Performance e estética original trouxe vencedora no ‘Caravana das Drags’
Em conversa com a CAPRICHO, Hellena Borgys, que levou o título de Soberana da Caravana, diz que a competição foi 'muito desafiadora'
Apresentado por Xuxa e Ikaro Kadoshi, a primeira temporada de Caravana das Drags chegou ao fim na última quinta (25). Após percorrer 9 estados do Brasil apresentando um elenco icônico e muito talentoso, o reality original da Prime Video consagrou Hellena Borgys com o título de Soberana da Caravana.
“O programa foi só mais uma coisa na minha vida, ele não foi meu ápice sabe e sim, uma coisa que me ajudou a impulsionar o meu trabalho. Eu ainda tenho muito o que trabalhar, então eu vou seguir aqui lindíssima no meu quartinho criando as minhas coisas e fazendo os meus vídeos”, comemorou Hellena em conversa por telefone com a CAPRICHO.
Hellena existe há cinco anos e foi criada pelo artista Uátila Coutinho, bailarino profissional que criou sua drag como forma de trazer a vida seus desenhos de infância. O nome é uma grande homenagem a sua avó, que assistia as novelas de Manoel Carlos (famoso pelas protagonistas chamadas Helena) junto com ele.
E a jornada da 1ª vencedora do reality é digna desse título, viu?. Após um início tímido na disputa, Hellena foi o grande destaque do terceiro episódio ao vencer dois desafios em sequencia. A partir daí ela dominou a competição e conseguiu emocionar os jurados com suas performances e ela ganhou até um apelido carinhoso de Xuxa.
“A Xuxa viu alguma coisa em mim dentro de todo mundo que ela conhece, então eu super aceito ser a “pequena Hellena” dela”, brinca Uátila.
Ao longo do programa, a drag chamou atenção pela estética original em seus looks e cabeças, todos feitos manualmente em um trabalho coletivo; afinal, quem complementa as roupas é seu marido, Thales Cristóvão.
“Às vezes as pessoas olham os looks e acham que precisa ser muito caro, quando na verdade você consegue ressignificar. A roupa da apresentação caricata, por exemplo, foi pintada a mão porque a gente queria um tecido amarelo com bolas roxas e é muito difícil de achar
Em conversa com a CAPRICHO, Uátila nos contou mais sobre seu processo de criação, curiosidades e seus momentos favoritos em Caravana das Drags.
Leia a entrevista completa:
CAPRICHO: Durante a temporada, você recebeu o apelido de “pequena Hellena” da Xuxa. Como foi receber tantos elogios e ver a Xuxa diversas vezes emocionada com as suas apresentações?
Uátila Coutinho: Olha, para mim é gratificante. A Xuxa, além dela ter uma importância muito grande na minha vida, ela é uma pessoa icônica, né? Ela tem uma carreira e desde quando ela começou, ela fez uma história. Ela é mundialmente famosa. Ela já assistiu coisas pelo mundo inteiro e já viu artistas de todos os tipos. Então se ela olhou para mim e viu alguma coisa, eu acho que eu tenho que ser muito grata. A Xuxa viu alguma coisa em mim dentro de todo mundo que ela conhece, então eu super aceito ser a “pequena Hellena” dela.
No seu Instagram, você já falou que grande parte dos seus looks, se não todos, foram produzidos em parceria com o seu marido, Thales. Como foi esse processo?
Disponibilizaram uma verba para gente que era para ajudar nos looks, eu tenho orgulho em dizer que eu não gastei nada mais do que a verba. Às vezes as pessoas olham os looks e acham que precisa ser muito caro, quando na verdade você consegue ressignificar. A roupa da apresentação caricata, por exemplo, foi pintada a mão porque a gente queria um tecido amarelo com bolas roxas e é muito difícil de achar. Na hora de fazer, nós também pensamos nas cores dos looks porque elas tem que passar a emoção certa. O Thales é o figurinista. Ele assina todas as roupas, eu faço todas as cabeças e todas as coisas saíram daqui de casa. Na época da produção, nossa casa não tinha como andar dentro. A gente teve amigos que vieram morar aqui por dois meses praticamente, só para ajudar a gente. Todas as coisas que vocês assistiram no Caravana saíram daqui de dentro de casa e todas têm a nossa mão e o nosso cuidado.
Você mencionou as cabeças, um grande diferencial seu na competição, e eu queria saber de onde vem a concepção dessa estética das cabeças?
Eu nunca consegui me sentir bem usando o cabelo, então quando eu comecei eu ficava careca. Mas eu também não sentia que estava legal. Aí eu comecei a pintar a cabeça, eu pintava com tinta e desenhava um cabelinho. Só que por eu ter o ombro largo e ser alto, às vezes eu sentia que a minha cabeça ficava muito pequena e não estava proporcional. Às vezes quando eu fazia um show dançando, escorria a maquiagem e não conseguia durar. Então até eu encontrar essas cabeças foi um processo. Demorou quase quatro anos de Drag e isso veio porque a Hellena é um grande Cartoon. Ela é um grande desenho animado. Então eu trouxe essa coisa dura e rígida que tem um formato de desenho com muito brilho em cima para esconder as imperfeições. Elas são feitas de forma intuitiva, eu não vi nenhum tutorial. A gente foi criando um negócio até dar certo.
