Futura geração de futebol feminino será muito diferente, diz Gabi Portilho

CAPRICHO conversou com a atacante do Corinthians e descobriu o que ela sonha - e ainda falta - para o futuro

Por NAIARA ALBUQUERQUE Atualizado em 29 out 2024, 18h28 - Publicado em 2 ago 2023, 06h01

Gabi Portilho, atacante do Corinthians, acredita que a nossa geração de meninas – e as próximas também, viu? – que sonham em ganhar a vida com a bola no pé terão um futuro bem diferente – e com mais oportunidades – do que a sua geração teve.

Ela, que nasceu em Brasília e sempre jogou futsal, veio direto para São Paulo para começar a jogar futebol de campo. Desde então, ela não parou mais. “Eu fico muito feliz com o sub 14 e o sub 15 da seleção brasileira. Isso é muito, muito importante e eu acho que daqui uns anos essa geração vai ser muito diferente do que é hoje”, disse em papo exclusivo com a CAPRICHO.

De 2020 para cá, já foram 83 jogos como titular e 26 gols vestindo a camisa do Timão – ou das Brabas, como a torcida apelidou o time feminino. Ela também já foi convocada algumas vezes pela seleção brasileira de futebol – inclusive, ela jogou pela amarelinha na final da Finalíssima, quando o Brasil perdeu para a Inglaterra em um jogo que, apesar da derrota, foi de igual para igual, viu? Na ocasião, ela substituiu a nossa eterna camisa 10, Marta.

Além de contar pra gente sobre o que espera para o futuro da modalidade, Portilho abriu o coração e revelou suas superstições antes de entrar em campo, sobre seu gosto musical – ela ama Barões da Pisadinha e outros cantores de Pisero, viu? Ela também falou sobre como lida com os haters nas redes sociais.

Assim como toda uma geração de meninas, Portilho também sempre acompanhou Marta e Cristiane. Inclusive, ela disse pra gente que sonha em conhecer Marta e o Messi. E a gente super entende ela, né?

Leia abaixo a entrevista completa – a gente garante que vale a pena:

CAPRICHO: Como é a preparação da seleção brasileira feminina para uma grande competição? E qual o seu momento agora, no Corinthians?

Gabi Portilho: Quando joguei pela seleção, a gente entendeu logo de cara o trabalho da Pia. E isso foi mostrado no início do ano, com a Finalíssima. Foi ali que a gente viu que podia muito mais. A gente bateu de frente com a Alemanha e outras seleções. E eu acho que a seleção brasileira na Copa do Mundo vai surpreender muita gente.

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Eu tô com as melhores expectativas em relação ao Brasil. 

No momento, no Corinthians, estamos descansando, como se fosse uma pré temporada. Então é super importante a gente respirar um pouco, sabe? Saímos líder do Brasileiro e do Paulista, então isso é muito importante para continuidade, né?

Então eu acho que é um aspecto que a gente precisa evoluir muito ainda. As equipes precisam melhorar esse preparo físico, com uma estrutura digna pro profissional, né?

Gabi Portilho, jogadora do Corinthians

 

E como você se cuida nesse momento de pré temporada? 

A gente frequenta muito o clube para manter a musculatura, mas eu acho que ninguém sabe que eu tive que operar. Eu fiz uma retirada de um cisto na perna porque estava me incomodando e me atrapalhando nos jogos. Fiquei algumas semanas de molho e agora eu tô voltando, né, fazendo academia e fortalecendo para poder voltar ao campo.

E quais as suas expectativas para o Corinthians? Como foi o ano passado para você?

O ano passado foi um momento um tanto difícil. Nós ganhamos três títulos de cinco competições. Mas neste ano eu acredito que temos grandes chances de chegar em todas as competições e ganhar tudo de novo como foi em 2021. Mas é isso: no fundo a gente sabe que não adianta ficar falando, temos que mostrar em campo, com trabalho e dedicação. A gente trabalha e rala demais pra isso. Não é sorte, é trabalho. 

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Gabi, o Corinthians é conhecido por investir há alguns anos no futebol feminino. Vocês sentem essa diferença com outras equipes que não têm tanta estrutura?

