O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebeu a faixa presidencial de um grupo de pessoas que representaram o “povo brasileiro” em Brasília (DF) neste domingo (1º), durante cerimônia em que ele e Geraldo Alckmin (PSB), vice-presidente, assinaram o termo de posse no Congresso Nacional.
Junto com ele, estavam uma criança, um indígena, um negro, uma mulher, um operário e uma pessoa com deficiência. Lula subiu a rampa de mãos dadas com o cacique Raoni, figura reconhecida mundialmente pela luta dos povos indígenas e de proteção à Amazônia e, em seguida, recebeu a faixa presidencial de Aline Sousa, catadora, de 33 anos.
Rede CENTCOOP, no Distrito Federal e, em 2012, foi eleita diretora da Secretaria da Rede. Um ano depois, fez parte do Movimento Nacional de Catadoras, tornando-se articuladora nacional da causa. Super simbólico para este momento, viu?
Ao lado dele ainda estavam Francisco, um garoto de 10 anos, morador de Itaquera, periferia de São Paulo e que é nadador profissional, mas ainda mirim, pelo Corinthians; Weslley Viesba Rodrigues, que é metalúrgico do ABC na região metropolitana de SP – base em que Lula criou o PT (Partido dos Trabalhadores) nos anos 1980.
“Nosso avô Cacique Raoni chega ao Palácio do Planalto como convidado para participar da Posse do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva.” (@PatxonMetuktire ) pic.twitter.com/j9PxQWPfMz
— Mayalú Txucarramãe (@MayaTxucarramae) January 1, 2023
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Fizeram parte do ritual também Murilo de Quadros Jesus, professor de português, Jucimara Fausto dos Santos, cozinheira que ficou dez meses na Vigília Lula Livre, em Curitiba, assim como Flávio Pereira, artesão, além de Ivan Baron, influencer jovem na luta anticapacitista. Ao lado deles também estava a cadelinha Resistência, adotada também na Vigília Lula Livre.
Vem aí pic.twitter.com/5gP1ys4Adn
— Ivan Baron 🦯 (@ivanbaron) December 29, 2022
A gente te contou hoje mais cedo que o ato ocorreria hoje no Palácio do Planalto, após o petista ser empossado pelo Congresso Nacional com direito a desfile na Esplanada dos Ministérios, assinatura do termo de posse, discurso de Lula e de Rodrigo Pacheco, presidente do Congresso Nacional.
Toda a cerimônia de passar a faixa aconteceu de forma inédita hoje. Isso porque normalmente ela é passada de presidente para presidente. Mas Jair Bolsonaro (PL) se recusou a passar a faixa para seu sucessor neste rito democrático. O ex-presidente embarcou na sexta-feira (30) para os Estados Unidos para passar a virada do ano por lá.
Desde que Bolsonaro sinalizou que não participaria da posse, houve dúvida e especulação de como seria a cerimônia. Existia a possibilidade dela ser passada de Pacheco a Lula, mas a opção simbólica de um grupo diverso entregar a faixa ao presidente eleito prevaleceu – e criou uma imagem histórica e representativa na política brasileira.
Pensado apenas como um símbolo do Poder Executivo, a Faixa Presidencial surgiu por ordem do presidente Hermes da Fonseca em 21 de dezembro de 1910 e deixou de ser passado dez vezes na história republicana do Brasil, seja por morte, pela ausência da cerimônia de transferência ou impedimentos para tomar posse – a exemplo do período da ditadura militar.
Nas redes sociais, comentários elogiosos foram feitos sobre os discursos do atual presidente e sobre a atitude de trazer representantes para subir a rampa do Planalto junto com ele neste momento.
Quando perguntarem pq votei no Lula se não sou petista, responderei c esse trecho:
Continua após a publicidade“Ao ódio responderemos com amor, a mentira com a verdade, ao terror e a violência responderemos com as leis e suas mais duras consequências. (…) Ditadura nunca mais (…) Democracia para sempre!”
— suzelly fazuelly (@suzellycolli) January 1, 2023
“ontem dissemos ‘ditadura nunca mais’, hoje dizemos ‘democracia para sempre’” — lula
eu tô arrepiada puta que pariu pic.twitter.com/dq5givbPTS
Continua após a publicidade— elô assistindo steloisa (@eloobritto) January 1, 2023
Democracia para sempre! https://t.co/CxKwknZobt
— Simone Tebet (@simonetebetbr) January 1, 2023
A passagem da faixa foi uma dos momentos mais esperançosos nessa cerimônia da posse do Lula. Esperança renovada, vamos lutar! Anistia NÃO (hoje e ontem)!!! (Ps: o Cacique Raoni me matou – estou em prantos!) pic.twitter.com/YqsQARQTMC
Continua após a publicidade— Camila Pierobon (@camila_pierobon) January 1, 2023
Quem é Luis Inácio Lula da Silva?
Lula já foi presidente do Brasil por oito anos. Ele exerceu dois mandatos presidenciais entre janeiro de 2003 e janeiro de 2011. Nascido em Pernambuco, em 1945, o ex-metalúrgico e sindicalista é uma figura conhecida por lutar pelos direitos dos trabalhadores metalúrgicos e participar da formação do Partido dos Trabalhadores (PT), ainda na década de 1980.
O político também foi uma das lideranças do movimento Diretas Já, que lutava pela restituição da democracia no Brasil na época da Ditadura Militar – foi ali que começou sua carreira política, e, após a redemocratização, elegeu-se deputado federal pelo estado de São Paulo.
Em 1986, concorreu à Presidência da República pela primeira vez e, alguns anos depois, em 1989, quando perdeu para Fernando Collor de Mello. Depois disso, concorreu ao cargo de mandatário mais duas vezes antes de assumir a posição de Chefe do Executivo para o seu primeiro mandato em 2003.
Ah, e uma informação importante para contextualizar o momento atual: vitória de Lula corrida à Presidência simboliza uma reviravolta em sua carreira política em meio ao apontamento de casos de corrupção nos anos em que o PT (Partido dos Trabalhadores) governou o país. Inclusive, sua atual candidatura foi pressionada a ter novas medidas para evitá-los.
Mas o ponto é que, em 2018, após denúncias apresentadas na operação Lava Jato, Lula teve a prisão decretada pelo então juiz Sergio Moro e ficou 580 dias preso. Absolvido pela Justiça, ele se tornou apto à retornar à vida política e começou a articular possíveis alianças para concorrer nas eleições deste ano.
Política é assunto de adolescente, sim
E você já sabe: esta foi a eleição mais importante da nossa história recente e a primeira vez que a CAPRICHO se debruçou tanto sobre o este tema, com a nova editoria CH na Eleição.
Em um momento tão complexo, com questionamentos até sobre a legitimidade da urna eletrônica te explicamos porque política é importante, o que é o voto consciente, como usar as redes sociais para falar de política e o quanto seu repost pode, sim, eleger um presidente.
O programa em vídeo #CHnaEleição, apresentado por Bruna Nunes, de 20 anos, da equipe da CAPRICHO, foi ao ar quinzenalmente de abril a novembro deste ano, em todas as redes sociais da CH com a premissa de te aproximar de um assunto que parece ser difícil, mas que diz respeito à vida de todos nós, jovens. Você pode revê-los aqui.