Durante a Casa de Criadores, evento que celebra a moda autoral nacional, a Nalimo, primeira marca indígena do Brasil, apresentou a coleção ‘Ciranda‘, nesta quinta-feira (7), no Centro Cultural São Paulo. A ideia da estilista Day Molina foi celebrar uma manifestação popular protagonizada por mulheres e unir suas raízes pernambucanas, a espiritualidade e a resistência da luta feminista.
“Trazemos para essa coleção figuras femininas fortes, poderosas, icônicas e que celebram o poder das mulheres”, afirma Day Molina em entrevista à CAPRICHO. “Em ‘Ciranda’, a gente tem uma relação de contextualizar também as nossas emancipações enquanto mulheres, as nossas necessidades de se colocar no mundo em diferentes segmentos”, acrescenta.
Na passarela, vimos um casting 100% feminino e especialmente pensado para ser composto por mulheres que fazem parte do dia a dia do ateliê da marca e até consumidoras. O resultado foi uma diversidade de mulheres indígenas, brancas, negras e quilombolas.
@capricho Day Molina, estilista da Nalimo, explica protagonismo feminino da coleção Ciranda apresentada na #CasadeCriadores 53 🤎✨ #modaindigena #modaancestral #feminismo
A ciranda também foi referenciada nas silhuetas das roupas da Nalimo. “Ciranda, pra mim, está em um contexto da minha memória de infância. Em Pernambuco, a ciranda tem uma relação espiritual, mas também muito ancestral e lúdica. É uma manifestação cultural que envolve as pessoas, tem uma magia na dança, na forma como conecta as pessoas”, comenta a estilista.
Além disso, o desfile trouxe o significado da ciranda para o feminismo, que tem a ver com os laços da comunidade feminina e a luta em comum por uma sociedade mais igualitária. “É sobre a gente estar em movimentos circulares, lado a lado, de mãos dadas, e é isso que a gente quer imprimir também nessa coleção, a força do coletivo e da mulher no mundo”, conclui Day Molina.
Ao final da apresentação na Casa de Criadores, as modelos apareceram erguendo placas com frases como ‘O futuro é ancestral’, ‘Até que todes sejamos libres’, ‘Afeto, ação, política’ e ‘Raízes profundas, revolução subterrânea’. A diretora criativa da marca surgiu com um megafone para passar um recado: “Nós, mulheres, estamos mudando o mundo. […] Essa revolução começou há muito tempo e tem ganhado cada vez mais força. E a gente transforma o mundo pouco a pouco, e é isso que eu tenho feito na moda, usado a moda como uma ferramenta de ativismo, de luta, de comunicação.”