Os efeitos das mudanças climáticas estão sendo sentidos por nós de forma cada vez mais intensa e ainda podem piorar. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), as alterações no clima estão entre as dez principais ameaças à saúde pública. Nas últimas semanas, por exemplo, sentimos os efeitos de temperaturas extremas que ultrapassaram os 40ºC com sensação térmica beirando os 60ºC (!!!). Mas sabia que, além do calorão, o seu corpo e a sua mente podem realmente sofrer com as altas temperaturas? Essa situação pode ser bem grave à saúde e tem nome: estresse climático.
Estresse climático – ou térmico – é a palavra que explica quando nos sentimos estressados pelas mudanças climáticas. Em entrevista à CAPRICHO, a pesquisadora em Psicologia Ambiental Camila Bolzan de Campos explicou que o estresse é uma resposta a um fator que o causa. Esse fator pode ser o trabalho, os círculos sociais ou as mudanças que estão acontecendo com o clima. Quando elas são as causadoras do estresse, chamamos de estresse climático.
As reações do estresse térmico no corpo são comuns a quando estamos estressados: “taquicardia e de pensamento acelerado recorrente a partir daquilo”, explica Camila. Mas estudos recentes da Fiocruz mostram que especificamente o estresse climático está associado ao aumento do risco de morte por doenças cardiovasculares e respiratórias, quando comparados aos óbitos no geral.
A pesquisa ainda apontou que os sintomas do estresse térmico são sentidos quando há aumento da temperatura, incluindo nos períodos de ondas de calor, que duram em torno de três dias. Nesses períodos curtos, é comum que a resposta do corpo na tentativa de se adaptar a esse tempo seja “dores de cabeça, mal-estar e perda da agilidade nas ações”. Em grupos mais vulneráveis como gestantes, pessoas com comorbidades ou idosos, as consequências podem ser mais graves. Em mulheres grávidas, por exemplo, há um risco maior de haver oscilação na pressão arterial, como afirma a coordenadora do estudo, Sandra Hacon, em nota da Fiocruz.
Quando o estresse leva a ansiedade
O estresse climático pode não só impactar o funcionamento do seu corpo, como também se apresentar como ansiedade. “A diferença entre o estresse e a ansiedade é que ela é desencadeada a partir de uma experiência contínua de estresse. É preciso ter muito estresse para poder desencadear ansiedade”, explica a psicóloga ambiental.
Esse tipo de ansiedade, gerada pelo estresse contínuo, não é o transtorno, e sim o estado de se estar ansioso, como esclarece Camila. A partir do momento em que o estar ansioso também se torna recorrente e começa a atrapalhar o funcionamento e o bem-estar da vida, é preciso procurar ajuda de um profissional da saúde.
A angústia motivada pelas mudanças climáticas e com o futuro do planeta também podem desenvolver um transtorno paralelo: a eco-ansiedade, que até já foi abordada aqui na CH. Ela afeta principalmente jovens de 16 a 25 anos e designa o medo recorrente de sofrer uma catástrofe ambiental, gerando uma preocupação tão grande sobre o futuro de si e da sociedade que se torna uma ansiedade crônica.
A eco-ansiedade tende a afetar mais aqueles que se preocupam com o planeta e com o futuro da sua e das próximas gerações. Já com o estresse climático, a situação é um pouco diferente porque o estresse pode ser causado em qualquer pessoa, independente da sua percepção ecológica sobre o mundo.
Como se proteger do estresse climático
As consequências do estresse térmico podem ser graves ao organismo principalmente quando as temperaturas são extremas, por isso, a Unicef reuniu algumas dicas de como lidar da melhor forma possível nessas situações:
- Procure saber quais dias da semana e do mês estarão mais quentes e úmidos para planejar suas atividades externas;
- Tenha sempre perto de você contato de um profissional próximo, de ambulância e de um hospital ou centro médico;
- Tente fechar as janelas de casa durante o dia com cortina para evitar que o sol entre, e deixe-as abertas durante a noite para refrescar;
- Se possível, use ventiladores ou ar-condicionado em casa;
- Evite sair nos períodos do dia em que o sol está mais forte, dê preferência para os horários mais frescos da manhã ou do final da tarde;
- Quando estiver fora de casa, não se esqueça de redobrar a dose do protetor solar, dê preferência para sombras e, se possível, use um chapéu ou uma sombrinha para se proteger;
- Beba água o dia todo, mesmo quando não tiver sede. A hidratação aqui é muito importante.