Qual seu look favorito?
Eu nem consigo dizer qual eu gosto mais, porque como a gente fez então eu tenho carinho por todas. Mas acho que talvez meu favorito seja a noiva. Eu amo muito porque eu sempre sonhei em ter um vestido de noiva. Inclusive aquele vestido não foi feito. Ele foi comprado de uma noiva que se casou com ele, então tinha uma história. E para mim, isso é muito importante.
Qual foi o look mais difícil de produzir?
Tiveram uns bem trabalhosos, porque o Thales foi aprendendo muito conforme ele foi fazendo. Ele não costurava há muito tempo, então tinham coisas que a gente queria fazer, mas não sabíamos como iria dar certo. Todos foram realmente muito trabalhosos, o look de noiva demorou dias para ser bordado. Ele tinha 6 mil pedrinhas e todas foram coladas manualmente, então deu muito trabalho. A cabeça da Amazônia, que é de folhas, a ideia inicial que a gente teve foi um fiasco. A gente não conseguiu fazer, todo mundo começou a brigar dentro de casa, porque aquilo não dava certo.
Na final, precisou se apresentar online após testar positivo para Covid-19. Como você recebeu essa notícia?
Sabe quando você trava e não sabe o que fazer? Eles me deram opções: ou eu participava por vídeo, ou eles não conseguiriam parar o projeto e esperar. A princípio eu queria desistir, eu não queria participar por vídeo porque a emoção não seria a mesma. Também tinha a questão de eu estar com Covid e eu não queria parecer que eu estava banalizando isso. Como eu poderia falar para a produção que no dia seguinte eu conseguiria gravar sem nem ter ideia de como eu iria acordar? E realmente, no dia da gravação eu estava com muita febre, eu nem falei para eles para não me impedirem.
No dia eu demorei para fazer a make, porque eu fazia um pouco e deitava. Eu tinha que vestir a minha roupa sozinha, ninguém podia chegar perto de mim. Eu estava com saudades do meu marido e eu descobri que ele estava lá e eu não podia encontrar com ele. Foram muitas emoções, por isso eu me sinto tão merecedora do prêmio. Não que as outras não merecessem, eu acho que todo mundo que ganhasse ali ia ser incrível. Eu acho que ter a oportunidade de mostrar o nosso trabalho já é incrível, uma iria ganhar porque é o que devia ser feito. Mas fico muito feliz com a minha vitória, foi muito desafiador para mim.
Durante a temporada você se manteve bastante constante e foi muito bem na maioria dos episódios. Qual foi a prova que você se sentiu mais desafiado?
Eu me preparei muito para ir para o programa. Eu sabia que eu teria que fazer diversas coisas que eu não domino, então eu me preparei. Eu sou uma pessoa que acredita em talento trabalhado. Você tem talento? Você trabalha e aprimora. O stand up para mim foi desafiador e deu muito deu tudo certo, mas eu lembro que eu não conseguia andar para chegar no palco porque eu estava muito nervosa. Eu dançava há muitos anos, mas eu nunca passei por aquilo de ter que pegar o microfone e ter que fazer todo mundo rir. É muito fora do que eu faço.
Como foi a jornada de assistir o programa inteiro até o momento da sua vitória?
Olha eu senti muito orgulho de mim. No início as pessoas falavam que eu não falava muito de mim, só que eu estava convivendo com pessoas que eu não conhecia, então é natural eu ter um tempo para me abrir e ter um tempo para falar coisas. Assistindo o programa, eu vi que realmente eles me colocaram do jeito que eu sou na vida. Eu tento muito trabalhar a empatia na minha vida, eu acho que é uma coisa que todo mundo deveria fazer e é difícil. Então eu me orgulho de que isso tenha aparecido no programa.
Hellena, e agora? O que podemos esperar de você depois de receber o título de Soberana da Caravana? Quais são os futuros projetos?
Eu acho que vocês podem esperar o que vocês quiserem de mim, porque eu vou dar um jeito de fazer as coisas acontecerem. Eu vou continuar focada trabalhando para que as coisas venham. O programa foi só mais uma coisa na minha vida, ele não foi meu ápice sabe e sim, uma coisa que me ajudou a impulsionar o meu trabalho. Eu ainda tenho muito o que trabalhar, então eu vou seguir aqui lindíssima no meu quartinho criando as minhas coisas e fazendo os meus vídeos. É por isso que eu sempre peço para que me sigam nas redes sociais, eu tenho muitas coisas para mostrar ainda que eu não consegui mostrar no programa.