De todos os empreendedores brasileiros, 40% são pretos ou pardos, enquanto 35% são brancos, e o resto inclui amarelos e indígenas, segundo a pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM) de 2018, realizada pelo Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBQP) em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). No entanto, deste número, 45,5% dos negros abrem o próprio negócio por necessidade, enquanto, em relação aos brancos, esse recorte é de 28,5%.
O estudo Empreendedorismo Negro no Brasil, feito pela PretaHub, do Instituto Feira Preta, em 2019, mapeia os perfis dos empreendedores, divididos em necessidade, vocação e engajado. Algumas das descobertas são que 81% dos empreendedores negros entrevistados se autodeclaram pardos; 52% são mulheres; 69% têm de 18 a 39 anos; 40% é do Sudeste e 31% do Nordeste; 49% estudou até o Ensino Médio e 37% possui renda familiar entre R$ 2 mil e R$ 5 mil.
Adriana Barbosa, CEO da PretaHub e presidente do Feira Preta, contou à CH qual é o maior desafio dos empreendedores negros. “O Brasil negro é empreendedor em sua essência, esse é o maior legado dos povos africanos para o país. O grande desafio é transcendermos da necessidade para oportunidade. Somos a maioria como micro empreendedores e precisamos ser maioria como empresários em médias e grandes empresas. O teto de vidro do micro precisa quebrar. Está na hora de essa gente preta mostrar o seu valor”, disse.
A empreendedora negra, de acordo com Adriana, evidentemente passa por mais dificuldades. “O empreendedorismo por necessidade é mais forte entre as mulheres negras em comparação às brancas, e a informalidade também é marcante nesse perfil. No entanto, elas têm mais escolaridade do que os homens negros e estão mais preparadas em termos de educação empreendedora. Mesmo assim, as mulheres negras ganham menos do que todos os outros grupos, quase cerca de metade do rendimento das empreendedoras brancas.”
O consumo de negócios criados por empreendedores negros é um dos passos que podemos tomar em colaboração à luta antirracista. Pensando nisso, separamos 12 marcas desenvolvidas por mulheres negras para você apoiar! Confira:
Zâmbia
A marca carioca foi criada em 2017 pela estilista Vívian Ramos, que cresceu em uma família que tinha o artesanato como renda extra e sempre quis montar o seu próprio negócio. Hoje, ela pretende valorizar não só a mulher empoderada que usa suas peças, mas as artesãs da baixada fluminense que as confeccionam. “O conceito por trás da marca é criar produtos autorais com temas brasileiros e, principalmente, mostrar a força da mulher negra. As fotos e campanhas são feitas 100% com mulheres negras, porque eu quero me ver representada na minha marca e quero que as outras marcas se espelhem nisso”, Vívian disse à CH.
Azulerde
A marca de acessórios, fundada pela pernambucana Karla Batista em 2015, tem a maioria de sua produção feita a partir do upcycling, reaproveitando resíduos sólidos coletados no Recife. Os itens são urbanos, modernos e cheios de personalidade!
Sr. Biju
Lançada pela dupla de Niterói, no Rio de Janeiro, Sarah e Carla Fonseca, em 2012, a Sr. Biju vende acessórios divertidos e descolados que fazem a diferença no look!
Xiu!
A cantora Tássia Reis revelou à CH que sua vontade de criar uma marca surgiu com “a percepção de que o mercado da moda é bastante restrito aos padrões eurocêntricos que não atendem ao Brasil em sua plenitude diversa.” O nome da etiqueta faz referência à famosa expressão “lugar de fala” e significa que ela mesma vai contar a sua história. “Xiu, me escuta, pois eu tenho a minha própria voz“, completou Tássia.
Angela Brito
A estilista Angela Brito, natural de Cabo Verde e moradora do Rio de Janeiro, criou sua própria marca de roupas em 2014. Suas coleções na pegada minimalista têm muita originalidade e itens elegantes e diferentões ao mesmo tempo.
A-AURORA
O objetivo de Izabella Aurora Suzart, fundadora e diretora criativa da A-AURORA, é unir moda, arte e política em sua marca. Estamos falando de bolsas e calçados com um design único, feito para mulheres contemporâneas.
370
Se você gosta de conforto, a gente garante que a 370 vai te conquistar! Glaucia Lopes abriu o empreendimento ao lado de sua mãe e sua tia, que é costureira. O melhor de tudo é que são roupas sustentáveis, feitas sob medida para qualquer tamanho a partir do reaproveitamento de garrafas plásticas. Incrível, né?
Xongani
A marca foi fundada por mãe e filha: Cris Mendonça, gerente de produção, e a ativista e estilista Ana Paula Xongani. Agora, devido à pandemia do coronavírus, a Xongani está revertendo 100% do seu lucro ao plano de apoio emergencial da associação Lar Maria Sininha, atuante na zona sul de SP.
Baobá Brasil
A paulistana Tenka Dara criou a Baobá em 2006, após sua viagem para Moçambique. “Lá, as mulheres têm uma relação muito forte com os tecidos. Eu fiquei apaixonada pela infinidade de temas que as estampas têm e os diferentes usos desse tecido, a capulana”, afirmou à CH. A empreendedora também disse que o conceito de sua marca está muito ligado à sua relação com o continente africano. “Eu vi que a África é viva, dinâmica, as pessoas estão produzindo arte e cultura contemporâneas muito interessantes, e eu voltei dedicada a falar sobre essa África urbana. Criei uma moda brasileira com base na cultura afrocontemporânea.”
Baobá, o nome escolhido para a etiqueta, é uma árvore africana que representa o conhecimento ancestral e pode viver até 6 mil anos.
Adriana Meira Atelier
Estamos apaixonadas pelas roupas feitas sob encomenda pelas mãos da baiana Adriana Meira. As estampas das saias, blusas, jaquetas e vestidos são exclusivas e muito maravilhosas! <3
A Julia Costa Shop
Para quem ama tendências como top curtinho, saia bandagem, biker shorts, conjuntinho de moletom, neon e holográfico, a loja da Julia Costa tem tudo isso!
Afro Beach Brasil
Estava sentindo falta da moda praia nessa lista? A marca da designer Edna Correa Rosa resgata as raízes africanas por meio de seus maiôs e biquínis com estampas étnicas e mistura de cores.
E aí, sua próxima comprinha vai rolar em qual dessas lojas?