Minissaia: a história da peça que conquista as mulheres desde os anos 1960

O item surgiu na época da segunda onda do feminismo, e é popular até hoje!

Por Sofia Duarte 5 jul 2020, 10h00

A história da minissaia, item do nosso guarda-roupa que a gente tanto ama, começa lá nos anos 1960, quando ganhou destaque entre as mulheres jovens. Mas por que isso aconteceu? A CH te explica!

Mulher participante da British Society for the Protection of Mini Skirts; Twiggy usando minissaia; desfile da Dior em 2020 Getty Images/Juliana Dias/CAPRICHO

Depois da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), houve uma explosão de nascimentos de bebês, o chamado baby boomer. Ou seja, na década de 1960, o mundo estava cheio de jovens vivendo o movimento da contracultura, que foi responsável por contestar padrões conservadores da época. Ainda nesse período, outros acontecimentos foram fundamentais para o espírito revolucionário das jovens, como a segunda onda do feminismo e a comercialização da pílula anticoncepcional nos Estados Unidos.

“Os jovens se mostravam bem revolucionários nesse sentido e abraçavam diversas causas, como a causa contra o preconceito racial e contra a Guerra do Vietnã”, explica a professora de moda Mitsuko Shitara, da Faculdade Santa Marcelina.

Mulheres usando saias acima do joelho em 1966, em Londres Harry Todd/Fox Photos/Hulton Archive/Getty Images
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A moda é uma expressão sociocultural que acompanha os comportamentos das pessoas ao longo da história. Isso significa que as roupas mudam conforme surgem novos valores da sociedade e, nesse caso, estamos falando de um contexto jovem de insatisfação política. Foi aí que a alta-costura, caracterizada por peças luxuosas feitas sob medida, entrou em decadência, e o prêt-à-porter, definido pela produção em larga escala, teve sua ascensão. Por consequência, a saia longa precisava perder pano para se tornar mais funcional e mais barata para um grupo de mulheres jovens e feministas.

Nesse sentido de uma mulher mais ativa, mais participante da sociedade, a saia mais longa da década de 1950 não funcionava mais para essas jovens. Então, a minissaia acaba se impondo. E a saia curta é muito mais prática do que a mais longa“, explica Mitsuko Shitara.

Os historiadores não têm um consenso sobre quem realmente começou a produzir as minissaias, que estavam aparecendo em filmes e revistas que abordavam o tema da emancipação feminina, como Manequim, O Cruzeiro, Figurino e Claudia. No entanto, existem dois estilistas que são considerados precursores na criação da peça: o francês André Courrèges e a britânica Mary Quant.

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Mary Quant nos anos 1960; coleção de roupas futuristas de André Courrèges na década de 1960 Getty Images/Juliana Dias/CAPRICHO

Para você ter uma ideia, a minissaia se tornou tão popular que, em 1966, quando o estilista Christian Dior não a colocou em suas coleções, um grupo de mulheres integrantes da British Society for the Protection of Mini Skirts (Sociedade Britânica de Proteção às Minissaias, em português) protestou com cartazes que diziam “minissaias para sempre” e “a injustiça de Dior com as minissaias”.

Mulheres da “British Society for the Protection of Mini Skirts” fazem protesto na frente de loja da Dior, em 1966 Larry Ellis/Express/Getty Images
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A partir disso, vários outros estilistas desenvolveram modelos de minissaia, e a moda de rua, o street style, passou de fato a influenciar as passarelas. A peça se tornou tão icônica que, como sabemos, até hoje dominam nossos armários e desfiles de grifes famosas, como aconteceu com a Dior na última semana de moda de Paris.

Desfile da Dior na semana de moda de Paris em março de 2020 Peter White/Getty Images

E aí, você gostou de conhecer a história da minissaia? Conta pra gente o que mais te surpreendeu nisso tudo!

Fonte entrevistada nesta matéria: Mitsuko Shitara, professora de História da Moda da Faculdade Santa Marcelina.

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