djetivos como colorido, intenso, impressionante, emocionante e alegre serviriam bem para descrever o retorno da Meninos Rei às passarelas da São Paulo Fashion Week, que aconteceu na tarde desta quarta-feira (16) no Shopping Iguatemi, em São Paulo. Entretanto, a que mais se aproxima da experiência de quem viveu o desfile, presencialmente, é a palavra vivo.
A justificativa não se estende somente às estampas coloridas e conhecidas, às personalidades famosas que participaram do desfile como Deborah Secco, Lore Improta ou Cris Viana, ou ao pequeno show proporcionado por Sheila Mello e Beto Jamaica, em homenagem ao “É O Tchan”, porque a coleção “Suco de Axé” esteve viva e vibrante desde o primeiro look colorido, até a surpresa muito bem-vinda do branco, energizando ainda mais todo o recinto em um momento de homenagem especial a Oxalá.
O desfile, o retorno de Junior e Céu Rocha, criadores da Meninos Rei, ao SPFW após duas edições sem financiamento, também representa a comemoração de 10 anos da marca, que, para eles, são “dez anos de história, dez anos de resistência”.
@capricho A coleção “Suco de Axé”, da MeninosRei, marca do #JúniorRocha e do #CéuRocha foi de celebrar: as origens baianas e afro-brasileira, os dez anos da marca, o retorno ao #SPFW e Oxalá. #SaoPauloFashionWeek
Em meio às comemorações, o tema da coleção, “Suco de Axé”, é também uma festa às origens baianas dos fundadores da marca, em uma celebração do orgulho de ser baiano. “Hoje a gente apresentou uma coleção que foi puro ‘suco de axé’, foi baianidade, foi axé. Teve homenagem aos blocos afros, ao surgimento do axé, por meio da trilha sonora, com Luiz Caldas”, exemplifica Céu.
Para a coleção, a marca criou três estampas autorais, duas coloridas e com cores vibrantes e uma branca com a estampa em cinza bem claro. Para quem não conseguia imaginar a marca elaborando peças a partir do branco, a escolha do tom foi certeira e mostrou como, mesmo em modelos sem a estampa em cinza claro, eles são capazes de impressionar com cortes, caimentos, babados e ângulos – uma versatilidade inovadora que prova as potencialidades da marca para além do que já é conhecido.
Outra novidade foram os modelos de beachwear, também estampados e que garantiam tanto modelos clássicos quanto cortes mais diferenciados – como uma blusa em tecido de biquíni masculina com um ombro de fora e decote.
Mesmo com toda a coleção, dos pés à cabeça, sendo um prato cheio para dividir o olhar entre ‘o que prestar atenção primeiro’, as bolsas, feitas com palha de piaçava e palha da costa, conquistaram um destaque extra seja pela extravagância de formato ou de tamanho das franjas de palha, seja pelo cuidado minucioso que faz desenhos na palha e une miçangas na decoração.
A união de miçangas e da palha, nas bolsas, brincos e chapéus, foi um ponto de cor muito bem pensado e que não se perdeu em meio à estampa das roupas – nas que estavam coloridas. Os sapatos, elaborados em parceria com a Arezzo, seguiram à risca o estilo da marca e da coleção, com cores intensas e desenhos geométricos em saltos e papetes.
Em entrevista à CAPRICHO, Céu e Júnior compartilharam como a moda, para eles, é um espaço de liberdade e como relembrar o passado e suas raízes é retomar este ideal. “Mesmo na infância, a gente sempre se manifestou através das roupas. Eu lembro nossa mãe levava a gente na feira de tecidos, a gente escolhia, mesmo tecido floral estampado, a mãe falava ‘ah meu filho tá tudo bem”, a gente ia na costureira, falava ‘eu quero um short, quero uma calça’, a gente sempre teve essa liberdade”, contam.
Esse é um dos motivos pelos quais elas buscam deixar de lado rótulos do que ‘está na moda ou não’ e prezam pela liberdade criativa. “A gente não se preocupa muito com o que é tendência, com o que está na moda, a gente descontrói absolutamente tudo que é imposto pelo mercado da moda, porque a gente acredita numa moda que você alimenta e exerce a sua liberdade. E eu falo todo dia, tudo que é feito com amor e com verdade, floresce, e o nosso momento é esse, então axé”, finaliza Céu.
Já na beleza, a responsável pelo conceito da maquiagem do desfile, Katia Celene Araújo, representante da MAC, contou à CH que, partindo da retomada das memórias infantis na Bahia dos meninos, o dourado surgiu como uma representação de ancestralidade, pontuado no canto interno do olho dos modelos e combinada com uma iluminação translúcida e leve da têmpora.
Para a homenagem à Oxalá, foi pintada uma faixa branca no olho dos modelos e, na retomada da cultura baiana e da Timbalada, banda tradicional da Bahia, alguns modelos tiveram o colo, tronco e braços pintados de branco.