas.
Ao se passar nos anos 2000, o filme desperdiça mais uma carta coringa na mão. Com uma obsessão pela estética Y2K crescendo cada vez mais na mídia, o filme parece usar pouco disso – quase nada. Há uma piada aqui e ali, uma trilha sonora com hits como Toxic, de Britney Spears, mas nenhum elemento icônico consegue salvar um filme que desperdiça todo o seu potencial em troca de tudo o que é mais genérico na indústria. ⠀
A péssima condução de Madame Teia só levanta ainda mais questionamentos sobre a capacidade da Sony Pictures em gerir um universo próprio do Homem-Aranha.
Madame Teia chega aos cinemas no dia 15 de favereiro