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Dendezeiro explora diferentes significados de medo e liberdade no SPFW

Estilistas Hisan Silva e Pedro Batalha também se inspiraram no livro 'Capitães de Areia', de Jorge Amado, para criar coleção

Por Sofia Duarte Atualizado em 29 out 2024, 15h57 - Publicado em 13 abr 2024, 23h07

A marca soteropolitana Dendezeiro fez seu quinto desfile no São Paulo Fashion Week neste sábado (13), apresentando a coleção ‘Para aqueles que acreditam na liberdade‘, que simbolizou as fases da vida, passando pelo nascimento, a adolescência, a vida adulta, o trabalho e o casamento, chegando à morte e pós-morte, através dos looks.

O desfile da dupla de estilistas Hisan Silva e Pedro Batalha mapeou 30 personalidades diferentes, que vão desde um estudante de medicina que sonha em ser cantor a uma mulher recém-viúva, imaginando o que significa medo e liberdade para cada uma delas, entrelaçando o passado ancestral com desejos para o futuro. “Nesses últimos cinco anos que a gente viveu na moda, nos deparamos com diversos sentimentos. A moda foi extremamente libertária pra gente, na nossa personalidade, na nossa identidade, mas ao mesmo tempo também trouxe alguns desafios que precisavam ser superados”, afirma Pedro em entrevista à CAPRICHO.

Majur desfilando para Dendezeiro no SPFW N57
Majur desfilando para Dendezeiro no SPFW N57 Ze Takahashi/ @agfotosite/Divulgação

“Nessa coleção, a gente retrata essa dicotomia e essa sintonia que existe entre os nossos sentimentos do dia a dia, os conflitos que existem dentro da nossa personalidade, quem a gente é, do nosso trabalho, dentro de casa, como a gente se comporta nas ruas, como somos enquanto família”, completa.

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“Tem look que é uma noiva, uma pessoa que sempre sonhou em casar e viver a cerimônia do casamento, mas não necessariamente viver o dia a dia do casamento. Então, como é que a gente consegue trazer esses dois universos para essa pessoa que quer estar no altar, mas no dia a dia quer ficar no seu sofá tranquila e não viver determinados relacionamentos. Dentro de cada look, cada personagem, a gente traz esse vai e volta, de eu quero me sentir livre, mas eu tenho medo de determinado espaço”, explica Hisan.

Desfile da Dendezeiro no SPFW N57
Desfile da Dendezeiro no SPFW N57 Ze Takahashi/ @agfotosite/Divulgação

Na passarela, tivemos a presença de personalidades como a deputada federal Erika Hilton, os cantores Thiago Pantaleão, Rebecca e Majur, e as influenciadoras Sarah Aline e Lore Improta, desfilando peças de alfaiataria e tapeçaria, que já são características da marca baiana. O conceito também foi inspirado pelo livro Capitães de Areia, de Jorge Amado, que se passa nas ruas de Salvador e narra a trajetória de meninos do trapiche que tentam sobreviver às adversidades da vida.

Erika Hilton desfilando para Dendezeiro no SPFW N57
Erika Hilton desfilando para Dendezeiro no SPFW N57 Ze Takahashi/ @agfotosite/Divulgação
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Os diretores criativos da Dendezeiro também comentaram quais são as dificuldades que têm enquanto marca para resistir na moda brasileira e colocar um desfile de pé no SPFW N57. “Enquanto uma marca que nasce na Bahia, que vem do Nordeste, a gente tem todo esse trâmite e essas várias noites sem dormir para construir as nossas coisas. Porque a gente fala sobre uma moda nacional que não necessariamente divide as ferramentas para todos os lugares. Sair de lá e vir pra cá para apresentar o nosso desfile, falar a história que a gente está contando e voltar pra casa e entender que determinadas ferramentas a gente tem que fazer malabarismo para conseguir utilizar. E assim que tem se construído a moda nacional durante muito tempo. Cada vez mais marcas espalhadas pelo Brasil estão conseguindo mostrar sua identidade e falar sobre quem são, mas é impossível a gente falar que essas marcas não passam pelas dificuldades”, declara Hisan Silva.

“No fundo, a gente não quer que a impossibilidade nos impeça de realizar o nosso sonho e fazer o nosso trabalho”, complementa Pedro Batalha. “Um dos motivadores principais é que, depois de muito tempo, a gente acredita que temos com o que contribuir para a moda. As impossibilidades vão sempre existir, principalmente se você é um criador preto, LGBT, nordestino, mas, tirando essa camada, também tem o criativo, o designer. E esse segmento que o mercado acaba atribuindo a nós dificulta com que a gente alcance outros espaços, viva outros tipos de experiência, porque também queremos que a atenção principal do nosso trabalho seja o empenho, a dedicação e o design mostrados na passarela. E a vontade de mostrar isso faz com que a gente persista diante dos obstáculos que vêm pela frente“, finaliza.

Pedro Batalha e Hisan Silva, estilistas da Dendezeiro, no SPFW N57
Pedro Batalha e Hisan Silva, estilistas da Dendezeiro, no SPFW N57 Ze Takahashi/ @agfotosite/Divulgação
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