Nova década já começa com mulheres dominando o universo nerd

Sabe o quão icônico é isso?

Por Isabella Otto Atualizado em 2 jan 2020, 11h02 - Publicado em 2 jan 2020, 10h02

As pessoas já estão celebrando a chegada da nova década, na internet e fora dela. Não é difícil encontrar gente nas ruas desejando “boas festas” e terminando as felicitações com um empolgado “nos vemos na próxima década!”. Apesar de alguns especialistas afirmarem que ela só começa efetivamente na Virada de 2021, o pique parece ser outro. E, bem, sendo assim, é momento de comemorar em dobro, porque a nova década, comece ela agora ou só daqui 12 meses, se inicia com mulheres fazendo história no cinema e, o que ainda mais delicioso, no universo nerd!

Patty Jenkins e Gal Gadot em estreia de Mulher-Maravilha. Getty Images/Getty Images

Entre os anos de 2007 e 2016, dos 1.223 diretores envolvidos em projetos analisados por pesquisadores da Universidade do Sul da Califórnia, nos Estados Unidos, apenas 4% deles eram do sexo feminino. Ou seja, uma média de 48 mulheres para 1.223 homens. Esse levantamento, apesar de analisar a parte de um todo, retrata o cenário cinematográfico de Hollywood e do mundo. Na China, por exemplo, não é muito diferentes e cineastas precisam encontrar maneiras de driblar o machismo estrutural na profissão e na sociedade. “Nós não podemos espalhar nenhuma informação por meio da mídia tradicional ou grande veículos das novas mídias, que são todos controlados ou censurados pelo governo. Mas o cinema é uma boa maneira de dar destaque às questões sociais”, contou Li Dan, fundador do Festival de Cinema de Mulheres da China, em entrevista à Harriet Constable, da BBC Culture, em julho de 2019.

O festival, além de destacar produções realizadas por mulheres, mostra que muitos bons conteúdos existem, mas não têm espaço em um meio dominado por homens. Mas o cenário está mudando! “Costumava ser sempre Batman, Super-Homem… homem, homem, homem. É encorajador ver que filmes como Mulher-Maravilha, que vem de de Hollywood, ajuda o público a exigir uma maior variedade de histórias”, revelou a chinesa Nicola Fan, famosa diretora criativa, na mesma entrevista para a BBC Culture. No Brasil, aos poucos, o jogo também está virando. São nomes como Marina Person, Cris D’Amato, Monique Gardenberg, Fernanda Torres, entre tantos outros. Contudo, talvez o cinema direcionado ao público nerd ainda seja o que encontra maior obstáculo, já que, durante décadas, super-heróis ditaram as normas e o que funcionava ou não nas bilheterias do mundo todo. Coisa boa então é saber que a nova década começa de maneira diferente!

Das seis das principais estreias de 2020, 4 são inspiradas em HQs, trazem histórias de super-heroínas e são dirigidas por mulheres. Estamos falando de Aves de Rapina, comandada por Cathy Yan, que traz no elenco 5 velhas conhecidas da DC Comics, como Arlequina, interpretada por Margot Robbie, Canário Negro, interpretada por Jurnee Smollett-Bell, Caçadora, por Mary Elizabeth Winstead, Cassandra Cain, por Ella Jay Basco, e Renee Montoya, por Rosie Perez. Um filme criado por mulheres, feito por mulheres e, apesar de soar mais atraente para o público feminino, por causa da emancipação feminista das personagens, é para todos. A estreia de Aves de Rapina está prevista para fevereiro.

Continua após a publicidade

“Ninguém faz isso melhor do que as Aves de Rapina.” Reprodução/Reprodução

E o que falar de Mulher-Maravilha 1984? O hype é real! Aclamado por uma multidão na CCXP19, a sequência da saga, dirigida por Patty Jenkins, tem como protagonista a super-heroína interpretada por Gal Gadot. “É claro que Mulher-Maravilha é feminista(…) Acho que as pessoas se enganam sobre o que é feminismo(…) É tudo sobre igualdade e liberdade, e [mulheres] escolhendo o que querem. Se são os salários, então que sejamos pagas igualmente com relação aos homens. Não são homens contra mulheres ou mulheres contra homens”, disse Gal em 2017 em entrevista à revista Entertainment Weekly. A estreia de Mulher-Maravilha 1984 está prevista para junho.

Ainda temos a Viúva Negra, interpretada por Scarlett Johansson, cujo filme de mesmo nome é dirigido por Cate Shortland, e o longa de super-heróis Os Eternos, que tem Chloé Zhao na direção. E não dá para falar em personagens femininas fortes e guerreiras sem citar Mulan, né? O live-action da Disney, previsto para estrear no Brasil em abril, traz Liu Yifei na pele da personagem clássica do conto de fadas e Niki Caro à frente da direção. Vale destacar que outra saga de animação de sucesso da Disney, Frozen, também tem uma mulher na direção, Jennifer Lee, que atua junto com Chris Buck.

Continua após a publicidade

Como diz o subtítulo de Aves de Rapina: “Arlequina e sua Emancipação Fantabulosa”. São tempos sombrios para o machismo, no cinema, no universo nerd e no mundo. Já não era sem tempo! E que a luta “fantabulosamente feminista” continue em todas as novas décadas. 

Publicidade