Oi! Eu sou a Zahyra, da Galera Capricho, e hoje vou dar meu relato, como quem está acompanhando de perto as mudanças climáticas no Norte do País.
Quando se fala em Amazônia, para muitos, vem na mente floresta e água. Sim, nossas grandes riquezas são as exuberantes florestas e os km de água. Uma ostentação natural. Porém, nos últimos dias, o Amazonas vem acompanhando uma de suas piores secas desde 2010, quando a cota chegou em 13,63 cm. A questão é que, de acordo com os órgãos responsáveis, essa deve ultrapassar e ser a maior de todos os tempos.
Quase todos os municípios do Amazonas estão sofrendo os efeitos da seca na região. E ela não afeta apenas as águas, mas sim, toda uma cadeia logística da população ribeirinha. Imagine só quando precisamos se locomover por transporte fluvial e a água não está ali?
Trazendo para a minha realidade, estudante de uma escola que fica em uma comunidade ribeirinha chamada Tumbira, hoje falarei um pouco sobre a dificuldade dos alunos para terem acesso à escola.
As mudanças climáticas que impactam a educação
Onde eu estudo, por exemplo, atende também outras comunidades da redondeza. Alguns alunos precisam pegar uma lancha para chegar aqui, e para chegar a tempo, precisam sair muito mais cedo de casa. Ana, uma das minhas colegas, optou por não vir para aula por conta da dificuldade, que ela me contou em detalhes:
“Saindo minha casa até chegar no lago, eu gasto aproximadamente uns dez minutos andando. Depois, mais uns cinco minutos remando, até chegar do outro lado do lago, que me dá acesso à praia. De lá, eu pego o transporte, chegando na praia, levo uns 20 a 25 minutos”.
Ana disse ainda que, se hoje ela viesse, levaria até 1h30 pra chegar na escola. Vale ressaltar que ela recebe os conteúdos via internet, sendo assim, ela não chega a ficar tão atrasada nas aulas. Mas, infelizmente, minha amiga não é um caso isolado.
É possível afirmar que em alguns municípios, vários alunos já não conseguem fazer o trajeto por conta da vazante, e segundo a Secretaria de Educação do Amazonas (Seduc), caso a vazante continue a se acentuar nos municípios, pelo menos 20 mil alunos podem ser impactados.
É importante ressaltar que, além dos alunos e suas dificuldades com essa estiagem, todas as outras pessoas também sofrem. E os principais problemas está no isolamento das cidades, o risco de desabastecimento de produtos e a falta de acesso à saúde. E claro, a questão da navegação, visto que um dos principais meios de transporte no Amazonas é pelos rios.
A seca nos mostra a importância do cuidado com o meio ambiente. Nosso ar está tomado de fumaça, resíduos das queimadas nas florestas, a logística cada vez mais difícil. Fica aqui a reflexão: nós somos a geração que podemos mudar esta realidade.