Da estilista Clara Postal Pasqualini, a marca Fauve estreou nas passarelas da SPFW N57 nesta quinta-feira (11) com a coleção “Prelúdio”. Com um elenco todo feminino e uma história que vagueia pelo processo de amadurecimento da mulher, da infância à vida adulta, a etiqueta brincou com tecidos, formas, estruturas e componentes para criar um desfile visualmente instigante, sedutor e leve.
Jeans, alfaiataria, estampas que remetem à identidade da Fauve, tules e tecidos de pelúcia formaram peças que, combinadas com estruturas não convencionais, como um suporte de vestido oval, e formas que davam a elas movimentos ao contornarem e criarem ondas pelo corpo, mesclavam a inocência do branco com a sensualidade da transparência. Este ponto, inclusive, chama atenção por modelos que traziam formatos entendidos como infantis mas com um olhar mais maduro.
Construir essa coleção também foi um processo complicado pela dificuldade de ser uma marca independente, já que, como Clara afirma em entrevista à CAPRICHO, “as marcas pequenas fazem mágica com os recursos que elas têm”. Analisando o cenário atual, a estilista acredita que o problema é a falta de reconhecimento da moda como “trabalho de verdade”. “No Brasil, parece que é algo desnecessário, mas na verdade todo mundo consome arte e precisa de arte. Eu acho que primeiro de tudo reconhecer que as pessoas precisam disso pra viver e que a moda é uma plataforma de expressão”, pontua.
A história ganhou um toque especial pelos acessórios que trouxeram, para além dos tons de preto, branco e dourado, predominante já nas roupas, texturas e matérias-primas diferentes. Em colaboração com a marca Gila de Argila, a coleção é acompanhada por bolsas, brincos e colares de cerâmica e de argila, que também contribuem para a ideia de remeter ao passado e olhar para o futuro que “Prelúdio” busca fazer. Além disso, em um modelo específico, a madeira também é utilizada para compor tanto a roupa quanto uma espécie de bolsa de madeira com um cadeado, similar a um cofre.
Outros dois detalhes que chamam a atenção são as faixas de cabelo, tendências desde o ano passado, e um acessório de mão preto com uma garra dourada na ponta. A cor, além disso, foi a predominante nos acessórios e nos detalhes nas roupas — o prata, aqui, ficou para trás.
Na maquiagem, assinada por Bianca Megda, o básico tomou conta: iluminador, corretivo em pontos específicos para correção de cor, blush bem marcado e rosado e lápis contornando a boca da mesma cor das modelos. Em entrevista à CH, Bianca contou que essa escolha feita por ela e por Clara tem o intuito de “trazer quase que uma inocência dessa mulher com o blush rosado, a pele superleve e iluminada”.
O glow da pele foi combinado, em algumas modelos, com um olhar mais marcado e esfumado o que, para Bianca, representa a mulher que passou por esse processo de transformação e amadurecimento para chegar onde queria — situação em que ela se vê refletida. “Acredito que as [makes] mais carregadas são sobre chegar no ápice. Quando você consegue chegar lá e sente o poder que o olho mais carregado traz, te faz se sentir poderosa”, explica.
O básico dividiu espaço com um toque especial nos detalhes da maquiagem com pinceladas de argila. Inspirada por um momento de skincare caseira, Bianca percebeu como seria interessante trazer este componente, presente nos acessórios, no rosto.
“O desfile fala sobre prelúdio, ou seja, tudo o que vem antes de acontecer alguma coisa. Então, a gente tentou trazer essa imagem dessa mulher que está fazendo acontecer de alguma forma para chegar em algum lugar, um sentimento que também reflete essa passagem tanto para mim quanto para a Clara, a gente chegou em algum lugar que a gente queria. Eu tenho me visto nessa evolução junto com a marca”, finaliza.