
Melly ‘aprendeu a perder o controle’ e quer visibilidade no The Town
Em entrevista à CAPRICHO, artista reflete sobre liberdade criativa, parcerias e conexão com Os Garotin no palco do festival.
o dia 6 de setembro, Melly sobe ao palco do The Town como convidada do grupo Os Garotin, em uma apresentação que promete unir as forças artísticas dos novos nomes da música brasileira. A cantora e compositora baiana vive uma fase intensa na carreira: além da estreia no festival, ela lançou recentemente o Amaríssima V2, versão remixada e colaborativa de seu álbum de estreia, e participou de um projeto especial que homenageia Djavan.
“Essa participação dá um frio na barriga enorme. É um grande festival, uma grande vitrine. Tem muita energia envolvida disposta a encontrar artistas novos”, contou Melly à CAPRICHO sobre o show no The Town. Para ela, o convite de Os Garotin tem tudo a ver com afinidade: “A conexão que eu tenho com Os Garotin já basta. Musicalmente a gente conversa bastante. Temos uma sinergia legal. Isso vai ficar evidente no palco.”
O convite oficial partiu do curador do festival, Zé Ricardo, mas a relação com os artistas já existia nos bastidores. “Eu conheci o Anchietx antes, tinha visto um clipe dele e gostei muito. Depois a gente se encontrou num festival e começamos a trocar. A proposta do The Town veio depois, mas caiu em boas mãos.”
Pode esperar muita entropia. Rio e Bahia são muito semelhantes, mas também discrepantes. A gente tem características bastante únicas e vai ser interessante ver isso junto. Vai ser puro êxtase.
Melly sobre show com Os Garotin no The Town 2025
O novo projeto, Amaríssima V2, marca o encerramento do ciclo do álbum Amaríssima, e também uma mudança no processo criativo de Melly. “Acho que Amaríssima foi um momento de reflexão interna muito mais íntimo do que eu planejo para os próximos trabalhos. Eu concluí esse ciclo com o Amaríssima V2 entendendo que amadurecer também é abrir mão do controle, pelo menos para mim.”
A cantora, que sempre teve um trabalho muito minucioso, participando de todos os processos por trás da sua carreira, aprendeu a “perder o controle” com o Amaríssima V2. Colaborar com outros artistas, que trouxeram novas perspectivas de suas músicas foi um ponto chave nesse processo, que contou com poucas intervenções de Melly.
Ser humano é poder enxergar pelo olhar do outro também até a gente juntar tudo e dar a imagem completa. Só a minha imagem é uma partezinha minúscula.
Melly
Com colaborações de nomes como Duda BEAT, Rachel Reis, Luccas Carlos e Illy, o álbum traz releituras que expandem as faixas originais para novas sonoridades. “Não me meti na composição de ninguém, eu só quis receber aquele axé.”, resume Melly, que se diz especialmente empolgada para apresentar duas faixas ao vivo: Derreter e Suar com Duda BEAT, e Gaveta/Onironauta, que ganhou elementos do Candomblé nos novos arranjos.
Melly também foi uma das artistas convidadas a regravar clássicos de Djavan. Sua versão para Tenha Calma e Nem Um Dia surgiu com um certo medo, mas também com gratidão. “Foi assustador de início, porque é uma responsabilidade enorme. Djavan impulsionou a Black Music e o jeito de falar sobre amor. Me senti validada por poder tocar no trabalho dele.”
Com uma trajetória marcada por festivais importantes, prêmios e parcerias com grandes nomes da música, Melly também se emociona ao pensar no que tem construído com sua geração. “É massa juntar perspectivas e aprender com o outro. A arte às vezes é solitária, e a gente vive uma geração que tornou alguns processos artísticos muito mecânicos e superficiais. Por isso é tão importante que empresas e festivais incentivem encontros como esse.”
No dia 6 de setembro, ela sobe ao palco do The Town para celebrar essa trajetória, ao lado de Os Garotin — e com a liberdade criativa que só vem para quem aprende a soltar as rédeas.
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