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No Brasil, governo, marcas e entidades se unem em prol do futebol feminino

Se depender das profissionais e especialistas da modalidade, não faltarão motivos para celebrar a modalidade nesta Copa do Mundo de Futebol Feminino

Por NAIARA ALBUQUERQUE Atualizado em 29 out 2024, 18h39 - Publicado em 6 jun 2023, 16h57

Para que a nossa seleção feminina de futebol consiga trazer a tão sonhada – e inédita – primeira estrela para o escudo do uniforme da amarelinha, será necessário comprometimento de marcas, do Governo Federal, entidades e público. E todo esse engajamento já vem acontecendo, viu?

Segundo a ex-atleta da seleção feminina Aline Pellegrino, que trabalha à frente da coordenação de competições da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), temos muito motivos para comemorar o avanço da modalidade como um todo, e esse movimento não deve parar mais.

A convite da Nike, nós, da CAPRICHO, fomos até a cidade de Teresópolis, no Rio de Janeiro, para conhecer o novo uniforme da equipe e também participamos de um dia recheado de bate-papos com especialistas do meio. Além disso, entramos em campo e jogamos futebol na Granja Comary – onde as seleções costumam se concentrar antes de grandes eventos.

A galera do Instituto Bola pra Frente, que coordena projetos educativos no Complexo do Muquiço, na zona norte do Rio de Janeiro, também acompanhou todo o evento de pertinho com a gente.

Acompanhem os conteúdos que soltaremos aqui no nosso site e também nas nossas redes sociais, viu?

A Copa do Mundo de Futebol Feminino acontecerá entre 20 de julho e 20 de agosto, na Austrália e Nova Zelândia. A menos de 50 dias de seu início, o evento promete ser um marco para a modalidade. Em março, a Federação Internacional de Futebol (Fifa), informou que a premiação aumentou cerca de 300% para a modalidade e passará a ser US$ 150 milhões (ou R$ 792 milhões). Mesmo com esse avanço, ainda estamos muito distantes da premiação masculina, que na última edição, no Catar, foi de US$ 440 milhões (R$ 2,3 bilhões).

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Menina usa camisa amarela da seleção feminina de futebol
Lara Dantas, de 17 anos, é atleta da Base da Seleção Brasileira Gabriela Batista/ Nike/Divulgação

Um atraso histórico

No Brasil, a gente sabe que o caminho é longo para o futebol feminino, que enfrentou diversos percalços em sua história. Em 1941, um decreto assinado durante a ditadura do Estado Novo de Getúlio Vargas proibiu as mulheres de jogarem bola. A revogação dessa norma só aconteceu em 1979. Foram quase 40 anos de proibição, o que deixou a modalidade feminina  ‘parada no tempo’, apontam especialistas. Enquanto isso, os homens alcançavam títulos e recebiam todo o apoio.

Nos últimos anos, não foram poucos os desafios para a modalidade, mas uma maior preocupação em conseguir angariar meninas que jogam futebol – e no futuro na base da seleção tem se tornado mais frequente.

Incluindo uma decisão que saiu em 2016 pela Conmebol para que todos os clubes masculinos que participarem da Copa Libertadores da América sejam obrigados a ter uma equipe feminina – decisão que só começou a valer em 2019.

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”A gente pode celebrar tudo que está acontecendo. Se a gente olhar 40 anos atrás, agora que a gente está igualando algumas oportunidades. Pensando em tudo que aconteceu, a gente precisa estar feliz, sim. Quando a gente volta com a medalha de prata em 2004 [Durante os Jogos Olímpicos de Atenas] você tem uma semana de visibilidade e depois volta para um país que naquele momento não tinha competição. A gente voltava e cada uma ia para sua casa para jogar no time do bairro. Agora, a seleção brasileira vai voltar da Copa do Mundo e vai começar uma semi final de caMpeonato brasileiro que vai ser transmitida na TV aberta. Eu acho que o desenvolvimento passa pelas competições, não tem como”, afirmou Pellegrino, em evento na Granja Comary que aconteceu neste final de semana.

A ex-capitã da seleção feminina de futebol reforça a ideia de que o desenvolvimento da modalidade passa por um engajamento de toda a sociedade. Não só de competições oficiais, mas também que o futebol seja praticado por todas e todos: ”Se vocês hoje fizerem uma competição feminina no bairro, no prédio onde vocês moram, a gente já vai estar avançando um pouquinho mais”, acrescentou.

Meninas jogando futebol na Granja Comary, no RJ
Meninas jogam futebol na Granja Comary, no RJ Gabriela Batista/ Nike/Divulgação

Os desafios

Um dos principais percalços em disseminar o futebol feminino tem relação com as dimensões territoriais do Brasil. Desafio que Sandra Santos, ex-técnica do Santos e atual Diretora de Políticas e Promoção do Futebol Feminino no Ministério do Esporte, já está mais do que familiarizada. O desafio é pensar em políticas públicas que consigam reverter todo o atraso que tivemos durante a proibição na história. Tarefa nada fácil, né?

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Desde março deste ano Sandra assumiu o posto no Ministério. Desde então, uma estratégia nacional foi lançada pelo governo federal pelo Decreto Federal nº 11.458. Agora, o desafio é diagnosticar e entender exatamente quais projetos de fomento ao futebol feminino existem no país. Quantas meninas são atendidas? Em um segundo passo, disse Santos, será importante capacitar treinadoras e gestores para ocupar esses passos.

”Essa é a minha missão e vamos começar pelas regiões que mais precisam”, afirmou, em evento na Granja Comary.

Com as implementações dessas etapas, a ideia é que meninas que sonham em jogar com a bola no pé possam, cada vez mais, estar bem preparadas, tanto física quanto mentalmente, para representarem o nosso país.

Lara Dantas, de 17 anos, é atleta da base da seleção brasileira e também sonha com um futuro onde o Brasil oferte estrutura e oportunidades melhores para toda uma próxima geração de meninas. Atualmente, Dantas joga nos EUA e fez parte da geração que trouxe o Campeonato Sul-Americano Sub 17 vestindo a amarelinha.

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Além da preocupação com uma melhor estrutura para as meninas que querem treinar, o Brasil também tem se mostrado mais atento sobre o preparo mental de suas atletas, destacou Dantas, durante o bate-papo que participamos na Granja Comary.

”Eu tive muita estrutura em casa em relação à saúde mental, mas também tive contato com meninas que não puderam dizer o mesmo. Atualmente, na seleção, temos contato com coachs e terapeutas que nos ajudam a nos preparar mentalmente”, disse.

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