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Uniforme olímpico do Brasil retoma debate de valorização à moda nacional

Coleção feita pela Riachuelo para as Olímpiadas de Paris foi criticada nas redes sociais, que pediram por marcas como Misci e Dendezeiro

Por Mavi Faria Atualizado em 29 out 2024, 15h35 - Publicado em 17 jul 2024, 17h25
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á cerca de um mês, foi divulgada a coleção oficial de uniformes que a seleção brasileira irá utilizar nas Olimpíadas de 2024 em Paris. Confeccionadas pela Riachuelo, marca gigante de varejo do Rio Grande do Norte, as peças misturam as cores da bandeira do Brasil e imagens de animais silvestres, como tucanos e onças-pintadas, bordados em jaquetas jeans.

A partir daí e até o momento atual, os comentários nas redes sociais têm sido de insatisfação pela qualidade, beleza das peças e pela marca escolhida para representar a nação.

Os principais modelos, incluindo saias brancas, a jaqueta jeans bordada e camisetas nas cores verde, azul e amarela, serão vestidos pelos atletas na cerimônia de abertura. É comum que todos os países sejam representados por meio das roupas, seja em desenhos, texturas ou modelos. Em Olimpíadas passadas, por exemplo, atletas brasileiros já entraram de chinelo Havaianas e chapéus panamás, que são aqueles modelos de sambista.

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A expectativa nesse momento é que a cultura do país seja glorificada ao seu máximo, já que é exposta ao mundo todo. A insatisfação virtual em relação aos trajes aumentou ainda mais com a divulgação das coleções de outros países, que foram assinadas por marcas de luxo como Ralph Lauren, Berlutti e Emporio Armani, que desenvolveram, respectivamente, as coleções dos Estados Unidos, da França e da Itália.

Já no quesito beleza, foi a delegação da Mongólia que causou ainda mais polêmica nas redes, com a galera comparando seus detalhes com a simplicidade da coleção da Riachuelo.

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O debate seguiu para levantar alternativas que poderiam ter sido escolhidas, e nomes do mercado nacional, como Misci, Farm e Dendezeiro surgiram como marcas que conseguiriam traduzir a rica cultura nacional em peças de moda únicas e criativas.

Os pedidos de troca da marca responsável pela coleção foram tantos que até Hisan Silva, um dos diretores criativos da Dendezeiro, subiu a hashtag #UniformeDendezeiro, oferecendo a própria etiqueta baiana para produzir uma coleção nova em tempo recorde.

 

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A hashtag entrou nos tópicos mais comentados do X (ex-Twitter) e, mesmo sem a possibilidade de assinar a delegação brasileira, a marca publicou um comunicado na tarde da última segunda-feira (15) confirmando a coleção própria de uniformes, sem nenhum vínculo com a seleção brasileira.

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Na nota, a Dendezeiro afirma que, “sem nenhum vínculo oficial com entidades de eventos esportivos”, eles buscam realizar um “tributo às nossas raízes culturais ao desenvolver uma coleção completamente autoral, fortalecendo a diversidade de símbolos nacionais históricos presentes no mundo da moda”.

Já o diretor criativo da Misci, Airon Martin, em comunicado no Instagram, refletiu sobre a imagem que queremos passar do Brasil para o mundo e comemorou o pedido popular por marcas nacionais que trouxessem posicionamento ao país. Segundo ele, “a marca do Brasil precisa ser revisitada, e a moda precisa ser o início desse novo pensamento”.

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Print do story do Instagram do diretor criativo da Misci, Airon Martin.
@aironmartin/Instagram/Reprodução

O comentário de Airon traz para o debate da coleção da Riachuelo a reflexão de qual valor é dado à moda nacional no Brasil e de que forma ela é entendida como parte crucial da nossa cultura. Tendo em vista a dificuldade de se fazer moda no Brasil pela falta de incentivo nacional, é uma surpresa positiva haver um clamor popular por peças que representassem a cultura brasileira de forma ímpar, cuidadosa, com designs inovadores e referências tão complexas quanto a nossa cultura é.

Quem sabe o debate tão disseminado na internet possa motivar não somente argumentos ainda mais profundos, mas atitudes que, de fato, contribuam para a valorização da nossa moda para muito além do estereótipo do que é o Brasil.

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