O Desfile Cívico-militar deste 7 de setembro, em Brasília, na Esplanada dos Três Poderes, exaltou símbolos super tradicionais da nossa cultura. Sem discurso presidencial ou palanque político, a cerimônia trouxe as cores dos dançarinos de Frevo, exaltação do Zé Gotinha, além de mulheres do governo, assim como participantes das Forças Armadas.
Entre os militares, José Mucio Monteiro, ministro da Defesa – responsável pelas relações com os militares -, e os principais comandantes das Forças Armadas brasileiras: o comandante do Exército, Tomás Ribeiro Paiva; o comandante da Aeronáutica, Marcelo Kanitz Damasceno; o comandante da Marinha, Marcos Sampaio Olsen.
Ministra Rosa Weber, do STF (Supremo Tribunal Federal) e o senador Rodrigo Pacheco, presidente do Senado Federal, também esteve presente no evento que, neste ano, buscou como slogan a “Democracia, Soberania e União”, viu?
O governo prometeu que alguns dos símbolos da democracia e cultura brasileira seriam retomados e, sim, aconteceu.
Além dos que já citamos, o secretário de Comunicação, Paulo Pimenta, informou à imprensa que “os símbolos oficiais, como a Bandeira do Brasil e o Hino Nacional, que sempre foram de todos nós e que contam nossa história”, seriam valorizados e que “exaltar esses símbolos nacionais é fundamental para reavivar o que está na Constituição brasileira.”
Outro ponto importante é que, este ano, o desfile será dividido em diferentes eixos temáticos que vão reforçar as mensagens que o atual governo Lula defende: “Paz e Soberania”, “Ciência e Tecnologia”, “Saúde e Vacinação” e “Defesa da Amazônia”.
Tanto que o Zé Gotinha – símbolo esquecido nos últimos anos – desfilou em cima de um carro do Corpo de Bombeiros do DF e foi aplaudido pelo público, dá só uma olhada:
Um herói nacional está de volta no Sete de Setembro: o Zé Gotinha 💧 pic.twitter.com/VItQ1NUejI
— Jeff Nascimento (@jnascim) September 7, 2023
E o que dizer os dançarinos de Frevo e às homenagens à bandeira? A @nathinhaaa registrou tudo no TikTok:
@nathinhaaa Desfile do 07 de setembro, Brasília 2023 #brasilia #cotidiano #independencia #7desetembro #desfilecivico
E diferente dos últimos anos, junto ao presidente da república foi possível notar um número maior de mulheres. Isso porque, no atual governo, temos seis ministras. Entre elas, Simone Tebet (Planejamento), Anielle Franco (Igualdade Racial), Marina Silva (Meio-Ambiente), Sonia Guajajara (Povos Originários), Cida Gonçalves (Mulheres) e Margareth Menezes (Cultura).
O presidente também foi cumprimentado e posou para fotos com os principais representantes das Forças Armadas, passando imagem de união e colaboração.
Um esquema tático de segurança e uma forma de amenizar os ânimos, tão inflamados por conta da última eleição presidencial. É importante considerar também que já foram anunciados atos tanto de apoiadores e simpatizantes do petista quanto dos apoiadores de Bolsonaro, que este ano foi considerado inelegível até 2030.
Mas, CAPRICHO, como foi no ano passado?
No ano passado, Jair Bolsonaro gastou uma fortuna dos cofres públicos para, dentre outras coisas, levar o ato de 7 de setembro para a praia de Copacabana no Rio de Janeiro. Por lá, o evento costuma acontecer no centro da cidade, e a mudança foi considerada uma tática para “causar” mais na cidade, além de garantir a reeleição (o que não aconteceu). Em 2023, porém, o evento voltou a acontecer no lugar de origem.
Quando a gente fala em feriado da Independência… bate um sentimento esquisito por aí também? Pois é, nos últimos quatro anos, no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, parte da população viveu com entusiasmo e excitação essa data – que passou a cultuar o militarismo e serviu de plataforma política – enquanto um outro lado sentia decepção e estranheza.
Aconteceu o mesmo com a camiseta da Seleção Brasileira – usar a blusa verde e amarela virou um símbolo de apoio às agendas conservadoras e, ainda hoje, é estranho considerar usar o uniforme tão famoso do nosso futebol, mas há tentativas de ressignificar alguns dos símbolos nacionais como este.
Nos anos anteriores, incluindo os anos de pandemia, com a conexão de Jair Bolsonaro com os militares, as falas controversas sobre golpes militares e fechamentos do Congresso Nacional, o Dia da Independência se tornou uma data comemorativa para os chamados “golpistas” – pessoas que apoiavam os ideais bolsonaristas e concordavam com a volta da ditadura militar.
No dia, além do tradicional desfile que acontece anualmente em Brasília, o país era tomado por protestos que defendiam ideias antidemocráticas, que iam de pedidos pelo fechamento do Congresso Nacional, ao fim do Supremo Tribunal de Justiça e à tomada do governo pelos militares.
Os eventos que levaram a essa ressignificação do 7 de setembro se concretizaram no dia 8 de janeiro deste ano, quando opositores de Lula invadiram e vandalizaram as sedes dos Três Poderes. Não à toa, o Supremo Tribunal Federal decidiu manter o mesmo esquema de proteção desenvolvido durante o governo Bolsonaro para os atos deste ano, em uma forma de se proteger contra eventuais manifestantes antidemocratas, viu?