Coletivo Britney’s Crew une mulheres e fortalece a cena feminina do skate

Conheça o projeto independente que estrela campanha da nova coleção da Adidas com a Farm

Por Sofia Duarte 12 nov 2021, 11h05
Meninas do coletivo de skate Britney's Crew em campanha da Adidas com a Farm
Britney’s Crew para a coleção da Adidas com a Farm Adidas/Divulgação

Um coletivo independente que fomenta a cultura do skateboard através de eventos, campanhas, produções audiovisuais e ações“, é assim que o Britney’s Crew, fundado em 2016, se define. O propósito das integrantes da iniciativa se dá em torno da união de meninas e do estímulo do senso de coletividade, conforme explicam Thayná Gonçalves e Eloiza Bernardino em entrevista à CAPRICHO.

Estamos com o coletivo para quebrar barreiras, para cutucar mesmo e para fazer com que a cena feminina esteja cada vez mais forte e unida“, afirma Thayná, carioca de 25 anos que anda de skate desde os 12 e se descobriu videomaker por meio do coletivo – inclusive, se formou em um curso de audiovisual para mulheres pretas do Cinema Nosso, instituição que surgiu em 2000 a partir do processo de seleção do filme Cidade de Deus. “Movimentamos a cena e agregamos conexões no Brasil e até fora dele. Conscientizamos sobre a equidade de gênero, e a nossa missão é empoderar mulheres a andarem de skate e também terem acesso ao mercado“, completa. “Eu formei o meu caráter através do skate. O coletivo está aí para descobrir meninas, potencializar essas meninas e dizer que elas são capazes e, mais ainda, mostrar para as marcas que elas são capazes.”

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A vivência no coletivo também abriu caminhos diferentes para Eloiza, de 21 anos, que hoje também trabalha como modelo. “O coletivo é um grande movimento, uma parada de representação. Não dá pra falar quem é e quem não é Britney’s, eu acredito que é sobre se reconhecer. Se você é mina e curte andar de skate, você é uma Britney. Se você vai pra pista e se sente sozinha, manda mensagem para outras meninas e faz um grupo”, diz Elô.

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Integrante do coletivo Britney's Crew andando de skate em campanha da Farm com a Adidas
Thayná Gonçalves, do Britney’s Crew, para a coleção da Adidas com a Farm Adidas/Divulgação

Elas explicam que recebem mensagens no Instagram diariamente de meninas pedindo indicações de instrutoras que dão aulas de skate, perguntando onde vai ser a próxima sessão, como montar um skate e outras dicas. “A primeira coisa que a gente pergunta é de onde a pessoa é. Porque o coletivo tomou uma proporção tão grande que, às vezes, não temos noção de que uma mina lá de Manaus está acompanhando a gente. Não é só eixo Rio-São Paulo. Aí, conectamos ela com outra mina que conhecemos nesse estado para dar esse suporte”, conta Thayná. Quando rolam encontros presenciais, a troca entre as skatistas também é muito valiosa – não só pelo aprendizado de manobras, mas também pelo intercâmbio de experiências.

Integrante do coletivo Britney's Crew andando de skate em campanha da Farm com a Adidas
Eloiza Bernardino, do Britney’s Crew, para a coleção da Adidas com a Farm Adidas/Divulgação
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As integrantes do Britney’s Crew também comentam a respeito do machismo que ainda acontece (e muito) nas pistas de skate e qual é o papel do coletivo diante dessas situações. “Chegar numa pista em que você só vê caras andando é ruim demais, você se sente oprimida. Você está ali tentando sua manobra, e o cara vem e fala ‘Não, é assim que manda, manda desse jeito’, interferindo na manobra. E tem vários casos de minas que procuram a gente para falar que pararam de andar de skate por conta disso”, afirma Thayná. “Tem muito essa de a menina tentar uma manobra em um obstáculo e o cara vir mandar a mesma manobra e acertar na frente da menina. Então, são essas coisas que o coletivo faz a gente encarar, chegar de bonde na pista e falar ‘O que você quer? Sai fora, ninguém perguntou a sua opinião’. Ter coragem para enfrentar a situação, e nós só queremos dar o nosso rolê em paz, independente se for para mandar ollie ou se a gente quiser ficar só sentada no skate conversando, a gente está aqui trocando de qualquer forma.”

Meninas do coletivo Britney's Crew andando de skate em campanha da Farm com a Adidas
Britney’s Crew para a coleção da Adidas com a Farm Adidas/Divulgação

Quando acontecem casos de machismo, racismo ou lgbtfobia na pista, o coletivo costuma denunciar nas redes sociais e procura dar suporte para a vítima, seja com um contato jurídico ou deixando o perfil do Instagram à disposição. “A gente fala: ‘Vocês estão precisando fazer uma live, publicar um texto? O que vocês querem fazer? O nosso canal está aberto para isso.’ Não podemos nos calar. Já deu. Acontece que muitas meninas têm medo e não conseguem expor. Mas, agora, com essa união do coletivo e de vários outros espalhados pelo Brasil, as meninas têm força para denunciar, falar mesmo e cobrar“, completa Thayná.

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As meninas do Britney’s Crew estampam a campanha da nova coleção da Adidas com a Farm e, na nossa conversa, ressaltam o quanto é fundamental haver um apoio efetivo dentro da cena feminina do skate. “É muito importante as marcas olharem esse tipo de campanha que encaixa o skate e colocar skatistas reais, que representam o skate real“, diz Thayná. “É muito gratificante olhar para o momento em que estamos agora. Jamais imaginaria que um coletivo de skate feminino teria tanta potência para participar de uma campanha de Adidas e Farm. Faz a gente acreditar que tudo é possível, sabe? E, além da campanha, ficamos mais felizes ainda por acreditarem na nossa essência e abraçarem o que a gente faz.”

Meninas do coletivo Britney's Crew andando de skate em campanha da Farm com a Adidas
Britney’s Crew para a coleção da Adidas com a Farm Adidas/Divulgação

“Eu fico muito feliz com isso”, completa Eloiza. “É muito importante as marcas prestarem atenção em tudo o que está acontecendo. Às vezes, parece que é passageiro, que é moda, mas não é. É uma causa que sempre deveria ter tido apoio, mas as pessoas não param para olhar o skate feminino e os espertes femininos no geral. Hoje, estamos vivendo uma atenção maior das marcas, que veem isso tanto como um investimento, quanto também como uma questão de causa, de saber que elas têm que apoiar de verdade. Isso é muito lindo e fico superfeliz de participar junto com as manas e de estar deixando um legado.”

Obrigada, meninas, por movimentarem a cena de uma forma tão poderosa e por nos inspirarem a continuar andando de skate! <3

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