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“Precisamos nos fazer ouvir e ser vistos”

Honrando sua ancestralidade, Alice Pataxó, de 22 anos, deseja um futuro em que a construção social coletiva é prioridade e cultivada pela juventude.

Por Andréa Martinelli Atualizado em 29 out 2024, 16h06 - Publicado em 10 mar 2024, 06h00
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alar de política não é “chato” para Alice Pataxó. Muito pelo contrário. “Eu tenho sempre tempo e disponibilidade para uma boa discussão política desde que seja com respeito”, contou à CAPRICHO. Isso porque desde muito cedo sua vida é rodeada por esse tema. “A história da minha família é política. Não existia lugar para não sentir interesse, ou para não lutar por mudanças nos lugares onde cresci, aqui, não é só opção ou vocação. É sobrevivência.”

Pataxó cresceu na aldeia Mata Medonha, localizada no Sul da Bahia e seu engajamento cresceu junto com o movimento estudantil da região. Aos 14 anos, ela já era engajada em mobilizações para levar grêmios estudantis para escolas em regiões afastadas.

“Eu comecei a me relacionar com política com a educação, e ela segue sendo o ponto de partida, até porque é através dela que construímos em nossos territórios a pauta de meio ambiente”, afirmou em um papo descontraído com a CH para a edição especial do 8 de março, que celebra o encontro de gerações e o protagonismo feminino.

Hoje, aos 22 anos, ela se divide entre a luta por direitos sociais e políticos, o curso de Direito, a vida pessoal e, claro, os eventos dos quais é convidada – em 2021, ela participou da 26ª edição da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP-26), em Glasgow, na Escócia. Um ambiente super importante para discutir o futuro do planeta, mas também as formas possíveis de cuidar melhor dele no presente.

Alice se consolidou nos últimos anos como uma das vozes mais jovens e potentes do movimento dos povos indígenas – e isso graças ao seu ativismo e às conexões que a internet pode criar. E ela não pensa em entrar para a política institucional, pelo menos por enquanto. Esse lugar, hoje, é protagonizado por Sônia Guajajara, no Ministério dos Povos Indígenas – pasta inédita criada no terceiro mandato do presidente Lula (PT).

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Eu gosto de viver e sonhar mais com o caminho do que com a chegada. Mas para apontar uma grande conquista, sem dúvidas é ver a relevância que meu trabalho alcançou.

 “Eu gosto de viver e sonhar mais com o caminho do que com a chegada. Mas para apontar uma grande conquista, sem dúvidas é ver a relevância que meu trabalho alcançou, de informar, de mobilizar, de fazer nossa a voz ser ouvida. É uma sensação boa de saber que é o caminho certo.”

Por mais que o cenário em relação às mudanças climáticas e ao apagamento das culturas ancestrais de seu povo, ela é teimosa quando ao futuro. “Acredito no poder da democracia, da construção social, da juventude politizada e atenta. Vivo essa realidade no território e acredito nessa mesma realidade sendo possível e justa em nosso país e no mundo”

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