Você é apaixonada por moda e já teve vontade de criar sua marca para expressar a sua personalidade de um jeito diferente? Isso aconteceu com Melissa Rodrigues, de 23 anos, que começou a customizar suas peças ainda na adolescência e, mais tarde, se encontrou como criadora da sua própria etiqueta, a Achei Super Cool, que possui um conceito sustentável por usar técnicas como o upcycling e o rework. Em entrevista à CAPRICHO, ela contou como foi esse processo, quais são suas inspirações e dicas para pessoas que querem trilhar um caminho parecido.
“Quando era adolescente, consumia muitas revistas. Com 12 anos, já tinha contato com a CAPRICHO e boa parte das minhas referências foi moldada pelas edições da revista”, disse. “Eu gostava de customizar as minhas peças, seguir as tendências e, na época, a internet não era como hoje, que temos acesso a muita informação tão rápido. Então, como não encontrava muita coisa, até por morar no interior [de Minas Gerais], comecei a cortar, pintar e costurar as minhas roupas.”
Após finalizar o Ensino Médio, Melissa passou por aquela dúvida comum que muitos vivem. “E agora? Em que área quero seguir?”, pensou. “Entrei para uma faculdade de design e fui estudar em Belo Horizonte. Fiz um período e vi que amei, mas queria fazer algo voltado para moda. Teria que ser design de moda e acabei me mudando para Brasília para estudar.”
“O curso era prático. Aprendi como fazer modelagem, fazia coleção todo semestre e fui despertando uma vontade de continuar criando.” Ela se formou, se mudou para Goiânia e logo veio a pandemia de Covid-19. “Eu tinha uma máquina de costura, mas ela costumava dar problemas. Como estava passando bastante tempo em casa, decidi aprender a costurar mesmo, me dedicar a isso, e comprei uma máquina nova.”
As primeiras peças que ela mesma fez foram bucket hats e, o melhor, a partir de calças jeans que não serviam mais e estavam na pilha de doações. Os amigos gostaram e, a partir daí, começou a divulgar e a vender – tudo de um jeito superespecial, devido ao conceito sustentável por trás. “Sempre gostei de brechó. Tinha um pequeno acervo de roupas que garimpei e comecei a customizar.”
Melissa também passou a fazer criações inclusive a partir de peças que não foram vendidas. “Trabalhei na identidade visual da marca, estudei sobre upcycling e rework e me encontrei de verdade“, lembrou. “Para a primeira remessa de lançamentos, usei o que já tinha em casa. Agora, já faço garimpos em brechós, bazares e aproveito até peças que meus amigos iriam doar. Comecei a trabalhar em uma empresa que faz protótipos para marcas e acabo pegando tecidos que sobram e que seriam descartados. Uso coisas de segunda mão ou de descarte.”
“Sempre gostei de ter contato com peças que são difíceis de achar, que são muito únicas, que pertenceram a outras pessoas e carregam uma história. E isso tem relação com a sustentabilidade, com a questão de: ‘Para onde vão as roupas?'”, explicou. “O meu objetivo é entender que as roupas têm uma vida útil e que, mesmo quando você acha que esse ciclo acabou, pode ter um tecido ali que dá para aproveitar e desenvolver algo novo. Sempre tem uma forma de reusar.”
As publicações informativas no Instagram da Achei Super Cool trazem explicações e dicas superlegais sobre esse assunto. “Atingi muita gente que, até então, tinham um pouco de preconceito com essa ideia [de sustentabilidade e roupas reaproveitadas] e começaram a curtir. Porque tem a questão de a peça já ter uma história, de saberem quem fez, de me conhecerem e entenderem que tem um valor ali. Ainda carregamos um pensamento de que as roupas de brechó devem ser baratas, então eu tento explicar o que está envolvido no meu trabalho. Vou garimpar a peça, vejo se o tecido está bom o suficiente, se consigo aproveitar a modelagem… Tento fazer com que as pessoas entendam que é muito legal consumir de marcas que fazem peças únicas. E, por mais que eu não trabalhe com encomendas, você pode me dar uma sugestão e posso fazer algo de acordo com o meu estilo e do material que eu tenho.”
As referência de Melissa vêm muito do Pinterest e de marcas como Gucci e Miu Miu, que, mesmo não trabalhando com rework, acabam sendo uma fonte de inspiração para suas ideias. Foi daí que surgiu uma de suas peças favoritas, um vestido com parte de cima de cetim, aproveitada de um slip dress, com paetês e estampas e texturas diferentes.
E você aí que tem o sonho de criar a sua própria marca de roupas… Será que precisa fazer uma faculdade especializada? A jovem de 23 anos acredita que não. “A faculdade de moda é muito elitista. Os materiais são caros e alguns professores não entendem que você não tem condições de comprá-los, então é difícil. Mas, hoje, existem vários cursos livres. Você pode fazer um curso de modelagem e assistir a vídeos no YouTube para aprender a costurar, por exemplo.”
“Você precisa achar o seu público, entender para quem está fazendo as suas peças, estudar um pouco de marketing e redes sociais… Quer costurar as suas peças? Ótimo! Quer terceirizar e mandar para uma costureira do seu bairro? Também vale a pena! O importante é você ir atrás do que quer, estudar, se dedicar e acreditar na sua ideia. Não vai com o pensamento de que a sua marca vai estourar logo de cara, não é bem assim. Temos que ter paciência e persistir mesmo, porque se você acredita naquilo, vai dar certo“, aconselhou.
Desejamos muito sucesso para você, Melissa! <3