Queremos viver em um futuro pintado por Marina Silva

Deputada federal fala à CAPRICHO sobre o futuro - ambiental e social - que espera para o Brasil no evento #SuperMeninas2022

Por Andréa Martinelli e Maki De Mingo Atualizado em 16 nov 2022, 17h53 - Publicado em 14 out 2022, 06h00
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Rebeca Figueiredo/GirlUpBrasil/CAPRICHO

Deputada Federal recém eleita pelo Estado de São Paulo, Marina Silva é o tipo de pessoa que faz uma sala inteira de jovens mulheres bater palmas de pé. Na última quarta-feira (12) a ativista do meio-ambiente foi uma das principais convidadas do evento #SuperMeninas2022, realizado por nós da CAPRICHO em parceria com a Girl Up Brasil. 

Durante o bate-papo, a deputada reforçou que a mudança não só é possível, como está ao alcance de todos nós, desde que façamos uma única decisão: pelo compromisso ético de fazer as mudanças que ela sabe serem possíveis hoje. 

“Se tem um país que pode ter uma matriz energética 100% limpa é o Brasil”, disse. “A energia solar, eólica, já é mais barata do que a hidroeletricidade. É só investir. Nós já temos as respostas técnicas, o que falta é o compromisso ético com esse novo ciclo de prosperidade.” 

A gente já comentou por aqui sobre a importância da questão climática para a política – tanto que ela tem sido uma pauta quentíssima nas campanhas eleitorais -, e o quanto esse assunto está muito mais próximo da gente do que a gente imagina. 

Para a deputada, é essencial que, nosso próximo governo, exista um movimento importante de fortalecimento do novo sistema nacional do meio ambiente, com um orçamento adequado, o fortalecimento de instituições como o IBAMA e restaurando o Serviço Florestal Brasileiro e a Agência Nacional de Águas como parte do Ministério do Meio Ambiente – atualmente, essas duas instituições foram realocadas para o Ministério da Agricultura. 

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“E vamos fazer com que os cargos sejam ocupados não por policiais, que são ótimos para a defesa civil, mas que não entendem de meio ambiente, mas técnicos para a agenda ambiental”, explicou. 

Marina ainda explica sobre um segundo ponto essencial que pretende defender no Senado Federal, principalmente em parceria com o candidato Luiz Inácio Lula da Silva, caso ele ganhe as eleições presidenciais: recuperar “algo em torno de 12 milhões de áreas [de floresta] que foram degradadas”. 

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Rebeca Figueiredo/GirlUpBrasil/CAPRICHO

“Isso geraria mais de 200 mil empregos, uma arrecadação de mais de 37 bilhões de reais em receitas e uma arrecadação de impostos da ordem de 6 bilhões”, relata. 

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Para ela, esse é um exemplo perfeito da bioeconomia, um conceito que explica o uso da biodiversidade em produtos, materiais, alimentos, cosméticos e remédios do ponto de vista de manutenção da biodiversidade – e não da sua exploração. 

Cadeias produtivas como a do açaí, que segue o modelo de bioeconomia, por exemplo, geram em torno de 300 mil empregos – quase 280 mil vagas a mais do que a Vale do Rio Doce, diz a deputada. 

“É uma nova economia”, continua. “Nós podemos ter uma economia voltada para o turismo. Na Amazônia, podemos ter o turismo científico, de observação, voltado para a questão da experiência vivencial, de território… São muitas modalidades e mantém a floresta em pé. É um novo ciclo de prosperidade.” 

Um futuro reflorestado e, de fato, igualitário

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Rebeca Figueiredo/GirlUpBrasil/CAPRICHO
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Impossível, aliás, estar em uma sala repleta de jovens mulheres e não pensar no futuro do país. É por isso que Marina, ao final da sua fala no evento, fez questão de reforçar a importância de um posicionamento de nível nacional para com a mudança. 

“Eu vejo o Brasil florescendo. Não é essa política de terra vazada, a gente pode voltar a ter protagonismo internacional, e pode fazer isso liderando pelo exemplo – se formos capazes de ter o compromisso ético. A resposta técnica, nós já temos”, repetiu.

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Para ela, é importante também pontuar que é comum ser colocado sobre os ombros femininos a responsabilidade pela casa e os filhos ao mesmo tempo que se cobra delas estudo e espaço no mercado de trabalho. Mas, para as mulheres prosperarem, é necessário estruturas oferecidas pelo Estado para que o desenvolvimento feminino seja possível. 

“Para combater a desigualdade tem que ter completude”, diz. “E uma das coisas que eu aprendi é que o sonho é a matéria-prima mais concreta da vida. Muitas vezes, as pessoas querem nos ensinar a ser pragmáticos, a não sermos sonhadores, essa é uma forma de nos enfraquecer. O sonho é a nossa força, a nossa potência.”

Qualquer um pode fazer qualquer coisa e esse Brasil assim será mudado por todo mundo

Marina Silva

A senadora conta que não foge à regra – ela também é uma sonhadora incurável – e que se tivesse se tornado uma pessoa pragmática e feito um cálculo que ditasse os passos da sua trajetória, ela jamais teria chegado onde está hoje. 

“É o combinado de duas coisas: sonho e trabalho. E lutar para que esse trabalho não seja desigual. Eu entrei por uma fresta, mas não queremos entrar por frestas, a gente quer entrar pela porta”, diz. “Qualquer um pode fazer qualquer coisa e esse Brasil assim será mudado por todo mundo.”

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