É claro que a gente sempre respeita o adversário, né? A gente faz gol e não fica fazendo gracinha. A gente tem que fazer o nosso trabalho. Eu já senti essa diferença em alguns jogos contra Ceará e São Bernardo, por exemplo. É algo muito triste, porque você olha para as outras meninas que tem qualidade, mas não tem estrutura alguma. 

E claro que falta muito ainda. É claro que mais equipes estão valorizando e investindo na modalidade, mas ainda falta. E essa diferença é no físico mesmo. Se você pegar para comparar a Europa e aqui isso fica nítido. Elas têm muito mais força física e resistência. 

Então eu acho que é um aspecto que a gente precisa evoluir muito ainda. As equipes precisam melhorar esse preparo físico, com uma estrutura digna pro profissional, né?

Gabi, como foi a sua história no futebol feminino? Você teve acesso a categorias e equipes de base?

Na verdade, eu nunca tive acesso a equipes assim. Eu comecei jogando futsal. E aí eu saí de Brasília e vim pra cá. Eu fui direto pra categoria de base da seleção de campo. E foi algo surpreendente pra mim. A única base que eu tive foi da seleção mesmo. 

Por isso, eu fico muito feliz com o sub 14 e o sub 15 da seleção brasileira. Isso é muito, muito importante e eu acho que daqui uns anos essa geração vai ser muito diferente do que é hoje.

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Jogadora de futebol sorri, sentada em gramado
Gabi Portilho defende camisa das ‘Brabas’ desde fevereiro de 2020 Adidas/Divulgação

Qual a importância de ter marcas no esporte? Você mesma é patrocinada, certo?

É super importante. Pra mim, foi uma conquista e tanto quando a Adidas começou a me patrocinar no ano passado. Pensei: ‘Que ano maravilhoso. Obrigada, senhor’. 

O que você destacaria que a sua geração alcançou para a modalidade?

Eu vejo que a primeira geração fez uma mudança muito positiva, com as equipes querendo o futebol feminino. É claro que começou com uma obrigação, né?  Muitas equipes também tiveram que aprender a gostar, por causa de todo o machismo. E essa luta contra o preconceito segue até hoje. E a gente vê isso nos comentários nas redes sociais.

Como você lida com esses comentários?

Em jogo eu nunca ouvi, mas nas redes sociais ainda é presente. E isso me surpreende, afinal, ninguém é obrigado a assistir. E aí as pessoas vão lá e comentam besteira. Mas eu não costumo ler essas postagens. Até porque isso não me agrega em nada, então prefiro nem ver.  

Quais são as suas referências do mundo do futebol?

Eu sempre gostei muito da Marta, da Cristiane. Foi a partir delas que eu conheci o futebol feminino de campo, que eu nem sabia que existia. A Cristiane eu já conheci em eventos, mas a Marta ainda não conheci. 

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E entre os homens tem o Messi. Seria muito massa conhecer ele. 

E você tem alguma superstição antes dos jogos?

Na hora de acordar eu sempre peço proteção e levanto com o pé direito. Eu também sempre uso a mesma meia de um jogo que fui bem. Mas eu lavo ela, claro!

E sua família te acompanha?

Sim, eles acompanham bastante. Meu pai era jogador, né? Nunca vi ele jogar, mas falam que ele era muito bom. Mas meu pai sempre acompanha, faz churrasco e chama a família para assistir. Além da minha mãe e das minhas irmãs que sempre prestigiam.

O que você gosta de ouvir antes de entrar em campo?

Eu gosto muito de sertanejo e de pisero! Do João Gomes e Barões da Pisadinha. 

E o que você sonha para a modalidade para o futebol feminino?

Eu sonho com uma maior e melhor valorização, sabe? Atualmente a gente recebe muito mais do que recebia há 4 anos atrás, mas ainda é pouco. Porque as premiações ainda são baixas.. Então eu acho que a valorização da da atleta como profissional. De todas terem carteira assinada, é algo super importante pra modalidade.  

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Quer acompanhar a Copa Feminina?

Para entrar no clima de Copa, nós separamos 5 motivos para você torcer e muito pelas nossas meninas. Você pode ler sobre isso aqui. Também explicamos a história da camisa da seleção, que nesta edição está bem especial: é a primeira vez que a seleção feminina está jogando com uma camisa 100% pensada para elas.

Aqui na CAPRICHO nós estamos com uma cobertura completa sobre os jogos da seleção. Você pode acompanhar tudo com o CH na COPA.

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