Contrários a França, Vaticano afirma que aborto é “um ataque à vida”

Academia do Vaticano afirma que o aborto "não pode ser visto exclusivamente da perspectiva dos direitos das mulheres".

Por Mavi Faria Atualizado em 29 out 2024, 16h07 - Publicado em 4 mar 2024, 17h50
A

ntes mesmo da decisão histórica da França de incluir a legalização do aborto em sua Constituição ser efetivada, a Pontifícia Academia para a Vida do Vaticano já havia se posicionado contra a proposta francesa, com a justificativa de que “precisamente na era dos direitos humanos universais, não pode haver um ‘direito’ de suprimir uma vida humana”.

Na nota compartilhada, a Academia reitera o apoio à posição da Conferência Episcopal Francesa — contrária à decisão do Congresso —  e afirma que “o aborto, que continua sendo um ataque à vida desde o início, não pode ser visto exclusivamente da perspectiva dos direitos das mulheres”, embora são as mulheres as mais prejudicadas quando não há a seguridade do aborto legal.

A Pontifícia Academia para a Vida do Vaticano é um órgão encarregado das questões bioéticas e, segundo o portal de notícias do Vaticano, encarregados de “estudar, informar e formar sobre os principais problemas da biomedicina e do direito, relativos à promoção e defesa da vida”.

Para os bispos da Academia do Vaticano, a contrariedade ao direito do aborto não é uma posição ideológica porque “a defesa da vida não é uma ideologia”.

Continua após a publicidade

O apoio aos bispos franceses também é um apelo a “todos governos e a tradições religiosas” para que a proteção à vida seja uma prioridade, “com passos concretos em favor da paz e da justiça social, com medidas eficazes para o acesso universal aos recursos, à educação e à saúde”.

Um manifestante segura uma placa que diz “Meu corpo, meu útero, minha escolha” durante uma reunião silenciosa na Place de la Sorbonne, organizada pelo movimento “Aborto na Europa”, em Paris, França, em 28 de fevereiro de 2024.
Um manifestante segura uma placa que diz “Meu corpo, meu útero, minha escolha” durante uma reunião silenciosa na Place de la Sorbonne, organizada pelo movimento “Aborto na Europa”, em Paris, França, em 28 de fevereiro de 2024. Getty Images/Getty Images

A decisão tomada nesta segunda-feira (4) pelos parlamentares do Congresso francês é um passo histórico na luta pelos direitos femininos — pela primeira vez, um país garante o direito ao aborto seguro em sua Constituição. Embora a França já tivesse uma lei que garantisse o aborto, a inclusão do direito na Carta Magna do país é uma garantia de que este direito constitucional será seguido e obedecido.

Continua após a publicidade

Para os bispos da Academia do Vaticano, a contrariedade ao direito do aborto não é uma posição ideológica porque “a defesa da vida não é uma ideologia”.

Além disso, eles reclamam que o debate acerca do aborto livre não mencionou nenhuma medida de “apoio para aquelas que gostariam de manter seus filhos”, mesmo que essa questão não entre na discussão justamente porque as mulheres que querem manter seus filhos não correm risco e não serão obrigadas a abortarem em nenhuma hipótese, a menos quando o aborto acontece de forma natural.

Para entender melhor qual a situação do aborto no Brasil — que, por sinal, é proibido com pena de até três anos —, confira esta outra matéria.

Publicidade