Está tão calor no Rio Grande do Sul que até o Volta às Aulas foi suspenso

Por lá, o calor pode chegar até 43ºC e escolas da rede estadual não têm estrutura adequada de refrigeração.

Por Andréa Martinelli 11 fev 2025, 08h24
A

s altas temperaturas registradas no Rio Grande do Sul nas últimas semanas resultaram na suspensão do início das aulas da rede estadual. Ou seja, por lá, em mais de 2.320 escolas administradas pelo estado, o período de Volta às Aulas foi suspenso.

Isso aconteceu porque a Justiça atendeu a um pedido do Centro dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul (Cpers) de adiamento do período devido às altas temperaturas, sob a alegação de que não há condições adequadas de estrutura para o retorno à rotina de estudos.

Na justificativa para o pedido de adiamento do início das aulas, a organização cita o alerta emitido pela MetSul Meteorologia sobre o “alto risco de calor extremo, com previsão de temperaturas excepcionalmente altas e raramente registradas”, e que por esse motivo o adiamento das aulas “visa o bem-estar e a segurança de toda a comunidade escolar”.

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“Retomar as aulas em meio a um evento climático extremo, com temperaturas que podem ultrapassar os 40°C e sensação térmica de 50°C em diversas regiões do estado, além de salas de aula e demais ambientes escolares sem a estrutura necessária para enfrentar tal situação, é colocar em risco a vida de professoras(es), funcionárias(os) e estudantes”, disse em nota.

Mas como assim, CAPRICHO? As escolas não têm ventilador ou ar-condicionado? Sim, elas têm. Mas grande parte dos locais em que ficam as escolas não têm rede elétrica que suporte todos os aparelhos de refrigeração ligados ao mesmo tempo, por exemplo. E o argumento para adiar cita que não é possível, nessas condições, retomar o ano letivo de forma satisfatória e isso pode prejudicar a saúde dos professores, quanto dos funcionários e dos alunos.

A previsão inicial era de que o ano letivo começasse ontem, segunda-feira (10), e a expectativa é que, caso o calor diminua, os alunos e professores possam voltar à rotina no próximo dia 17 de fevereiro.

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O alerta emitido pela MetSul diz que o começo do período mais crítico de calor coincide com o dia da retomada das aulas, nesta semana. A expectativa é de que, em algumas localidades do estado, o calor chegue a 43ºC. 

sala de aula vazia, com carteiras e uma losa preta ao fundo
A organização cita o alerta emitido pela MetSul Meteorologia sobre o “alto risco de calor extremo, com previsão de temperaturas excepcionalmente altas e raramente registradas” Geo Piatt/Getty Images

Mas o governo está de olho. A Procuradoria-Geral do estado recorreu da decisão na Justiça; o caso agora aguarda uma resolução. Considerando que há possibilidades de a decisão ser revertida, o governo informou que assim que chegarem a um acordo, disponibilizará informações atualizadas sobre a data de início do ano letivo.

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E isso tende a piorar...

m janeiro de 2025, a temperatura do planeta registrou 1,75 grau Celsius (°C) acima do nível pré-industrial. Foi a maior já anotada pela série histórica do Serviço Copernicus para Mudanças Climáticas da União Europeia, ficando 0,79°C acima da média de 1991-2020 para este mesmo mês, com temperatura do ar na superfície de 13,23ºC.

O governo ainda informou que as 2.320 escolas na rede estadual atendem a 700 mil alunos, e que 42% dos estudantes encontram-se em situação de vulnerabilidade social, “sendo a escola um espaço de acolhimento e segurança, onde os pais confiam no aprendizado de seus filhos enquanto trabalham”.

A entidade que entrou com a medida que adiou o volta às aulas no estado classificou como “vergonhosa” a recomendação apresentada pelo governador Eduardo Leite, que apenas sugeriu à comunidade escolar “se hidratar, vestir roupas leves, usar protetor solar e ficar atenta a possíveis situações de mal-estar”.

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