Ela é menina, maranhense e foi aprovada em 5 universidades nos EUA

CAPRICHO conversou com Hayêssa Siqueira, de 17 anos, que é movida a conquistar um sonho: estudar no exterior.

Por Juliana Morales Atualizado em 29 out 2024, 18h45 - Publicado em 25 abr 2023, 06h00
É

preciso ter teimosia de não abandonar nossos sonhos em meio a tantos perrengues. É assim que Hayêssa Siqueira, 17 anos, descreve sua luta para cursar a graduação em uma universidade do exterior. A jovem de Itapecuru Mirim, cidade no interior do Maranhão, foi aprovada em cinco universidades dos Estados Unidos, depois de um caminho pra lá de longo, viu?

Agora, por meio de uma campanha nas redes sociais, ela tenta mobilizar ajuda para vencer mais um obstáculo: conseguir arrecadar a quantia necessária para arcar com os custos no primeiro ano de estudos fora. CAPRICHO conversou com Hayêssa para saber mais dessa história cheia de sonhos e de muita dedicação – assim como a de muitos outros jovens por aí.

O sonho de estudar fora, para mergulhar em uma cultura muito diferente, acompanha Rayêssa desde pequena. Mas, sem referências dentro da sua realidade, ela não conseguia criar um plano de como fazer isso. Assim o sonho parecia que ia ficando guardadinho no fundo da gaveta, sabe?

“Mas tudo mudou quando eu vi o vídeo de um estudante brasileiro contando sobre a aprovação dele numa universidade do exterior. Aí eu pensei: ‘bom, se ele pode, eu também consigo'”, conta.

Então, em 2020, ela arregaçou as mangas e começou a pesquisar e estudar mais a fundo como funcionavam os processos seletivos para ingressar nas universidades americanas. E foi, então, que ela se deparou com uma realidade bem diferente da do Brasil, onde existe o tradicional Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) e provas com uma ou duas fases de cada universidade.

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“Lá eles fazem uma avaliação muito holística e completa para selecionar seus estudante. A nota do vestibular conta, mas não é a única forma de avaliação”, explica.

Rayêssa precisou buscar cartas de recomendação com seus professores, escrever redações para contar sua trajetória e seus objetivos, desenvolver atividades extracurriculares.

“Eles também consideravam o desempenho na sala de aula. É um tipo de avaliação interessante, mas também era puxado conciliar tudo isso com o meu ensino médio que era integral, eu acordava 4h30 da manhã.”

Além das atividades, a jovem também necessitava comprovar sua proficiência em inglês. “Meus pais precisaram juntar dinheiro para que eu pudesse ir ao Ceára duas vezes, realizar o TOEFL (teste de proficiência na língua estrangeira) e o SAT, que é como se fosse o Enem aqui do Brasil”, recorda.

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Ajuda dos pais

“Eu não acreditava que ela fosse conseguir”, confessa a mãe Eline Haiana, que também participou da conversa com a CH. “Não porque eu não acreditasse na capacidade dela, mas é um processo muito concorrido e tinham pessoas mais preparadas financeiramente, com mais oportunidades de estudo do que ela”, explica. E continua: “Mas é o que eu sempre disse: ‘É através do estudo que o mundo vai te abrir as portas, filha'”.

O pai, Pedro Júnior, relembra cheio de orgulho quando a filha foi fazer uma das provas. “Levamos ela em uma universidade gigante para prestar o vestibular e quando ela entrou na sala tinham apenas 12 pessoas do Brasil inteiro. Isso mostra que é um processo muito rigoroso”, ressalta.

Das cinco universidades dos Estados Unidos em que Hayêssa foi aprovada, ela escolheu cursar Psicologia na Pacific Lutheran University, em Washington. O custo anual da faculdade é de U$ 65 mil, porém, a estudante ganhou uma bolsa de U$ 43 mil. Portanto, a família precisa pagar ainda U$ 21 mil de diferença – aproximadamente R$ 103.590. Esse valor também é o mínimo exigido pelo consulado americano para que a jovem possa tirar o visto.

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Na busca de uma solução, em fevereiro, Hayêssa, junto com seus pais, criou uma campanha nas redes sociais para arrecadar o dinheiro. A ideia é conseguir bancar este primeiro ano de estudos em Washignton. Já a partir do segundo ano de graduação, ela pretende trabalhar dentro da universidade para ajudar com os custos dos anos seguintes.

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“Eu quero ser inspiração para outros jovens para eles também acreditarem que são capazes, assim como eu”, diz Hayêssa. Outro sonho dela, para quando voltar formada em Psicologia dos EUA, é trabalhar em comunidades quilombolas na sua região, atuando principalmente com as crianças em situação de vulnerabilidade social.

“Eu sei o valor de uma simples conversa, quantas vezes meus pais me incentivaram com palavras… Imagina essas essas famílias quando tiverem ajuda de um profissional?”, finaliza a jovem, cheia de esperança e vontade.

Uma história – e tanto – para se inspirar.

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