Sucesso de ‘Ainda Estou Aqui’ ilumina o quão frágil é a democracia
Afirmação do título deste texto é de Walter Salles, diretor do filme que rendeu o primeiro Oscar da história do Brasil. A gente te explica.

pós ter feito história ao vencer o primeiro Oscar do Brasil, o cineasta Walter Salles, disse acreditar que parte do sucesso de Ainda Estou Aqui durante a campanha para a temporada de premiações norte-americanas e nas salas de cinema por lá, se deve também ao momento atual de crises das democracias pelo mundo – e os Estados Unidos está incluído nessa.
“A gente está vivendo um processo de fragilização crescente da democracia, um processo que está se acelerando cada vez mais. O filme se tornou próximo de quem o viu nos Estados Unidos. Isso explica a maneira crescente com que ele foi abraçado nos Estados Unidos”, compartilhou Salles.
Ele respondia a uma pergunta sobre a crise migratória e a prática das deportações de imigrantes pelo governo de Donald Trump. Por lá, o longa chegou a ser exibido em 762 salas de cinema, acumulando US$ 5,2 milhões no país, cerca de R$ 30 milhões, viu? Ou seja, têm sido um verdadeiro sucesso não só aqui no Brasil, mas lá também.
Ele continuou, respondendo que “o filme ecoa o perigo autoritário que grassa no mundo todo. A gente está vivendo um momento de extrema crueldade, da prática da crueldade como forma de exercício de poder.”
“Estamos no meio disso e é profundamente inquietante. Numa hora como essa, o jornalismo investigativo, a literatura, a música, o cinema, todas as formas de expressão se tornam fundamentais para combater isso. Para trazer uma polifonia democrática.”
E Fernanda Torres está com ele (também) nessa. Ela, que já se transformou até em fantasia de Carnaval e criou um clima de Copa do Mundo por aqui, disse que seu trabalho ao interpretar Eunice Paiva, dá continuidade ao legado de sua mãe.
Eu fico pensando nas crianças que estão vivas hoje, em que filmes eles farão daqui a 50 anos sobre a nossa resistência hoje ao autoritarismo.
Fernanda Torres, em entrevista coletivo após o Oscar 2025