Brasileira de 16 anos cria canudo biodegradável com material baratinho

Maria Pennachin vai apresentar sua invenção em feira no exterior. Chega de plástico!

Por Isabella Otto Atualizado em 12 jan 2019, 10h02 - Publicado em 12 jan 2019, 10h02

“Eu vou usar o que, então?” Essa era uma das perguntas que Maria Pennachin, de 16 anos, mais escutava dos amigos quando dizia para eles não usarem mais canudinho plástico. Uma pergunta bastante pertinente, diga-se de passagem, já que faltam opções no mercado. “Canudos de vidro, bambu, inox e papel são mais caros mesmo e, como não há lei no estado de São Paulo que regulamente sua utilização, a substituição do plástico ainda não vale a pena para as empresas. Mas é extremamente necessário que esse tema seja divulgado, pois os canudos são pequenos e parecem banais, mas, assim como bitucas de cigarro e papeis de bala, fazem um estrago danado no meio ambiente“, garante a jovem que está no 2º ano do ensino médio.

À esquerda, o BioCanudo da Maria, que, à direita, posa para foto durante a FECECIT. Reprodução/Reprodução

Maria sempre foi muito ligada ao meio ambiente e sempre gostou de estudar alternativas para minimizar os estragos humanos sobre a natureza. Contudo, foi só quando viu um vídeo em que uma tartaruga marinha é resgatada com um canudinho entalado no nariz que resolveu agir. No dia 31 de maio deste ano, criou as redes sociais do BioCanudo. No mês seguinte, o primeiro protótipo do projeto saiu do forno. “Eu já queria começar um trabalho de pesquisa, então juntei o que me incomodou, que, no caso, foi o vídeo, com minha vontade de colocar a mão na massa”, explica.

A estudante aproveitou uma matéria que tem na escola de período integral, chamada Eletiva, em que treina para a profissão que quer exercer no futuro, para desenvolver o projeto do canudinho biodegradável. Depois de alguns testes, ela encontrou a solução em um ingrediente baratinho, que pode ser encontrado na feira: o inhame. “Quando comecei a desenvolver o bioplástio, eu precisava colocar algum amido na massa e, como eu já mexia com inhame na cozinha de casa, achei interessante acrescentá-lo nos testes, já que ele solta uma baba interessante quando mexemos com ele”, conta Maria, que pretende cursar Engenharia Ambiental na faculdade, mas também não descarta a possibilidade de fazer Biologia.

O inhame é responsável por dar à mistura essa aparência maleável que permite ser moldada facilmente. Essa massinha rosa se transforma no canudinho na foto à direita. Legal, né? Reprodução/Reprodução
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A adolescente, que mora em Campinas, conta que, na cidade, o quilo do inhame varia de R$ 4 a R$ 6. Em alguns lugares do Nordeste do país, ele sai por R$ 2. Como pretende produzir um dia o BioCanudo em larga escala, o mais barato se torna também mais comercial. “Quero ainda lançar uma linha vegana, com gelatina de alga, e uma infantil, com mais açúcar e uma aparência mais divertida”. Orgulho da escola e da família, Maria Pennachin ganhou o 1º lugar na FENECIT, feira de ciências do Nordeste. Prêmio garantiu à aluna uma vaga em uma feira expositiva em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes, em 2019.

Maria ao centro, rodeada de colegas da escola que também participaram da feira no Nordeste. Reprodução/Reprodução

Quando questiona sobre o futuro, Maria sonha alto, mas com os pés no chão: “gostaria de ver o BioCanudo sendo produzido em uma escala industrial e depois ver as pessoas usando ele com consciência e com a ideia de que a substituição que ele trouxe faz parte também de uma reaprendizagem ecológica extremamente necessária, porque ou medidas como essa são tomadas ou precisaremos nos mudar de planeta“. Para aperfeiçoar o projeto e levar a ideia para fora do Brasil, contudo, a estudante e sua escola estão procurando patrocínio, já que a vaga na feira internacional está garantida, mas precisa de ajuda para custear a viagem.

Meninas que mudam o mundo, ideias que salvam o mundo! <3

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